Apresentar
uma obra pressupõe a responsabilidade e o compromisso de levar ao leitor uma
prévia impressão ou uma apreciação crítica do apresentador, sem, contudo,
influenciar esse mesmo leitor, a concluir previamente sobre a qualidade do que
ele mesmo deverá avaliar. Por essa premissa é que, para que uma obra se torne
verdadeiramente interessante, o autor deve ter a capacidade de surpreender cada
um de forma diferente, seja por um grande enredo, por uma linguagem peculiar,
por um estilo diferenciado, ou por qualquer outro motivo que leve ao
envolvimento do leitor com a história com a qual ele se depara. Em mim aguçou-se
de imediato a curiosidade pela história que se desencadearia a partir do
título. Espinho de Roseta é uma expressão que comporta uma duplicidade de
sentidos, o literal, em que partes pontiagudas de um acessório (roseta ou
espora) são usadas pelos cavaleiros para apressar a marcha do animal e quando
ela gira em contato com o corpo do cavalo, o fere. O outro sentido que é
metafórico e que só pude assimilar ao final da leitura, justifica plenamente o
título: o personagem tem uma vida que vai se prolongando, mas sempre se
ferindo, seja pela inconveniência de seus atos ou pelo remorso de tê-los
praticado, numa analogia com o espinho que fere para que a marcha avance.
Espinho
de Roseta é uma destas narrativas que se revelou como uma grata surpresa, pois,
embora explore predominantemente as mazelas do submundo, a crueza dos
protagonistas perante o antagonismo explícito entre a conveniência de suas
realidades, e a violência velada do ambiente
em que eles vivem, permite a associação de cenas de extensão de nosso cotidiano
entremeio à ação dos personagens, mesmo que, em caráter ficcional, podem
estabelecer conexões entre si, tornando-se uma obra aberta para um verdadeiro
exercício de imaginação.
Ainda
que seja complexo determinar em qual gênero literário se encaixa essa narrativa
e existam pontos de encontro entre a novela e o romance, o autor optou por uma
representação mais direta: a das possibilidades reais do mundo conhecido, do
cotidiano alcançável, caracterizando o texto como novela, em contraponto ao
romance tradicional. Esse último, conforme a terminologia inglesa, em geral
representa “uma visão de possibilidades ideais ligadas ao mundo obscuro e menos
consciente dos impulsos, desejos e sonhos subjacentes às ações humanas.”,
explorando menos as situações mais reais. Espinho de Roseta caracteriza-se
assim, como novela, pela menor complexidade da intriga ou da análise dos
personagens e pela linearidade da história, por um enredo desenvolvido
sucessivamente, alterando-se a sequência apenas nos delírios do personagem
Zoio, que enquanto agoniza, alterna o tempo e o espaço de sua realidade e de
suas lembranças. Ambos, tempo e espaço, são definidos pela pluralidade
dramática, pois as próprias ações dos personagens são responsáveis por
deslocá-los para diferentes ambientes ao longo da narrativa.
Com uma linguagem simples e clara, mesmo que
haja uma mescla de expressões mais antigas a outras mais modernas, denota-se
que a narrativa se desenvolve na atualidade e que acompanha os hábitos
culturais locais e contemporâneos. O autor explorou bem tais características de
uma novela, diferentemente de seu estilo usual em sua vasta obra, voltada mais
para os contos e para relatos de histórias pessoais. Em prol do fio narrativo, manteve os
principais personagens sempre em destaque e inseriu, com muita maestria, outros
personagens no contexto, à medida que a trama exigia, sem, contudo, dar-lhes
menor atenção, tornando a ação desses, essenciais para a narrativa.
Sabe-se
da obra de Carlos A. Lopes, que seus primeiros textos foram peças teatrais e de
seu envolvimento com os palcos em sua juventude, portanto não me surpreende que
Espinho de Roseta, pelo seu viés de novela desenvolvido com os traços da
experiência do autor, poderia adaptar-se perfeitamente à dramaturgia.
De
leitura agradável, em detrimento do sofrimento dos personagens, o livro
surpreende pela riqueza de um enredo que fez do drama uma bela trama.
Celêdian
Assis de Sousa
Belo
Horizonte/MG
É sempre muito gratificante receber um convite para apresentar ou prefaciar uma obra, mas quando se trata de sua obra, meu amigo Carlos Lopes, o prazer é ainda maior, pois tive a honra de acompanhá-lo desde o seu primeiro trabalho publicado e sei de quanto esmero está envolvido em cada um de seus livros. Obrigada pelo convite e desejo que Espinho de Roseta seja um sucesso. Um abraço.
Celêdian Assis de Sousa
É sempre muito gratificante receber um convite para apresentar ou prefaciar uma obra, mas quando se trata de sua obra, meu amigo Carlos Lopes, o prazer é ainda maior, pois tive a honra de acompanhá-lo desde o seu primeiro trabalho publicado e sei de quanto esmero está envolvido em cada um de seus livros. Obrigada pelo convite e desejo que Espinho de Roseta seja um sucesso. Um abraço.
