Carlos Costa, meu nobre e grande amigo:
escrevo-te montado num planeta
que se chama Iracema: é o que te digo
nove anos depois da tabuleta...
Da tabuleta, não: do pano antigo
que pôs à venda, com sua tinta preta,
nossa casa em Manaus, aquele abrigo'
feito de amor e claridão secreta.
De uma crônica, tua aqui me relembro,
minha angústia em partir, e era um dezembro
banhado pelo símbolo dos magos...
Contudo, nestes anos decorridos,
já sinto os passos lentos, combalidos,
quando desperto e sonho à flor dos lagos.
Com o fraterno abraço
do amigo e admirador
Jorge Tufic - Fortaleza/CE
jorgetufic@hotmail.com
http://www.revista.agulha.nom.br/jtufic.html
Publicação autorizada através de e-mail de 13/02/2012
2 comentários:
Meu caro amigo, recebi esse soneto do JT pelo correio, na época em que não havia a internet.
Foi em resposta a uma crônica que escrevi quando fui visitá-lo em sua casa e me assustei ao deparar-me com o pano branco, pintado com letras pretas, VENDO ESTA. Como o JT havia sido candidato a senador pelo Amazonas e perdido a eleição, fora demitido da presidência do Conselho Estadual de Cultura e todos os outros locais em que estava trabalhando. Fiquei mais de dez anos sem contato com o JT e, um belo dia, recebo esse soneto dele, que o guardo até hoje em um quadro onde mandei emoldurá-lo. Se o amigo publicar esse soneto, ficarei triplamente feliz, por mim, por você pelo JT. Um abraço.
Como jornalista que era, não fiz mais do que minha obrigação do registrar o que vi ao passar em frente a casa do JT. A faixa dava a volta toda ao redor de sua bela casa em Manaus, escrita com letras pretas: "VENDO ESTA". Achei um protesto genial do amigo contra as injustiças que sofreu no Amazonas, por onde concorreu ao Senado da República. Perdemos um "senador", mas ganhamos um grande poeta.
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