Autora: Denise Coimbra
Nasceu em 1965, em Bom Despacho,
Minas Gerais. Psicóloga graduada e pós graduada pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Membro, ocupante da cadeira 21, da Academia Bom-Despachense de
Letras, tendo Hilda Hilst como patronesse.
Em 2007 participou do Concurso de
Contos do SENAC Minas e teve o
conto “A Primeira Vez” publicado na
revista eletrônica do SENAC.
Publicou em 2014 o livro de contos
54, Rua da Alfândega
As 24 histórias do livro nos trazem
personagens tão fascinantes em sua simplicidade e tão coerentes no seu
transitar pela vida. Homens, mulheres, crianças e suas histórias de vida. Eles
existem, são reais em um universo paralelo ao nosso de leitores, profissionais
das letras, acadêmicos: são funcionários públicos, carteiros, passadeiras,
esposas e maridos e filhos e filhas tão dignos em sua dor e tão verdadeiros em
sua alegria. Conseguimos ver-lhes o rosto perplexo, impassível, sofrido,
ansioso, belo, questionador e resignado.
O trabalho, o exercício da profissão
que dá suporte aos homens, e a vida, que segue inexorável seu curso, são objeto
deste trabalho de estreia de Denise Coimbra. É um livro de fino observador da
alma humana, repito. É uma leitura densa e ao mesmo tempo delicada. Daquelas
que nos levam a diminuir o ritmo nas páginas finais, como a evitar que o livro
acabe.
Além de contos, crônicas e poesias,
Denise está escrevendo o seu primeiro romance.
Renascimento
Soturna e enigmática, a mulher
dormira naquela noite.
No dia seguinte, realizara toda a
rotina da casa, do trabalho e da família. Sensação de missão e dever cumpridos
– relembrara, fixando as estrelas.
Desde então, a madrugada tornara-se
um guia para longas caminhadas. A poeira fina no rosto mostrava-lhe o caminho
da vida, traçado anteriormente, ao qual ela teria que retornar rapidamente, sob
pena de perder-se por entre as novas paisagens que, vagarosamente, surgiam em
sua mente.
Contudo, aos poucos, percebera que
aqueles passeios diários alimentavam em seu espírito uma vontade imensa de
tornar a vida mais intensa e apetitosa. A sensação que tinha é que a sua vida
anterior oscilara entre ansiosa e ociosa. Portanto, fazer algo diferente era
premente dentro dela. A mulher que fora
nunca mais seria.
Decidiu então que, juntamente com o
fim daquela estação, ela também se transformaria. Deixar-se-ia renovar como os
galhos das árvores em seu pomar e abriria seu ventre para as sementes que a
vida plantaria dentro de si.
Para isso, na madrugada seguinte,
banhou-se no rio ao fundo do seu quintal, colocou uma roupa nunca usada e saiu
em direção ao nascer do sol.
Nunca mais voltou.
Pequena Crônica do
Cotidiano
Para Elisete
Leio. Sentada no banco da praça, meus
olhos passeiam pelo entorno e encontram um homem que fuma e olha a bicicleta
que descansa o pedal na ponta do passeio. Com ele uma garrafa de cerveja para
beber a vida solitária e triste mais tarde e em casa.
Um cachorro modorrento e outro
lépido, habitantes comuns do lugar, se aproximam e se afastam de mim e do homem
tranquilamente. Em seguida, um deles corre e se esbalda na areia. Como um
pêndulo, a minha infância no balanço do tempo.
De lá e de cá duas moças cortam o
caminho pela praça. Nas mãos, as marcas da vida embrulhadas em sacolas de
supermercado. Uma delas pára, sorri e
seus olhos atentos, lêem as muitas histórias que a vida narrou em mim.
O menino de bicicleta serpenteia,
equilibra, dá voltas em torno de mim e me encanta com seu jeito instigante e
radiante numa espécie de galanteio mirim.
Duas mulheres, à porta da casa,
cochicham, especulam sobre a leitora inédita sentada na praça entre montes de
entulhos e lixo esparramados pelos quatro cantos e os poucos canteiros.
Cismadas, entram e trancam o portão: não querem mais saber dos poemas sujos,
versos toscos e textos ímpios que a
comunidade deposita todos os dias na porta da casa delas.
