sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Unha de gato

Autor: Carlos A Lopes
 
Quando falei minha idade o jovem médico se calou, pensou por alguns segundos me observando dos pés a cabeça. Ele parecia querer que eu lhe dissesse algo antes de se pronunciar. Eu mordia os lábios, torcia as mãos suspirando, mas nada me surgia senão gabar-me, contando de um vizinho da minha idade tentando recuperar o fôlego entre um andar e outro do edifício onde me hospedei. No fim de algum tempo, o doutor sorriu ironicamente, e demonstrando superioridade levantou a sobrancelha exibindo seus olhos amendoados. Nesse momento eu já sentia o som da minha delicada estrutura se esmigalhando.
— Seu Aderbal, as pessoas da sua idade que aparecem aqui, soltam baba, não interagem e muito menos entendem o que digo.
Fomos interrompidos pelo barulho da porta atrás de mim, quando entrou um indivíduo todo de branco. Insensível a minha presença, perguntou o que fazer com um paciente que se dizia curado após ingerir o chá de uma planta com propriedades medicinais. Segundo disse, o paciente voltou a urinar sem dificuldades.
Enquanto falavam, observei o quase roçar do seu jaleco em mim, isso me fez lembrar o curso que fiz para aplicador de injeção. Fui infeliz no meu primeiro serviço, pois, o paciente foi esmorecendo e desmaiou aos meus pés. Dias depois, uma urgência me fez aplicar uma injeção e a criança nasceu minutos depois. Nem preciso dizer que fiquei consagrado na região, apesar do meu treinamento ter se resumido a enfiar a agulha da seringa cheia de água numa laranja.

— O senhor tem um coração de menino. Nas suas taxas, controle a glicose e o triglicerídeo.

— Eu nem sei por que estou aqui, doutor.

Senti um vazio dentro de mim ao ver o médico ensacar os exames no enorme envelope da clínica onde me mandaram fazer exames. Aquilo tudo parecia embrulhar mais ainda o meu estômago.

— Posso tirar uma foto sua, para mostrá-lo aos médicos de cabeça branca?, disse já de pé e posicionando o seu aparelho celular.

Deixei-me fotografar com a sensação de quem não havia produzido nada de útil naquela manhã. No entanto, aquele hospital era um velho conhecido, local onde padeci no meu tempo de militar.
 
Era o dia 25 de outubro de 1948 quando fui socorrido no Hospital de Pesqueira. O motorista do veículo em que viajava cochilou no volante e o caminhão desgovernado caiu da ribanceira. Das quatro pessoas que estavam na carroceria duas morreram. Saí com a perna “esbagaçada” por conta de um tonel que por pouco não me tirou a vida. Fui levado às pressas ao hospital.

Depois de onze dias de muito sofrimento me enviaram de trem com destino à Recife. No Hospital do Derby sofri muito, principalmente depois que me engessaram a perna. Doía, coçava e queimava o tempo inteiro. À noite eu não conseguia dormir. Quando não suportava mais, abriram o gesso e descobriram que o tecido da minha perna havia apodrecido. Depois de tratado e o gesso reposto, dormi por três dias seguidos.

Apareceu por lá um médico alemão e disse que a minha perna havia sido engessada com o pé torto. O gesso foi retirado e a anestesia aplicada não fez efeito em mim. Fui amarrado na cama e sem poder reagir, tive a perna quebrada como se fosse um pedaço de pau enquanto suava e gritava de dor.

Nunca sofri tanto em minha vida. Nos dias que se seguiram, eu tive exata impressão de que qualquer coisa que se movia ao meu redor me fazia doer a perna.

— Tempo atrasado aquele... Como veio parar na capital?

É uma longa história, mas vou lhe contar um pedaço. Era o início do ano de 1941, eu tinha a idade de dezessete anos e seis meses. Lembro-me por ter sido de boa invernada, quando depois da recusa do meu pai em ceder-me um pedaço de terra sem significado, era chegada a hora de deixar minha terra. 

