sábado, 26 de setembro de 2015

Você já viajou de avião?

Autora:Ana Bailune


Minha primeira viagem aérea foi bem tardia: eu já tinha vinte e nove anos, e foi um voo para Salvador, Bahia. Meus sonhos, naquela época,  eram conhecer Salvador e viajar de avião, e acabei realizando os dois ao mesmo tempo.

Já tinha ouvido falar em turbulência, mas como nunca tinha enfrentado uma, não fiquei assustada quando, a certa altura (literalmente), o avião começou a chacoalhar mais do que os ônibus da Viação Esperança aqui de Petrópolis. Eu estava lendo, e lendo eu continuei. Até que levantei os olhos, após ouvir a advertência do piloto para que continuássemos em nossos lugares, e vi que o cara da poltrona à direita da minha estava suando frio, e de olhos fechados. Uma mulher idosa dedilhava um terço. Pensei: 'Será que é para eu me preocupar?"

Perguntei ao meu marido, que já era veterano em viagens aéreas, o que estava acontecendo, e ele me falou que estávamos passando por uma turbulência daquelas! Daí, eu pensei: "Se o avião cair, nem dará tempo de dizer: 'Ih! Morri!' E se ele não cair, de nada adiantará pagar o maior mico." Assim, voltei à minha leitura.

Meu marido, nervoso, perguntou-me: "Isso é hora de ler? Afinal, que livro é esse?" E eu: "É um livro sobre reencarnação."

Nem preciso dizer que ele quase comeu meu fígado...

A segunda situação periclitante dentro de um avião, foi quando chegávamos ao Rio, vindo de Natal, e ao invés de pousar logo, o avião ficou sobrevoando o aeroporto por mais de uma hora em uma tempestade, à noite, antes de receber autorização para pousar. A toda hora  ouvíamos o trem de pouso sendo baixado e sendo novamente erguido.

Os passageiros começaram a conversar entre si, perguntando o que poderia estar acontecendo. As comissárias apenas pediam que permanecêssemos calmos em nossos assentos. Lá fora, víamos os clarões dos relâmpagos, e a chuva escorrendo no vidro.

Finalmente, pousamos sem nenhum problema.

Eu descobri que não tenho tanto medo da morte quanto eu pensava que teria. Além disso, morrer de acidente de avião é bem mais chique do que numa batida de um Fusca contra uma árvore ou poste. Mas se um dia eu for morrer durante um voo, espero que esteja voltando de Paris. Já pensou, que legal, meu nome sendo lido no Jornal Nacional, em horário nobre? E voltando de Paris?!



Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ

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Um comentário:

Maria Mineira disse...

Bom dia, Ana. Esse seu texto eu não havia lido. Gostei muito! Muito legal sua maneira de lidar com a situação. Eu, no tal avião ia dar o maior vexame, tenho certeza que iria até querer saltar sem para quedas, rsrsrs.