Decerto é árido o deserto, só água de pedra, sede, areia, ardência,
E os cactus guardam dentro de si, a água líquida da sobrevivência.
Arenosa poeira, em tempestade, embaça além dos olhos da visão,
Faz projetar imagens, abstrações da mente, miragem, mera ilusão.
Decerto é hostil o moderno mundo, gente pobre, poder, demência,
E o homem guarda dentro de si, a senha, que ignora a sua essência.
Alma pura, em conflito, perde-se além dos sentidos da imaginação,
Faz projetos concretos, abstem-se da sensatez, fantasia, mera ilusão.
Decerto o homem é bom, tem alma, coração, amor, fé e clemência,
E ambições guardadas dentro de si, armas perigosas da inteligência.
Vaidade, em intensidade, se esquece da simplicidade da sua emoção.
Faz seus castelos na areia, subtraído da razão, ilação, a mera ilusão.
Decerto o homem tem tempo de resgatar a humildade e a inocência,
E os sentimentos guardados, fraternos, puros, livres de maledicência.
Esperança, em evidência, que se lembre de ser solidário com o irmão.
Faça do deserto inóspito, o silo, para a semeadura da nossa salvação.
Este poema é dedicado com muito carinho ao meu amigo querido, Felipe Padilha di Freita (o poeta do deserto), pela extrema admiração que tenho pela sua obra. O poeta, que deveria ter o cognome de "poeta do amor", tem uma grande preocupação com as questões sociais, que levam o homem a desvirtuar-se da sua espiritualidade e perder-se no concreto, na materialidade das suas ambições. Para quem não o conhece, eu recomendo seus textos admiráveis.
Autora: Celêdian Assis - Belo
Horizonte/MG
http://sutilezasdaalmaemente.blogspot.com/
Link do blog: O poeta do deserto
http://www.opoetadodeserto.recantodasletras.com.br/publicacoes.php
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Publicação autorizada pela autora em 10/06/2012
4 comentários:
Celêdian, que primor! O jogo com as palavras, a sonoridade, a marcação da rima ritmica, a mensagem, a homenagem! Depois dessa belíssima apresentação sua, vou correndo conhecer quem é esse poeta do deserto que fez brotar este oásis que foram teus versos aqui. Parabéns!
Abraços!
Olá, Wanderley! Obrigada pela sua leitura e apreciação, com estas palavras tão gentis. Realmente vale a pena conhecer a poesia de meu amigo e grande poeta pernambucano, Felipe Padilha. Aliás, esta terra tem grandes talentos.
A propósito, estive em seu blog para conhecê-lo e li textos muito interessantes, de cunho histórico e muito bem embasados. Tornei-me seguidora e oportunamente voltarei a visitá-lo.
Um abraço e seja bem vindo.
Celêdian
Lindo poema, amiga Celêdian. Comecei a ler sem saber que era de sua autoria e logo encontrei nas palavras o seu jeito cativante e inteligente de escrever. Poucas pessoas conseguem fazer isso tão bem como você, poetisa do Brasil. Parabéns também ao Felipe Padilha pelo presente recebido. Por certo deve ser uma ótima pessoa e portanto o presente está em boas mãos. Guarda com carinho amigo, não é todo dia que se encontra uma preciosidade dessas não. Como já disse o M Nascimento: ¨Amigo é coisa pra se guardar.
Realmente um belo poema. Basta conhecer a autoria, para ler mais atentamente e não correr o risco de perder, sequer as entrelinhas. Parabéns, amiga Celêdian.
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