Páginas

terça-feira, 3 de abril de 2012

Quando uma casa morre - Autora: Anabailune

Uma casa é como um ser humano, ao ser abandonada: aos poucos, começa a morrer. Parece que não faz muita diferença, ter alguém tirando o pó, capinando o mato, caiando as paredes; mas no exato momento em que as portas e janelas são fechadas, quando deixada vazia por muito tempo, a casa começa a morrer.

Certa vez, alugamos uma casa na praia, que estivera fechada por algum tempo, já que era apenas o início da primavera. Ao abrirmos a porta, deparamos com as teias de aranha, mofo, muita poeira e folhas secas no chão. Ficamos desanimados, mas após abrirmos as janelas e darmos uma boa arrumada, a casa pareceu acordar e criar vida. Alguns gatos da vizinhança se achegaram, e nós colocávamos comida para eles. De dentro da casa, sons de música, cheiro de coisas deliciosas cozinhando, conversas e risos.

À noite, nós no quintal. Logo, a casa parecia participar dos acontecimentos dentro dela. Porque toda casa tem alma! E quando alguma coisa ruim aconteceu dentro da casa, como uma briga por exemplo, dizem que é bom queimar um bulbo de cebola no ambiente, para dispersar as energias negativas. Alguns, fazem uma oração ou queimam incensos.

Nas minas de carvão, é proibido aos trabalhadores levarem cebolas para o almoço, pois a cebola tende a absorver os gases ruins dentro da mina, tornando-se contaminada e prejudicial à saúde.

Certa vez, quando eu era criança, fomos passar uns dias em Cabo Frio - toda a minha família. Ficamos fora apenas alguns dias. Alguém ia até a nossa casa alimentar os animais, mas acho que a pessoa esqueceu-se de abrir as janelas de vez em quando. Quando voltamos, o mato tinha crescido até a altura da cintura, e algumas das coisas dentro da casa estavam mofadas...

Uma casa gosta de ser cuidada. Precisa ter suas janelas abertas todos os dias, para que o ar fresco possa penetrar. Precisa ter seus vazamentos consertados, o gramado aparado, as paredes limpas ou pintadas. É preciso que alguém a varra de vez em quando e remova as teias de aranha.

Mas nós também somos assim! É gritante a diferença entre uma pessoa que se cuida e de outra que diz 'não ligar' para a aparência. É impossível não perceber uma certa luz na pele da pessoa que se ama e se cuida bem. Somos as casas de nossas almas... e moramos em casas que abrigam nossos corpos. E por mais que nosas casas sejam simples, é essencial que cuidemos bem delas.


Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ

Blog da autora: http://ana-bailune.blogspot.com.br/

Blog: Ana Bailune - Liberdade de Expressão
Postagem: Face
Link: http://ana-bailune.blogspot.com/2012/03/face.html

Powered by Blogger
http://www.blogger.com/


Publicação autorizada através de e-mail de 08/01/2012

8 comentários:

  1. NOSSA QUE TEXTO LINDO E REAL !!!

    ESSES DIAS AINDA FALEI SOBRE UMA CASA QUE PASSO EM FRENTE SEMPRE

    QUANDO EU ERA MENINA PASSAVA EM FRENTE A ESTA CASA E TINHA MUITA GENTE ..CRIANÇAS JOVENS SENHORES. SENHORAS UM BARULHO DE FELICIDADE UM SENHOR SEMPRE LENDO SEU JORNAL, NA VARANDA.
    O TEMPO PASSOU E DE FERIAS EU VINHA ATE MINHA CIDADE NO INTERIOR DE SP E EU COMECEI A NOTAR A CASA FICANDO VAZIA ...POR FIM NA ULTIMA VEZ QUE OLHEI PARA A VARANDA VI SOMENTE UMA SENHORA DE OLHAR LONGE E TRISTE SOZINHA E UMA SENHORA QUE PARECIA UMA ENFERMEIRA DO LADO DELA.
    VOLTEI A MORAR AQUI NA MINHA CIDADE DEPOIS DE 25 ANOS FORA E A CASA ESTA VAZIA ...AS PLANTAS TRISTES O QUINTAL CHEIO DE MATO OS MUROS AMARELOS ..
    E EU LEMBRO DO CENARIO DE ANTES ME DA UMA PENA ..DE PENSAR QUE ALI TUDO ERA TÃO COLORIDO E FELIZ.

    ACREDITO EU QUE AS CASAS TEM MESMO ALMA E SABE A ALMA DESSA QUE VEJO TODO DIA PELA MANHÃ ESTA MUITO TRISTE ..

    ADOREI SEU TEXTO LINDO DE VIVER ..

    BOA NOITE

    OTILIA CRISTINA LINS DE QUEIROZ.


    PS ESSE BLOG É DE RECIFE?

    MINHA FAMILIA É TODA PERNAMBUCANA .

    ResponderExcluir
  2. Olá Otília. Lindo e oportuno o seu comentário. A autora vai ficar feliz ao ler o seu relato. Aposto que sim! Olha, sou o administrador do blog. Diria que o blog é do Recife, afinal, Recife e Olinda são irmãs. Moro em Olinda e trabalho no Recife. Um abraço e volte sempre ao blog. A Anabailune é super talentosa e querendo o acesso ao blog dela, é só probular na lista de blogs localizada no canto esquerda da sua tela ... título: Ana bailune - Liberdade de expressão.

    ResponderExcluir
  3. Gostei do seu texto, Anabailune. Estou passando uns dias na casa que foi dos meus pais, (já faleceram) na cidade de Custódia no sertão pernambucano. A casa estava fechada e realmente, com todos os "sintomas" que descrevesse tão bem em sua crônica. Dei uma sacudida nela e hoje ela já sorri. Abraços

    ResponderExcluir
  4. Maravilha de texto. Sorte a minha de ter encontrado minha escritora/poetsia preferida...

    ResponderExcluir
  5. LINDO LINDO LINDO.......... TÃO LINDO ASSIM , SÓ AQUI !!! olguinha costa...

    ResponderExcluir
  6. Obrigado pelo comentário em meu texto ... aliás, muito inteligente.

    ResponderExcluir
  7. Romântica, terna e real...sabe que nunca tinha pensado nisso, na morte de uma casa...Parabéns por transportar-me sem forças pelas mãos rebeldes que ainda tenho e fazer sentar-me na poeria de sua casa que morreu. Maravilha! Um abraço,

    ResponderExcluir
  8. "Somos as casas de nossas almas... e moramos em casas que abrigam nossos corpos"; basta para sacralizar a reflexão. Uma casa em ruínas é como um corpo em abandono, por denro tudo são sombras. Parabéns, como sempre, sobreexcelente como descrição de um fato evidente e como imagem do ser humano. Abr. Celso

    ResponderExcluir