¨Escrever talvez seja tornar tangíveis os entrelaçados fios do
pensamento. Daí, surge a necessidade de criar histórias e sentimentos em forma
de letras. Contá-las é um modo de entreter e viver outras vidas, por meio de
cada personagem. Há semelhanças em se tratando de escrita, mas a maneira de
apresentar cada fato, muda de uma narrativa para outra, fazendo a diferença
entre ser ou não ser lido. Com certeza, a literatura ainda é essencial para
muitos, ou seja, um prazer sem explicações. É um universo onde se pode colocar
vida e expressar opiniões¨.
Blog Gandavos
Recife PE
Autor: João Batista Stabile
Eu sou casado e tenho um filho de doze anos, nasci em 28 de abril de
1961, em Presidente Alves interior de São Paulo, numa fazenda de café onde
morei e trabalhei na lavoura até 1982 quando mudei para cidade e fui trabalhar
em outra fazenda de café, onde fui escriturário e depois administrador. Parei
de estudar em 1979 quando concluí o ensino médio como é chamado hoje.
Em 1989 mudei para Marília também interior de São Paulo onde moro e
trabalho como Funcionário Público Estadual, em 1999 depois de vinte anos longe
das salas de aula, ingressei no curso de Ciências Sociais pela UNESP –
Universidade Estadual Paulista, concluindo em 2003, bacharelado e licenciatura.
Pergunta 1 - Quando e como surgiu seu interesse pela leitura e escrita?
Resposta - Enquanto eu trabalhava
na zona rural não tinha tempo e nem interesse em ler, só depois de alguns anos
trabalhando no estado já com mais de trinta anos, passei a interessar-me pela
leitura. Quanto a escrever foi em 2010, já com quarenta e nove anos com um
filho com seis anos, pensei em escrever como era nossa vida na fazenda, como as
crianças e jovens viviam naquela época, as diversões, as dificuldades, enfim o
cotidiano da vida rural nos anos sessenta e setenta, para que meu filho depois
de grande lesse e tivesse uma ideia de como era nossa vida sem a televisão,
computador, internet, celular e brinquedos eletrônicos.
Escrevi alguns textos e parei por um tempo, em 2012 por acaso encontrei o
site Recanto das Letras e decidi publicar um texto, vendo os comentários das
pessoas que leram, principalmente dos colegas do Recanto fiquei animado e
escrevi outros. Quero registrar aqui que no Recanto das Letras a primeira
pessoa que leu meu texto e fez um comentário carinhoso foi a amiga Maria
Mineira, depois vieram outros que ela leu e sempre tinha uma palavra de
incentivo, o que ajudou-me a continuar escrevendo.
Pergunta 2 - Quais
foram seus livros preferidos quando era criança e os livros favoritos atualmente?
Resposta – Quando
eu era criança não lia, na juventude só li os livros de leitura obrigatória
para fazer trabalho valendo nota. Destes eu gostei muito de “A Ilha Perdida” de
Maria José Dupré e “O Cortiço” de Aluísio Azevedo, depois de adulto os li novamente
agora por prazer.
Quando comecei o gosto pela leitura eu li vários livros de José Mauro de
Vasconcelos, José de Alencar, Francisco Marins, depois com o tempo muitos
outros autores brasileiros como, Machado de Assis, José Lins do Rego, Erico
Veríssimo, Jorge Amado, Aluísio Azevedo, Graciliano Ramos, alguns de Rubens
Alves e somente “Grande Sertão Veredas e Sagarana” de Guimarães Rosa. Dos
estrangeiros eu li Eça de Queirós, Dostoiévski, Tolstói, Charles Dickens, Zola
e outros. Atualmente eu gosto de romances e contos nacionais ou estrangeiros.
Pergunta 3 - Quais escritores são suas fontes de
inspiração?
Resposta – Quando
comecei a pensar em escrever a leitura desses autores que citei e outros,
ajudaram a amadurecer a ideia mas o que me inspira são as lembranças do
passado, o cotidiano de uma vida simples, principalmente a rural que se perdeu
com o avanço da tecnologia e a globalização.
Pergunta 4 - De que forma o conhecimento adquirido, seja
pelo senso comum, ou pelo meio acadêmico, ajuda na hora de escrever?
Resposta – Eu
penso que o conhecimento acadêmico pode dar a base e até moldar a forma de
escrever, mas o conhecimento adquirido pelo senso comum é a bagagem necessária
ao escritor, sem esta não é possível escrever.