Quase colado à praça vejo o cemitério
e relembro: meus avós, meu pai e meu tio estão ali. Entre rosas, vasos, velas e
orações deposito o meu silêncio e a minha saudade.
Neste momento, o telefone toca: hora
de buscar minha filha. Fecho o livro. Pego a chave do carro e o celular.
Caminho até o carro e começo a escrever uma pequena crônica sobre o cotidiano.
O Portal da Liberdade
Era uma vez um menino que nasceu no
dia 15 de novembro. Muitos anos antes
dele nascera também neste dia a República do Brasil. Motivo duplo para a
comemoração! O ano, nem tanto! 1967 era mais um dentre os muitos sombrios e
tristes provocados pela cruel e silenciosa Ditadura Militar no país.
Alheio ao contexto opressor e
político, crescia o menino que gostava muito, muito mesmo de brincar. Percorria
léguas ao encontro de um esconderijo na mata para construir uma cabana e
esconder-se dos inimigos ou da turma rival. Jogava bentes altas, bolinhas de
gude, finca e futebol na rua. Andava de bicicleta, carrinho de rolimã e
patinete. Era um menino alegre e muito curioso, como todo e qualquer menino, de
toda e qualquer parte do mundo.
Aos seis anos de idade, na cidade do
interior de Minas Gerais onde nasceu e vivia, o menino foi levado pelos pais a
descobrir um tesouro: a Escola. Foi uma experiência marcante. E o menino passou
a frequentar regularmente aquele local tão diferente e cada vez mais
intrigante. No início, ele relutou bastante porque, para ele, não lhe sobraria
muito tempo para jogar, fazer peripécias e brincadeiras que ele adorava
inventar. Sabia que a meninice era a vida no auge do seu encanto. Queria-a toda
e inteira guardada no seu coração infante.
Por causa disso, levou uma surra. O
pai, sabedor da beleza e da riqueza contidas naquele tesouro, teve uma reação
impensada, ignorante, mas que foi perdoada pelo menino. Rapidamente compreendeu
que o pai queria que os olhos e as pernas do menino alcançassem o mundo, numa
outra forma de conhecimento: vasto e amplo.
Muito abrangente tornou-se a
experiência do menino naquele mundo e dali em diante. Com suas perguntas,
incógnitas e anseios, o tesouro, ao invés de diminuir, se duplicava,
triplicava, não tinha fim. E sabem por quê? Porque o menino e o tesouro
tornaram-se um só.
Mas a vida lhe reservara uma surpresa
maior e extremamente rica. O menino descobriu-se outro, no meio de outros
meninos, que liam, noutros cadernos: os livros. Correu para o pai e suplicou ao
menos um! Suas capas, histórias deslumbrantes aguçaram o desejo do menino.
Queria transformar-se. Queria tomar posse. Exigia apressado e intransigente,
atitudes típicas de um menino.
O pai, que aprendera a conhecer
profundamente o filho, tomou-lhe as mãos e caminharam até um portal, o único
daquela cidade, quiçá da região. Adentraram, e o menino ganhou de presente
todos os livros guardados no maior tesouro nunca antes visto por ele: a
Biblioteca Pública da sua cidade. Eis o portal da Liberdade dele e de todos os
meninos de toda e qualquer parte do mundo!
Maria, a lavadeira
Maria, a lavadeira, leva trouxa
ladeira a baixo e a cima. Todo dia, na mesma hora, no mesmo ritmo. Em cima do
muro, a molecada grita, faz chacota e brinca com ela. Vida dura, mas digna,
responde a mulher sempre resoluta e firme. Só fraqueja um pouco quando chega a
casa e vê Clarinha se arrastando pelo chão, comendo insetos mortos. A mãe tem
pânico que o mesmo aconteça com a filha, nas horas em que sai para o trabalho e
a deixa sozinha, às moscas. Mas o trabalho que cansa o corpo alimenta a alma,
pensa a mulher enquanto lava as roupas.
