Meu
querido compadre era conhecido como Zé do Meio. Carreiro dos bons veio morar de
agregado, na fazenda de meu pai, lá pelo século passado por volta do ano de
1955.
Papai era apaixonado pelos animais pintados em branco e preto, cuja cor era
conhecida como baietona. Zé, amansou várias juntas de bois, com as quais
desempenhava com grande capacidade o papel de carreiro.
Substituiu
outro carreiro, que após prestar serviços por muitos anos mudou-se para Goiás,
o saudoso Vicente Roque, que me carregou no colo muitas vezes, agradando–me com
as mais deliciosas balas doces, que chupei em toda a minha vida. Dois grandes
amigos. Vicente me viu nascer, Zé do meio me viu crescer. Mais tarde tornamos
amigos e compadres, íntimos, e confidentes. Ensinou-me muitos trabalhos
braçais. Construiu minha primeira casa residencial, ele como pedreiro, e eu
como servente. Além de carreiro, exercia a profissão de pedreiro. Contador de
anedotas das mais cabeludas. Contava sempre as aventuras de um papagaio, danado
de sabido, de propriedade de um fazendeiro onde, ele, Zé Meio fora criado. O
papagaio muito sabido, em um dia de festa na fazenda, entrou para o banheiro,
ventava muito e a porta se fechou. Um caboclo meio grogue querendo usar o
banheiro batia na porta o cravo dizia: - tem gente! Daí a pouco o caboclo
voltava, o mesmo ritual era repetido pelo cravo. Já de saco cheio o caboclo
perdeu a paciência, meteu o peito na porta e entrou. O papagaio deu um berro de
toda altura: – que bonito em seu tonto... E se eu estivesse cagando? – O cara
pê da vida, pegou o papagaio torceu ele bem torcido e enfiou dentro da descarga
de um caminhão estacionado no curral da fazenda. Algum tempo após, o papagaio
voltou em si, começou a movimentar, muito tonto foi saindo aos poucos. Um grupo
de jovens conversava por ali, quando um deles exclamou: - veja que troço
engraçado saído deste cano de descarga! – Troço não... Cara... Eu sou mecânico
dessa bosta, aqui... Veja como fala comigo chiem!
Tempos
depois o patrão mudou-se para cidade. O papagaio tornando-se cada vez mais
eficiente em seu aprendizado. Aprendeu a rezar e cantar os cânticos das
procissões.
Descuidaram dele, suas asas cresceram, um belo dia ele fugiu. Passado um ano,
mais ou menos, uma grande surpresa tomou de assalto à cidade, em coro
sobrevoado, um bando de papagaios cantava o pai nosso na frente outro bando, um
pouco atrás respondia exatamente como de costume nas procissões das grandes
festas realizadas na cidade.
Segundo meu compadre o papagaio fujão evangelizou milhares de outros, que veio
homenagear a padroeira da cidade.
Autor: Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG
Um comentário:
Se é verdade, é o que menos importa.
Boa história, Carlos!
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