Um dia de feira em Tabira, soube que haveria alistamento para a Polícia, na cidade de Sertânia. De imediato comprei uma mala e voltei a Solidão com o utensílio na lua da sela do cavalo. Ao chegar a Sertânia, fomos alojados no quartel e pelo chão cimentado todos se ajeitaram.

Pela manhã obtivemos os documentos e sentia estar próximo o alistamento. Já noite ouvi uma sanfona tocar: "Lá no olho do pau tem um ninho e isto é armação de comadre seriema..." Perguntei:

— Onde será aquela dança?

Alguém disse que a música vinha de um cabaré nas proximidades. Com mais dois outros desmantelados, seguimos o som do fole da sanfona. Nunca tinha visto uma coisa daquelas! Tinha putas quebrando para todos os lados. Isto é um inferno, pensei. Vou entrar no meio!

Uma morena de olhar agateado perguntou:

— Filho de onde você veio?

Disse-lhe que vim sem rumo e cairia pelas bandas do Recife. “Vamos lá e vem pra cá.” O suor escorria salgando a pele da morena e o seu cheiro entrava pelas minhas ventas de maneira intensa e gostosa. Lá pelas duas da madrugada a mulher perguntou se não gostaria de ir aos seus aposentos. "Só se for agora", respondi.

A esta altura eu estava cheio de cachaça misturada com Zinebra, o guaraná da época. Quando cheguei ao quarto quase caí de costas. Não tinha nada que se aproveitasse. Além de uma mesinha e um candeeiro velho, só o chão batido e empoeirado...

No outro dia amanheci todo sujo de terra. Ao chegar ao quartel, só ouvi um grito:

— Vai tomar banho!

Depois de asseado, começou aquele negócio de vai para lá e vem para cá. Chegada a minha vez perguntaram de onde vim.  Não tive dificuldade de citar minha procedência. Eu era uma “marra de homem.” Pediram que abrisse a boca e examinaram meus dentes e com expressão de satisfeitos me encaminharam para outros exames.

Algum tempo depois fui lembrado numa lista de uns trinta nomes dos homens que seguiriam para o Recife. Ainda chamaram mais uns oitenta e dispensaram o resto. Fiquei de alma aliviada.  Já no quartel e de banho tomado, contei meu apurado e constatei haver restado pouco dinheiro, mas estava satisfeito.

Para minha surpresa, chegou uma ordem de última hora, que, ninguém poderia sair à noite, pois o trem ia partir às cinco da manhã, mas eu precisava me despedir do “sertão”.  Havia uma pequena porta nos fundos do quartel e iria escapar por lá. Todos se deitaram cedo e havia dois soldados como vigias. Quando o primeiro caiu no sono, saí pela portinha e desapareci na escuridão. Ao chegar ao cabaré fui logo dizendo:

— Minha morena, vim me despedir!

Quatro horas da manhã, já no quartel,  ouvi o grito:

— Levanta mundiça!

Naquele tempo ninguém tinha educação. Em poucos minutos todos estavam de pé. O trem chegou apitando no horário anunciado. Fomos jogados dentro de um vagão como animais. Quando chegamos a Arcoverde, apareceu um menino vendendo sanduíche gritando:

— Olhe o sanduíche de galinha!

Logo que o garoto se aproximou da minha janela pedi um. E haja o menino a gritar para vender o seu produto. Quando o trem apitou o garoto disse:

— Moço, o dinheiro!

Respondi:

— Adeus meu amiguinho, eu vou ser soldado!

A esta altura confesso que estava bem alimentado e por algumas horas minha barriga ficaria em paz. Agarrei no sono enquanto o trem lentamente me levava em direção à capital do estado. Vez por outra acordava e observava um ou outro colega a conversar, logo voltava a dormir. Pouco me importava quanto tempo ainda levaria a viagem. Despertei do sono em Caruaru com o intenso movimento das pessoas na estação. Olhei pela janela e vi um número grande de vendedores. Uns vendiam umbus, outros tapiocas ou abacaxi. Nada daquilo me atraia.