É como se, em cada esfregar, em cada
ensaboar, em cada enxágue, a vida limpasse, destruísse as mágoas, a pobreza, a
revolta e as transformasse em cuidado, em beleza, em esmero. Como aquele
vestido que ela pediu a Eunice para fazer e que vai usar na noite do novo ano
que vai chegar na manhã seguinte. Só espera que a costureira lembre que o
vestido tem que ter o corte bem reto, que, de torta, já basta a coluna que foi
estragada pelo peso das trouxas, que a vida lhe pôs muito cedo na cabeça,
quando, aos oito anos, saiu com a mãe de Teresina, depois que o pai surrou a
coitada, por causa de um tal Josemar.
Nenhuma palavra sobre isso nem quando
chegaram a São Paulo, nem ao final da vida dela. Ficou sempre uma questão para
a menina, já mulher, também maltratada pelo homem que escolhera. Parecia que
aquele trabalho, que tanto a machucara - calo nas mãos, pele e cabelo queimados
- também a salvara, não da pobreza, mas da miséria, tanto do corpo quando da
alma. Ninguém poderia entender o que ela sentia quando lavava, esfregava,
torcia, esticava as roupas e separava as peças antes de montar a trouxa.
Cada peça tinha um lugar certo para
dar equilíbrio e permitir que o nó fosse dado e prendesse a trouxa de forma
igual e, com isso, impedisse que nenhuma parte da roupa lavada ficasse à vista,
evitando a sujeira e o mal olhado das colegas, que às vezes perdiam o trabalho
por causa da sua fama, que já não era pequena. Rápida e caprichosa, entregava as
roupas no prazo combinado. E a clientela aumentava dia a dia.
Nessas horas, pedia proteção a Deus e
agradecia à mãe por ter lhe ensinado aquele ofício, já que viver no vazio, sem
ocupação, era a maneira mais triste de viver, pois era como se ela deixasse de
existir, não só para si mesma, como para todo o resto do mundo. Mesmo que esse
todo o mundo fosse o resto esquecido, pelos governantes e até por Deus,
relembrava Maria nos seus momentos de maior desolamento e desânimo, quando não
lhe entregavam roupa, naquele tempo em que tivera que mudar com a filha por
causa da violência do homem que escolhera. Ela o acolhera bêbado e sem rumo, há
quinze anos, e fora parar naquele barraco, sem teto, abandonado, depois que a
polícia fez a limpeza daquela boca de fumo.
Agora, com a nova clientela, já
definida, Maria faz planos. Ajudar a filha nas escolhas que ela vai ter que
fazer na vida. Pede a Deus e à mãe, em oração, que ela não faça escolhas
tortas, ou não carregue peso maior do que aguente. E que escolha, sim, um trabalho
que a complete, que a realize e que lhe permita ser mulher digna.
No último enxágue, a lavadeira viu
seu rosto na água cristalina e sentiu que estava pronta para vestir, dali em
diante, a vida branca e limpa, como aquele vestido que ela usaria no dia
seguinte.
Do livro, 54, Rua da Alfândega
Amizade
Quando veio de Portugal para o
Brasil, Joaquim Braga ficou muito triste, pois deixara seu amigo Antônio
Cerqueira em Lisboa. Para não se esquecerem um do outro, fizeram um pacto.
Escreveriam cartas todos os dias contando as novidades para manter a amizade em
dia.
E assim foi durante os oito primeiros
meses até que, ao final de um ano, as cartas foram diminuindo tanto, tanto, que
após o Natal já não havia mais nenhuma. Joaquim sentiu um vazio tão grande,
medido mais ou menos na distância do oceano que os separava. Decidiu, então,
voltar a Portugal e rever o amigo para entender o que estava acontecendo. O
questionamento acerca do valor da amizade e dos motivos da ausência das cartas
durou o tempo da viagem.
No Ano Novo, já em Lisboa, deu de
cara com Antônio sentado à frente do computador, escrevendo um livro de
memórias.Saíram para beber e colocar a conversa em dia. Ficaram juntos uma
semana.
Ao voltar para o Brasil, Joaquim
levara o livro que ganhara de presente do amigo. A leitura do livro durou o
tempo da viagem. Já a dedicatória permaneceria para sempre em sua memória.
Antônio escrevera: “Ao amigo Joaquim, para além da promessa e da distância...”