Celêdian Assis de Sousa
Esse
não é exatamente o tipo de livro que muitas pessoas gostariam de ler, pois
trata-se de um livro forte e tocante que poderá chocar muitos leitores, não só
pela linguagem utilizada, mas também pelo conteúdo do seu enredo. Quem é pego
despreparado pode pensar que o livro aborda uma vida suja, mundana, de um homem
sem coração e sem família, porém afirmo que isso não torna a história menos
interessante.
Em
vários momentos, Espinho de Roseta retrata a vida de pessoas levadas a viver na
marginalidade, vadiando no submundo do crime e prostituição, talvez
representação de um grupo social excluído. O autor privilegia detalhes em que o
instinto é reflexo do indivíduo no seu meio, ao apresentar nuances psicológicas
que remetem ao erotismo. São imagens que chocam, devido à dureza retratada.
Isso se faz presente nas descrições em que o saciar dos desejos acentua ainda
mais neuroses e traumas.
Sem
possuir ordem cronológica, a história é permeada pela presença marcante e
frequente do ambiente social. São traçados em várias facetas, resquícios da
personalidade do indivíduo, incluindo até mesmo uma carga ingênua e infantil em
que percebem-se vestígios de laços afetivos, quebrados no entanto, ao longo da
narrativa.
O
Espinho de Roseta é uma obra inovadora, onde é interessante perceber a
construção do personagem principal na trajetória característica de um ser
rejeitado pela sociedade. Ao longo da
história, há uma enorme interação entre personagem e o meio inóspito onde vive.
A esterilidade do futuro descortina-se para o personagem, na acidez das
palavras, na rudeza das pessoas, na incapacidade de demonstrar ou criar
relacionamentos afetivos duradouros.
Além disso, sofrimento, necessidades, carências, servem de instrumento
para que se percebam bem as fases marcantes e conduza o leitor através da
emoção de cada momento.
Violência
é um tema presente neste livro, onde os dilemas e problemas de um menino se
desenvolvem até se tornarem dilemas e problemas de um adulto. De certa forma,
isso ajuda você a se colocar no lugar do personagem. O modo cru no qual a trama se desenvolve,
cria uma coisa humana, sem formalidades. Ali é a vida como ela é. Constatamos
assim, que o indivíduo possui uma formação psicológica baseada numa criação
social. Tomando a história como um reflexo da realidade e como habilidade
humana em cogitar sobre suas experiências sociais e subjetivas, encontra-se
aqui um reflexo da sociedade em suas mais variadas formas.
O
livro que você tem em mãos não carrega uma mensagem transformadora de conduta,
mas confirma a imaturidade aparentemente perene de um homem incapaz de
reconhecer o mal que fez a si próprio. Não é um livro genial, mas muito bom.
Com boa mistura de questões sociais e existenciais, por meio de um estilo bem
ajustado, onde se pode analisar a sociedade como sendo nada mais que um
conjunto de seres que dão vazão aos seus instintos, assim como todos os demais
animais irracionais, mas que se acham civilizados.
Quem
sabe tudo isso se trata de uma ironia? Alguém até poderá dizer que se deixou
levar por algo um tanto cru e desprovido de poesia e beleza. É o texto pelo texto, a palavra pela palavra,
o fato pelo fato. Sem metáforas, sem subterfúgios. Mesmo assim prende até a
última página. O jeito de anti-herói de Zoio cativa da forma mais estranha, mas
cativa! Em resumo, é um livro muito bom, que se lê sem esforço, sem cansaço,
com crescente interesse. Um livro que mostra a vida em sua essência: perigosa e
selvagem!
Maria Mineira
São
Roque de Minas/MG
Acredito que entrega-se o prefácio de um livro para quem se conhece bem e tenha inteira confiança, assim sendo foi uma honra ter sido escolhida para escrever o prefácio de Espinho de Roseta. Li cada capítulo e tenho certeza que a dedicação do autor valeu a pena. Sucesso meu amigo!
Acredito que entrega-se o prefácio de um livro para quem se conhece bem e tenha inteira confiança, assim sendo foi uma honra ter sido escolhida para escrever o prefácio de Espinho de Roseta. Li cada capítulo e tenho certeza que a dedicação do autor valeu a pena. Sucesso meu amigo!
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2 comentários:
É sempre muito gratificante receber um convite para apresentar ou prefaciar uma obra, mas quando se trata de sua obra, meu amigo Carlos Lopes, o prazer é ainda maior, pois tive a honra de acompanhá-lo desde o seu primeiro trabalho publicado e sei de quanto esmero está envolvido em cada um de seus livros. Obrigada pelo convite e desejo que Espinho de Roseta seja um sucesso. Um abraço.
Celêdian
Acredito que entrega-se o prefácio de um livro para quem se conhece bem e tenha inteira confiança, assim sendo foi uma honra ter sido escolhida para escrever o prefácio de Espinho de Roseta. Li cada capítulo e tenho certeza que a dedicação do autor valeu a pena. Sucesso meu amigo!
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