Uma velhinha despertou meu interesse ao aproximar-se da janela e ofereceu pão com carne. Perguntei quanto custava aquilo:

— Quatrocentos réis!

Vendo minha indefinição, reforçou:

— Tem carne dentro, filho!

Simulei escolher entre um ou outro, quando o trem deu o sinal de partida, olhei-a nos olhos e sentenciei:

— Adeus minha velhinha! O seu pão com carne vai comigo!

A coitada colocou os pertences no chão e gritou com todo o ar do pulmão:

— Infeliz, tu vai morrer de dor de barriga!

Tive tempo de responder:

— Não quero saber se cago por cima ou por baixo, vou é tocar “vialejo” no seu pão com carne.

Na nossa chegada, descemos um atrás do outro. Um pouco mais de tempo e chegaram umas "sopas" vermelhas, que pareciam "uns chofreus." Pensei: ¨Seria tudo isto para nos conduzir até o quartel do Derby? ¨ Eu já estava com uma fome danada e começava a sentir dor de barriga.

— Desculpe seu Aderbal. Não seria o tal pão com carne da velhinha, disse o médico a sorrir.

— Os solavancos do trem misturado com a banha do preparo, podia sim, porque não?

— Uma vida e tanto a sua, Seu Aderbal. Voltando ao seu caso. Vamos fazer o exame retal, para avaliar as condições internas do reto? É importante para o diagnóstico de diversas doenças, entre elas, o câncer de próstata.

    Foi só um quase nada de sangue, doutor!

Houve um longo silencio, seguido de outro silêncio, desta vez constrangedor, pela parte de Aderbal.

Agora a pouco, lá fora, perguntei a minha esposa se ela se lembrava de quando eu tinha vinte e poucos anos. Disse isso enquanto percorria com o olhar toda extensão do beiral do quartel. Senão pelas tantas construções ao redor da Praça do Derby, tudo parecia igual há setenta anos, quando saí desse palacete na condição de soldado aposentado por invalidez e em seguida casei. Agora lhe pergunto:

— Como olhar nos olhos dela, dos filhos e dos amigos depois do constrangimento?

O médico me olhava em silêncio.

— Vamos fazer o seguinte, doutor:

— Diga, Seu Aderbal:

— Lembra-se daquele sujeito de jaleco branco que entrou na sala andando igual um sabiá? Pois bem, lá na minha terra tem a tal planta que curou o homem ao qual se referiu. Vou preparar e tomar o remédio, todos os dias, religiosamente...

— Espere Seu Aderbal. A coisa não é tão feia quanto o diabo pinta. Se me deixar fazer o exame pode evitar dor de cabeça daqui a algum tempo. Deixa explicar direito para o senhor...

Interrompi o doutor e levantei dali com uma baita pressa, acho que era mesmo medo dele me convencer ao contrário, macho que é macho, foge às léguas.

— Carece explicar não. O senhor conhece aquele ditado “pimenta nos olhos dos outros não arde”?

— Pois então Seu Aderbal, tem um outro que diz “o que arde, cura”.

— Só volto aqui depois de testar a tal raiz unha de gato e se não der certo, aí então venho experimentar da sua pimenta. Então, até mais ver doutor!

Autor: Carlos A Lopes
Olinda - Pernambuco

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O ancião


Autora: Michele Callari Marchese
 
Ninguém sabia a idade do Licurgo e desconfiavam que nem ele sabia ao certo, mas todos tinham certeza absoluta que ele já tinha passado dos cem há muitos anos atrás. Lembravam porque uma filha perdida e já morta levou-lhe um bolo para comemorar o centenário e convidou alguns vizinhos para participarem da festa porque o velho morava só.