Do livro, 54, Rua da Alfândega
Memória
Trago em mim lembranças. A maioria
delas, fruto de minhas vivências. Outras, de tão bonitas, tomei-as emprestadas.
Numa espécie de embelezamento da vida que insisto em manter até a morte. Mas
não quero ser enterrada. Prefiro ser cremada. Partes minhas, em todos os lugares,
espalhadas na terra, pelo vento.
Há vinte anos, meu avô, assim como o
de Mariano, contado por Mia Couto, fingiu morrer para me ter por perto e
recontar suas histórias. Queria assim alongar conversa, como gostava de dizer
quando me convidava para sentarmos à porta de sua casa. Ávida de suas memórias,
encolhia-me feito um tatu-bolinha e alimentava de palavras e de sentido
minh’alma vazia. Enroscada em suas pernas, entrelaçava cada vez mais a sua vida
na minha.Por sorte, quando ele morreu de verdade, parte dele já era tão minha,
que não senti tanto a sua morte.
Além do fato de que ele eu fizemos um
pacto de reminiscências. Eu iria visitá-lo todos os dias, para espichar
conversa, nos momentos de solidão e saudade, numa espécie de prolongamento da
vida, numa afronta ao silêncio e mistério da morte.
Do livro, 54, Rua da
Alfândega
Agosto, o mês do desgosto
Telefonei para uma amiga para
desejar-lhe um dia alegre e bem proveitoso pois hoje, vinte e nove de
agosto é o dia do aniversário dela. Aparecida nasceu e vive em
Coimbra, Portugal para onde viajei em busca de informações sobre a origem da
minha família. Resultado: fiz mais amigos do que pesquisas. Desde então, fortes
motivos para retornar não me faltam: revê-los e finalizar a pesquisa.
Antes da ligação, eu e minha mãe
conversávamos sobre crendices e
supertições a respeito do mês de agosto ser considerado o mês do
desgosto. Acreditem ou não, minha amiga elucidou a questão com o seguinte fato.
As
viagens marítimas portuguesas em busca das novas terras ocorriam em agosto, por
causa disto, casar durante esse mês era “sinônimo de ficar só, sem lua-de-mel e
o mais triste, viúva”. Com o descobrimento do Brasil, essa história atravessou
o oceano, explica minha amiga, do outro
lado do Atlântico. Conversamos um pouco mais e, pesarosas, nos despedimos com a
promessa de uma visita marcada para o ano vindouro.
Entusiasmada, relatei para a minha
mãe o que Aparecida me esclarecera. Com
um ar brejeiro e um tom de deboche , ela narrou a seguinte história.
Em Portugal, no ano de 1666, D. Maria
Francisca de Sabóia, uma rainha ambiciosa e
repleta de ardis, preocupada com as queixas das mulheres portuguesas
sobre o fato de que os portugueses que viajavam para o Brasil não retornavam
à terra natal porque preferiam viver
aqui e casarem-se com as nativas, mandou espalhar boatos nas terras brasileiras, de que casar em
agosto dava azar. E, para completar, divulgou também o boato de que todo
português é burro. Não deu outra. De lá pra cá, quase nenhuma brasileira se casa
em agosto e, poucas arriscam o matrimônio com os portugueses. E, assim, desde os tempos remotos,
acirraram-se as rixas e zombarias entre os povos.
Incrédula, eu ainda ouvi minha mãe
reafirmar: esta história foi contada em 1910 durante as comemorações da Festa
de Nossa Senhora do Rosário, numa roda de conversa em Ibitira, por uma
tataraneta de Chico Rei que trabalhava na mesma fazenda que meu avô.
Não tenho como confirmar a veracidade
dos relatos. Não se duvida de amigo, muito menos das histórias que a mãe da
gente nos conta. Para finalizar, lembro-lhes que agosto é o mês do folclore.
Registro aqui minha deferência a Luís da
Câmara Cascudo, que colheu no seu cesto literário, o tesouro das lendas
brasileiras e, assim nos fez mais ricos e sensíveis na demonstração e
divulgação da nossa cultura. Oxalá seja esta pequena crônica mais uma invenção,
pura ilusão transmitida de geração a geração!