Pergunta 5 - Segundo o
escritor Rubem Fonseca, “a leitura, a palavra oral é extremamente polissêmica.
Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está
lendo, esta é a vantagem da leitura". É isso mesmo? Concorda com essa
proposição?
Resposta – Concordo.
O interessante da leitura é isso a possibilidade de viajar na imaginação, dar
características aos personagens e cenários conforme os nossos conhecimentos e
ler nas entrelinhas o que o autor deixou implícito no texto.
Pergunta 6 - Ainda segundo o
Escritor Rubem Fonseca: “um escritor tem de ser louco, alfabetizado,
imaginativo, motivado e paciente.” É o suficiente para ser um bom escritor?
Resposta – O
escritor tem que ser alfabetizado, claro não tem como escrever se não for
alfabetizado, motivado também, pois a motivação leva a imaginação necessária
para escrever e paciente porque nem sempre as coisas saem como imaginamos.
Pergunta 7 - Para qual público se destina sua criação?
Resposta – Escrevo
para pessoas comuns que tenha a capacidade de se encantar com as coisas simples
da vida.
Pergunta 8 - Como funciona o seu processo de criação?
Quais sãos suas manias (ritual da escrita)?
Resposta – Não
sigo um ritual fixo para todos os textos, as vezes passa tempo sem ter uma
inspiração, de repente uma cena, uma conversa, uma lembrança de um caso
acontecido ou contado por alguém, surge uma ideia, aí sento e escrevo ou
acontece também de ter uma ideia, aí fico pensando formando mais ou menos o
texto na cabeça só depois sento para escrever. Mas nos dois casos eu escrevo
tudo de só uma vez, conforme vem à cabeça, depois no mesmo dia ou no outro vou
relendo, acrescentando alguma coisa, tirando outra, trocando palavras até ficar
do meu gosto.
Pergunta 9 - Em geral, os seus personagens são
baseados em pessoas que você conhece, ou são ficcionais?
Resposta – Os personagens dos
contos que escrevi são baseados em pessoas que conheci, nos causos são
ficcionais mas alguns destes tem características de pessoas conhecidas.
Pergunta 10 - Você tem outra atividade, além de escrever?
Resposta – Sou
Funcionário Público Estadual e junto com minha esposa e meu filho fazemos
alguns trabalhos voluntários na paróquia que frequentamos aqui em Marília, leio
bastante e o pouco que escrevo é somente por prazer.
Pergunta 11 - Você faz parte das Coletâneas Gandavos. Qual
a sensação de participar ao lado de escritores de várias regiões do país?
Resposta – Não.
Mas gostaria muito de um dia fazer parte das Coletâneas Gandavos, tenho certeza
que será uma experiência muito gratificante estar ao lado desses escritores,
entre eles tem vários que conheço e admiro muito.
Pergunta 12 - O financiamento coletivo e a publicação
independente têm se mostrado a opção das publicações Gandavos. Quais são os pontos positivos e negativos
desse tipo de publicação?
Resposta – Mesmo
não tendo participado creio que não existe pontos negativos, o financiamento
coletivo é uma forma de divulgar o trabalho do autores desconhecidos por um
baixo custo, o que é interessante para todos.
Pergunta 13 – Você já fez publicação de livros sozinho,
seja impresso ou virtual? Quais e como o leitor pode adquiri-los?
Resposta – Não.
Pergunta 14 - Qual mensagem você
deixaria para autores iniciantes, com base em suas próprias experiências?
Resposta - Se
você gosta de escrever, escreva se receber uma crítica aprenda com ela, se
receber um elogio, procure melhorar ainda mais e lembre-se pode ter muita gente
que não goste do que você escreveu, mas sempre tem alguém que vai gostar.
6 comentários:
Uma entrevista bonita, limpa e bem conduzida.
Obrigado. Ana Bailune.
Parabéns amigo João Batista pela bela brilhante entrevista, suas respostas nos mostra sua humildade seu caráter e sua dignidade fazendo de você um escritor!
Abraços de seu amigo//Geraldinho do Engenho...
Obrigado amigo Geraldinho, pela leitura e gentil comentário. Abraço.
Muito bom ler sua entrevista! Creio que temos algo parecido em nossa escrita, o fato de ter morado na roça transmite certas características aos nossos personagens!
Obrigado amiga Maria Mineira. Um forte abraço.
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