Pois aconteceu que o Licurgo ficou doente das pernas, sentia câimbras resolutas a lhe podarem os movimentos e necessitou – muito a contra gosto – que alguém viesse lhe cuidar. Pediu ao Padre Dimas se ele conhecia alguém de preferência mulher e que pudesse ficar lá até que melhorasse, e o Padre lhe respondeu que teria que conversar com as mulheres do apostolado e que depois lhe daria resposta.

Numa manhã a Dona Gerusa bateu na porta da casa do Licurgo e ouviu um grito de “entre” que a fez dar um pulo para trás. Quando se apresentou pediu-lhe desculpas porque tinha esquecido que ele não poderia atender e se atrapalhou toda diante do olhar lascivo do velho. Quase se arrependeu de ter ido lá ajudar, mas com uma suspirada de ar mortífero, pensou que diante das outras ela havia se comprometido com aquela missão.

Ao Licurgo lhe agradaram as formas da Dona Gerusa fartas para pegar aqui e acolá e pediu de supetão que lhe arriasse as calças para urinar num balde. Dona Gerusa com o coração aos saltos lhe disse que buscaria o balde, mas para arriar as calças ele ainda estava bom dos braços e das mãos. O velho grunhiu e grunhiu também a Dona Gerusa que diante do espetáculo da calça arriada e da virilidade do homem restou-lhe virar o rosto corado.

Depois do serviço feito, Licurgo pediu sobre a vida e tudo o mais. Queria saber sobre aquela generosidade à sua frente. E a Dona Gerusa tratou de falar tudo, sem vírgulas e sem respirações. Contou coisas que não tinha coragem de contar em confissão, que dirá ao marido que era um bruto. Enquanto contava, Dona Gerusa pensava que o velho logo morreria e que não havia mal algum em expor-lhe os seus pesadelos mais íntimos.

Com um “chegue aqui perto de mim”, Dona Gerusa estremeceu e veio em sua mente a visão do serviço no balde que tinha acontecido alguns minutos antes, ou horas, pois que havia perdido completamente a noção do tempo.

Ela foi e se achegou no velho, sentiu o cheiro da decrepitude na pele flácida e esbranquiçada e quando ele passou o braço por cima do seu ombro, sentiu-se uma adolescente diante do primeiro namorado. Encostou a cabeça na cabeça do Licurgo e sentiu uma coceira na têmpora pelo roçar dos pelos duros da orelha dele. Pediu se podia tirá-los com delicadeza e o Licurgo disse que sim, e os peitos dela a balançar no queixo dele trouxeram a vivacidade naqueles corpos senis.

Na semana seguinte um Licurgo já sem câimbras e andando naturalmente aparecia a todos muito mais remoçado, pois que agora usava brilhantina nos cabelos e estava de colete. Tinha um brilho indecifrável nos olhos e ria com frequência.

A Dona Gerusa naquela semana pediu a dispensa do serviço ao Licurgo, pois que não lhe era mais necessária e tinha saído também do apostolado e estava incrivelmente mais bonita e feliz. Dizia que o bem que se faz a outrem é digno da felicidade e piscava o olho agora pintado de lápis. No apostolado ela disse que precisava se dedicar mais ao marido, pois afinal, naquele ano fariam bodas de ouro com direito a festa na igreja e benção do Padre Dimas.

Os anos foram passando e o Licurgo resolveu comemorar mais um aniversário. Queria que tivesse algumas velas em seu bolo e comunicou com uma voz sobrenatural que faria 115 anos.

No dia da comemoração muitas mulheres estavam lá, tantas que não couberam dentro da casa e tiveram que ficar no pátio aguardando a vez de parabenizar o Licurgo.

E todas por sua vez comentaram que em algum momento de suas vidas tiveram que ajudar o velho na cura de suas câimbras decrépitas.