Dúvida
Dizem uns que a dúvida acompanha o
homem desde que Shakespeare se perguntou: To be, or not to be... Outros contrapõem,
dizendo que foi com Adão. Que não sabia se queria ser como Deus ou como Eva o
preferisse. Manuel, que estava alheio a esse questionamento, coçava a barba
enquanto pensava se pedia Margarida em casamento. Afinal de contas, todos
diziam que o homem, depois do casamento, muda muito, e ele tinha um pouco de
medo disso.
Acostumado ao futebol, à cerveja aos
sábados e à leiturado jornal toda a manhã de domingo, não sabia se queria
mudarisso, pois mulher adora mudar a ordem das coisas. O pai sempredizia isso,
embora risse ao mesmo tempo em que dava um tapa na b... da sua mãe, deixando
escapar ali uma certa cumplicidade e alegria por ter alguém que o tirava de si
mesmo, ainda que fosse um pouco.
Pena o pai não estar ali para
aconselhá-lo, morrera há cincoanos. Manuel sentira tanto, que nunca mais
passara em frente ao hospital para onde o pai chegou a ser levado, mas morreu
naentrada, de mãos dadas com a vizinha que o socorrera. Dizem que o coração de
músico é mais sensível à dor. Por isso, o infarto fora tão fulminante.
Teria que decidir sozinho. A dúvida
cruel que se instalara dentro dele dava-lhe socos no peito que o deixavam sem
ar. Correu até a janela da sala para respirar melhor. Na calçada em frente, viu
um menino de mãos dadas com o pai. Pareciam ir para a escola. De súbito, o
menino agarrou as pernas do pai e pareceu suplicar-lhe algo. O pai abaixou-se
e, antes que o tomasse em seus braços, o menino trançou os bracinhos ao redor
do pescoço dele e o abraçou com força.
Emocionado, Manuel se afastou da
janela decidido. Iria se casar com Margarida. Abraçaria a nova vida como aquele
menino, sem dúvida, nem reservas.
Penélope às avessas
Os fios do amor
Quero tecer
Nos dias à tua espera
Quero que me cubras
Com o manto da
esperança
Enquanto tu não regressas
...
Na tua demora
Volúpia e paixão
Me descobrem
Penélope às avessas
Pretendentes
À mão
Distraio
Da tua ausência
Envolta em minha
solidão!
------------------------
enquanto chove
a saudade goteja
em mim
meu coração inundado
pelas lembranças
naufraga
num mar de lágrimas
enquanto chove
a solidão me atormenta
toma posse de mim
enquanto chove
o amor em dilúvio
desaba em mim!
Legado
Denise Coimbra
Vive dentro de mim
A poesia natureza
Mãe de todas as mães
Solo tenro e enraizado
Carne da minha carne
Cerne do meu ventre
grávido
De palavras e de
alento
Mãe de todos os versos
Cria, recria,
rejuvenesce
A dureza da vida
Amaina
O gesto bruto
Enobrece
Oh! Criatura
iluminada!
Tece Aninha
Seus poemas-prece
Semeia no vaso
A língua-porcelana
E oferta ao povo
Doce sua profissão!
Com o coração em Cora
Coralina.
_
____________________
Nas veredas por onde
trilha o amor...
Doce a tua palavra
Beija o céu da minha
boca...
Tua língua
Semântica
Lambe, absorve
A sintaxe do meu
desejo
Na etimologia do amor
O meu
No léxico
Do teu
Na regência do amor
O teu
Sintagma
Do meu!
Na gramática do nosso
amor
A conjugação insana do
verbo
Amar
O amor não cabe
O amor não sabe
Se metáfora
Ou metonímia
Na dramática do nosso
amor
O desejo rouba a cena
e deixa no ar
a nossa história...
Autora: Denise Coimbra - Bom Despacho/MG
Publicação autorizada pela autora
Relógio do blog (início) 149.334 a 151.204 = Total de acesso: 1.870
Autora: Denise Coimbra - Bom Despacho/MG
Publicação autorizada pela autora
Relógio do blog (início) 149.334 a 151.204 = Total de acesso: 1.870
Nenhum comentário:
Postar um comentário