Professor Ronan Tales de Oliveira
Confúcio
disse: “Envolve-me que eu aprendo, e aprendendo posso escrever”. Deste modo, a
afetividade é capaz de persuadir sem palavras e triunfar sem glórias. Em
relação ao ofício de escrever, aprender, sentir, é mais interessante do que
aprender a pensar. O sentimento é harmônico, porque é social. Enquanto que o
pensamento se manifesta no equilíbrio pessoal. Ambos são necessários no ofício
de escrever e representam o verso e o reverso de uma mesma moeda. Cada um se
apresenta conforme a tonalidade do contexto.
O
escritor é o partejador do
espírito à espera do nascimento de uma ideia original. Pronta para repousar
suavemente nas linhas de nosso texto.
Parafraseando
Graciliano Ramos, aprendemos que: Deve-se escrever da mesma maneira como as
lavadeiras da Biquinha fazem o seu ofício, cantando elas conseguem executar
alegremente o seu trabalho, limpo, brilhante e transparente. Deste modo, quem
escreve deve tomar o cuidado para a escrita não sair molhada. Na página escrita
não deve pingar nenhuma palavra a não ser as desnecessárias. Deste modo o texto
fica enxuto e agrada.
Somente
o tempo pode nos ensinar a colocação certa das palavras. Aprendendo o ofício
digitamos textos, escrevemos livros e ajudamos a fazer história. O ofício de
escrever nos recomenda que é preciso esquecer para poder lembrar outra vez.
Isto porquê a sabedoria mora no esquecimento.
Na
arte de escrever, mais importante do que estar vivo, é poder renascer. As
palavras renascem todos os dias em nossa mente, quando exercitamos nossa
memória com o propósito gracioso de nos servir. O escritor cuidadoso procura
escrever palavras de ternura e pensamentos humanistas, com a absoluta ausência
de superficialidade.
O
escritor, na arte de seu ofício, é por definição, um ser inquieto e angustiado,
na busca incansável de uma ideia harmoniosa que possa lhe presentear uma
definição mais abrangente da realidade da qual ele se encontra inserido.
Escrevendo
o cotidiano, percebemos que a amizade é um amor que nunca morre. A saudade tem
o poder de fazer as coisas pararem no tempo, e o passado não reconhecer o seu
lugar, porque se encontra sempre presente em nossa vida. Em relação ao amor,
percebemos que ele se entrega facilmente, porquê desconhece o temor. Neste
contexto a vida não é uma pergunta a ser respondida, mas um mistério que deve
ser vivenciado, todos os dias.
Neste
pequeno ensaio literário, procuro conduzir as palavras a se colocarem de forma
ordenada nas linhas de nosso texto. As palavras são como a chuva, sedentas para
repousar na terra seus pingos d’água, na forma de conhecimento. Tanto as
palavras quanto a chuva, são portadoras de bons frutos, nos surpreendendo com o
frescor de sua doce presença. Desta forma, percebemos que o nosso intelecto,
quando escrevemos, é mensurável, mas o sentimento não.
É
sempre bom ensaiar escrever alguma coisa, porquê guardamos em nossa algibeira
algumas boas palavras para os momentos oportunos. Nada é mais encantador do que
poder oferecer, uma meia dúzia de palavras, uma frase, um conceito. É com
cortesia que eu ofereço um texto às pessoas que gostam de ler. Já dizia o poeta
das flores: “espera-se o perfume e a semente, a beleza nem tanto”. Das palavras
espera-se a cortesia e a estima, a perfeição nem tanto.
A
perfeição mora distante, por que ela é fruto da gratuidade de Deus a nós
revelada. Só posso escrever o que eu sou, nada mais. A autoridade das palavras
está inserida em sua originalidade. As palavras não mudam o passado, mas em sua
originalidade ela possui o poder de melhorar o futuro.
Concluindo,
as palavras bem escritas, tem o poder de vislumbrar um mundo diferente deste
que nos é apresentado. Escrevendo, podemos oferecer o nosso melhor. Do escritor
não se espera muita ambição, mas com certeza, muita emoção. O que ele possui em
abundância, lhe foi dado de graça, por isto ele pode oferecer também de graça.
A
arte de escrever é filha da vontade e do desejo. A vontade nos mantém à espera
de uma boa ideia o desejo nos torna criativos e cheios de esperança. O saber
exige de nós vontade, desejo e espera.
O
crédito do escritor, consiste em não desistir da busca de uma ideia brilhante.
Capaz de mover o céu e a terra, realizar sonhos, manter-nos vivos, aquecendo os
nossos corações.Autor: Professor Ronan Tales de Oliveira - Bom Despacho/MG
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