Michele Calliari Marchese é catarinense de Xanxerê. Formada em ciências contábeis, é contista semanal do Jornal Diário Folha Regional de Xanxerê - SC, mantém uma escrivaninha no site Recanto das Letras e no blog Sem Vergonha de Contar. Participou com contos nos livros UFOs - Contos não identificados e Espectra, ambos pela Editora Literata de SP, do Livro dos Prazeres editado pelo SESC de Santa Catarina e no E-book Quinze Contos Mais pela editora Helena Frenzel.
 

Um papa lanche em velório


Autor: Geraldinho do Engenho
 
Na minha idade, e neste mundo louco em que vivemos nada mais me surpreende. Há tempos que o impossível perdeu sua primeira sílaba e banalizou em muitos aspectos, ou seja, passou a ser possível. Viver sem trabalhar, por exemplo, se virando de todas as formas é a coisa mais possível e normal atualmente. Tem gente que nunca trabalhou um dia na vida, e aparentemente vive em melhor situação de muitos que vivem ralando.

No natal passado eu soube de mais uma artimanha para se dar bem, pelos aproveitadores de boca livre. Ser penetra em velório.

Um elemento desses vacinados contra o trabalho, e que se considera já filho de nossa terra, embora não o seja, entrou em meu estabelecimento portando uma sacola decorada com figuras natalinas, repleta de iguarias.

Puxando assunto eu disse a ele: você se deu bem, o papai Noel foi generoso com você? Com aquele seu tradicional sorriso amarelo ele retrucou:

- Papai Noel que nada, eu conseguir isto foi num velório aprendeu mais uma forma de me dar bem-, arremate de velório!

-- Velório... Quem é o falecido?

-- Sei La não conheço, eu passava defronte ao velório, quando vinha esperar um carona na saída da cidade,ao ver aquele montão de gente estanha, imaginei que poderia fazer uma boquinha por lá. Entrei, misturei com o pessoal, lanchei, e acabei esperando finalizar. Dei uma mãozinha ao pessoal carregando os objetos utilizados b no funeral.  Ai deu pra mim o que sobrou do lanche!

Quem ouviu seu relato ficou esconjurando.

--Cruz credo eu não tenho coragem de comer isso sei La se esse morto vem à noite me cobrar!

--Ah quem já viu morto voltar morreu vai direto para debaixo daquele montão de terra, não sai de jeito nenhum!

Mas afinal de contas o que podemos esperar de um ser humano capaz de manter sua mãe morta por mais de vinte dias amarrada a uma cadeira, tentando mumificá-la com aplicações de formol?                                                                                          

Esse episódio que ocorreu com esse elemento, no final de fevereiro e inicio de março de 2009 deixando nossa comunidade aterrorizada. Enclausurado em sua residência ele passou treze anos sem que ninguém o visse.  Só a mãe aprecia em publico afirmando que ele estava no Rio de Janeiro sua terra natal.

Quando a mãe, que era nossa cliente, já enfraquecida pelo peso da idade, e portadora de uma cardiopatia, foi impossibilitada de se locomover para efetuar suas compras, ele apareceu solicitando-as pelo telefone, exigindo a entrega em seu domicilio.

Estranhei ao receber seu telefonema, preparei seu pedido e fui pessoalmente entregá-lo, não tive permissão para entrar na residência, por tanto, não o vi. Ela me recebeu com a porta ente-aberto, fez o cheque com grande dificuldade. Foi a ultima vez que a vi. A parir daí, ele, aparecia na porta levava o cheque a ela La dentro, não permitia ao entregador entrar na sala. Até que passou ele próprio assinar o cheque uma vez que era conta conjunta. Ninguém percebeu que ela poderia estar morta. Quando ele viu seu intento em secar o corpo da mãe, frustrado procurou um agente funerário para providenciar seu sepultamento. A polícia foi acionada pelo agente e o prendeu.

Surgiram as mais variadas opiniões para justificar o ocorrido. Seria ele um psicopata-, ou apenas um psicótico necessitando de tratamento?   Na oitiva policial, ele justificou amar a mãe demasiadamente e não queria perdê-la, mas na verdade, todas as evidências indicavam o mesmo fator; ele nunca trabalhou e pretendia manter o corpo da mãe escondido para continuar recebendo seu beneficio do qual era dependente.

O pai ao saber do falecimento da ex-esposa tentou resgatá-lo. Embora decepcionado com seu procedimento quisesse o acolher, mas logo percebeu ser perda de tempo.
 
Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG

 
Publicação autorizada pelo autor


 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu e os Bichos


Autora: Ana Bailune

Tenho uma empatia muito grande com  quase todo tipo de bicho . 
Nesta época do ano, alguns pássaros vem fazer seus ninhos nas árvores do meu jardim. São rolinhas, sabiás, cambaxirras. Quando eu os vejo entrando e saindo das casinhas de passarinho, ou carregando galhinhos secos e restinhos de algodão de paineira nos bicos, eu já sei: vai começar tudo de novo!
Estas sabiás da foto foram minhas hóspedes há algum tempo. Assisti quando seus pais começaram a construir o ninho, e até achei estranho, já que o fizeram em um local realmente baixo, tão baixo, que pude fotografar o ninho várias vezes sem precisar sequer esticar o pescoço. Eu ajudava a tomar conta delas, quando os pais estavam fora, pois às vezes, elas caíam do ninho. Acompanhei todos os seus estágios, desde quando eram apenas ovinhos, e ao nascer, coisinhas cor-de-rosa muito feinhas, até o ponto que chegaram nesta foto. 
Um dia, acordei e encontrei o ninho vazio: elas se foram. Ainda as vi algumas vezes aqui pelo jardim, ensaiando vôos, e confesso que ao ver o ninho vazio, senti uma certa melancolia...
As mais difíceis de lidar, são as rolinhas. Elas sempre acabam expulsando algum filhote do ninho. Isso já aconteceu várias vezes. Uma vez, consegui colocar o filhote de volta, mas a mãe o expulsou novamente, e após ele cair no gramado, ela foi atrás dele, bicando-o. Peguei-o novamente. Como já era bem grandinho, achei que conseguiria criá-lo. Todos os dias pela manhã, eu o soltava no gramado, e ele ficava piando pela mãe, mas quando ela o avistava, caía de bicadas em cima dele. Acabou morrendo, acho que de tristeza.
As cambaxirras são as mais engraçadas: elas começam a encher todas as casinhas do jardim com gravetos e tudo o mais que encontram por aqui; depois, escolhem apenas uma delas e fazem seus ninhos. Elas não tem medo de nós, e também escolhem, geralmente, um local muito baixo aqui na varanda. Uma vez, um filhote fugiu do ninho, e quando tentei pegá-lo para devolvê-lo ao seu lugar, ele entrou pela porta da sala - imaginem, aquela coisinha mínima se escondendo dentro de casa! Vi quando ele entrou no meio das toras de madeira da lareira, e tive que retirar uma a uma cuidadosamente, até conseguir pegá-lo. Foi uma dificuldade...
Este ano, vi que as sabiás fizeram seu ninho no pé de tangerina. Desta vez, não será tão fácil fotografá-las. Mas terei que ficar de olho, já que o ninho está dentro do local do canil, e se um dos filhotes cair, a Latifa não vai perdoar...
Esta época é muito bonita, mas também um pouco triste, pois sempre encontramos alguns filhotinhos de pássaros mortos pelo jardim. Eles caem - ou são expulsos de seus ninhos durante a madrugada, e não temos tempo de chegar até eles antes das formigas. Mas a gente vai fazendo o que pode.



Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ



Blog: Ana Bailune - Liberdade de Expressão
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sábado, 4 de janeiro de 2014

MEU SINCERO AGRADECIMENTO AO POVO MINEIRO



Agradecimento:


Todas as palavras de agradecimento me parecem poucas, perante a bela homenagem que recebi.  Como dizer apenas muito obrigado? Para mim reunir esses vários autores significa a celebração da amizade e da literatura sem frescura. Se eu tivesse que fazer uma reflexão final, seria esta: O Gandavos não apresenta estatísticas e sim pessoas para as outras. Há pairando no ar toda uma energia coletiva que cada um carregou em seu coração.

Experimentamos as emoções que advêm do reconhecimento do que fazemos e do que vivemos. Em outras palavras, as ações culturais simbolizam o amadurecimento coletivo na busca de uma identidade e o Gandavos “se atira como uma tentativa de mapear as características que nos identificam como autores”. O livro em si apenas ara um terreno que receberá sementes. Se há um mérito inquestionável nesses livros é que eles são frutos de muita dedicação e envolvimento individual e coletivo dos autores. Sem isso nada teria sido possível.

Não tivemos a pretensão de escrever Best Sellers. Publicar livros é se indispor com o perfeito, e apesar disso, escrevemos sabendo que as entrelinhas são vivas. Dessa forma, quem inicia a leitura buscando se ver, encontrará imagens familiares.

Volta e meia, os críticos falam em poetas e escritores nordestinos, gaúchos, paulistas, mineiros, cariocas... E isso é no nosso modo de entender, demonstração viva de que em cada uma dessas regiões, os autores filtram a realidade através de uma maneira peculiar e distinta de ver as coisas, isso acaba dando-lhes uma tonalidade regionalista.

Agradeço aos mineiros essa homenagem, esses autores que fazem parte do Gandavos, dão relevo à paisagem, aos costumes e às tradições, dando a medida exata da mineiridade, com todas as suas caracteríscas e peculiaridades. São escritores dotados de grande talento e sensibilidade, se revelando grandes autores em virtude da maneira como sabem captar tudo que existe de mais bonito e poético na vida e na alma de sua gente.

Por fim, agradeço de coração ao povo Bom Despachenses, na pessoa de Tadeu de Araújo, do Jornal de Negócios, também aos escritores mineiros: Geraldinho do Engenho, Maria Mineira, Denise Coimbra, Dilermando Cardoso,  Anajara Lopes, Celêdian Assis de Sousa, Marina Alves, Geraldo Rodrix, Mônica Caetano Gonçalves, Nêodo Ambrósio de Castro, Roberto Rego, Maria Olimpia, ZéDuardo e José Claudio – Cacá.

Carlos A Lopes 
Olinda - Pernambuco
(Obrigado a Maria Mineira que me ajudou na composição deste texto).


Texto publicado na íntegra:

Tadeu de Araújo Teixeira


Editor pernambucano une Recife e Bom Despacho 

Publicado em 03/01/2014 

Carlos Lopes tornou-se conhecido e amigo de bom-despachenses pelo milagre da internet e pelos caminhos da Literatura. Isto aconteceu via Geraldo Rodrigues da Costa - Geraldinho do Engenho - o escritor da cidade com maior número de livros publicados - creio que são oito no total, o que realmente se constitui em um grande trabalho e uma proeza editorial do Geraldinho.

O computador ligou Bom Despacho ao Recife e o Geraldinho ao Carlos Lopes. E foi através desse encontro e dessa amizade virtual, que não só nosso contista e cronista maior mas também o Dilermando Cardoso, outro renomado autor de nossa terra, chegou às páginas dos livros editados pelo pernambucano Carlos Lopes. 

Acompanhem o precioso depoimento da escritora Maria Olímpia de Melo, sobre o editor e sua obra.

"Existem várias maneiras de comemorar aniversário - para comemorar o primeiro ano de existência do Blog Gandavos - os contadores de histórias, Carlos Lopes, seu fundador, escolheu uma maneira bem adequada. Reuniu um grupo de amigos escritores de várias partes do País Brasil para que fizessem o que mais sabem e gostam: contar histórias e reuni-las em um livro que mostrasse toda a alegria e dedicação que seus autores tiveram ao escrevê-las. As histórias refletem a vivência amorosa e sensível dessas pessoas de lugares diferentes e distantes unidos pela magia da palavra escrita e da Língua Portuguesa...

Aqui está, portanto, esse livro, composto por histórias da vida e da mente, esperando levar mais longe ainda as idéias de seus autores". (Maria Olímpia de Melo).

Leiam também o importante depoimento de Gilberto Dantas, outro cronista brasileiro convidado a participar das edições de Carlos Lopes que consagram e dão oportunidade a dezenas de brasileiros de participarem da arte de contar histórias. Conta Gilberto:

"... Pude conhecer o site desse pernambucano que se tornou meu amigo sem qualquer interesse, a não ser uma pura amizade. Pude ver no site que ele reuniu grandes escritores amadores só pelo prazer de divulgar a cultura. Poderia dizer, sem medo de errar, que o Carlos Lopes é um Mecenas da arte literária no Brasil. E é com grande orgulho que escrevo estas modestas linhas na contracapa do seu mais recente livro, onde, mais uma vez, com grande generosidade, ele apresenta para o grande público brasileiro escritores ainda desconhecidos, mas que merecem, por seus talentos, uma visibilidade maior.

O Carlos, desta maneira, vai se tornando um grande diretor da genuína cultura brasileira." (Geraldo Dantas).

É, pois, com satisfação que apresento aos queridos leitores e leitoras desta coluna o meu Personagem da Semana, o literato e editor Carlos Lopes, que com muita criatividade, usou os modernos recursos da internet, para reunir sob o sugestivo titulo "Gandavos, Os Contadores de Histórias" talentos literários de nosso amado Brasil, inclusive da nossa Bom Despacho. 

A Carlos Lopes esta homenagem e um agradecimento de minha terra, por nos abrir as portas do mundo da literatura a nível nacional, colocando Bom Despacho no mapa da edição de livros além de nossas fronteiras.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Resenha - A saga de um Pedro - Amor e luta traçando destinos


Autora: Ana Bailune

A Saga de Um Pedro é a história de José dos Santos Gonçalves, pai do autor, narrada em primeira pessoa, o que dá ao texto mais realismo, e ao leitor, mais intimidade com os personagens reais desta história de família. Fala das aventuras e desventuras de um homem simples, mas cheio de sonhos, pelos quais não temeu lutar até vê-los realizados.

Logo no início do livro, o jornalista Carlos Costa explica que: "O que importa é só a dimensão temporal dessa belíssima narrativa familiar." Não cabe ao leitor, ou a quem quer que seja, julgar certas atitudes do personagem, que, devido à veracidade da narração, não foram aliviadas pelo autor. Carlos Lopes faz questão de contar a história real de seu pai, exatamente como ela é, sem floreios ou omissões de fatos que poderiam até mesmo torná-lo antipático a alguns leitores.

Como o próprio autor explicou-me em uma troca de e-mails, ele não pretende ser reconhecido como escritor; e é justamente este fato que faz da história despretensiosamente contada, uma narrativa alegre, bem-humorada e fluida, que prende a atenção do início ao fim. Sem as pretensões e vaidades dos escritores profissionais, Carlos Lopes imprime realismo à narrativa, aproximando o leitor dos personagens. Em certos momentos, identificamo-nos com eles.

O livro fala também de importantes momentos da nossa História e da nossa cultura, como por exemplo, o advento do rádio e da televisão, a vida difícil no Sertão Pernambucano e vários outros fatos que entrelaçam a vida dos personagens à vida da maioria dos habitantes do Brasil.

A Saga de um Pedro é uma história imperdível. Vale a pena adquiri-la através do endereço: gandavos@hotmail.com

Autora: Anabailune – Petrópolis/RJ



Publicação autorizada pela autora