sábado, 24 de janeiro de 2015

A Quinzena do autor: Denise Coimbra

Autora: Denise Coimbra

Nasceu em 1965, em Bom Despacho, Minas Gerais. Psicóloga graduada e pós graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro, ocupante da cadeira 21, da Academia Bom-Despachense de Letras, tendo Hilda Hilst como patronesse.
Em 2007 participou do Concurso de Contos  do SENAC Minas  e teve o  conto  “A Primeira Vez” publicado na revista eletrônica do SENAC.
Publicou em 2014 o livro de contos 54, Rua da Alfândega
As 24 histórias do livro nos trazem personagens tão fascinantes em sua simplicidade e tão coerentes no seu transitar pela vida. Homens, mulheres, crianças e suas histórias de vida. Eles existem, são reais em um universo paralelo ao nosso de leitores, profissionais das letras, acadêmicos: são funcionários públicos, carteiros, passadeiras, esposas e maridos e filhos e filhas tão dignos em sua dor e tão verdadeiros em sua alegria. Conseguimos ver-lhes o rosto perplexo, impassível, sofrido, ansioso, belo, questionador e resignado.
O trabalho, o exercício da profissão que dá suporte aos homens, e a vida, que segue inexorável seu curso, são objeto deste trabalho de estreia de Denise Coimbra. É um livro de fino observador da alma humana, repito. É uma leitura densa e ao mesmo tempo delicada. Daquelas que nos levam a diminuir o ritmo nas páginas finais, como a evitar que o livro acabe.
Além de contos, crônicas e poesias, Denise está escrevendo o seu primeiro romance.

Renascimento

Soturna e enigmática, a mulher dormira naquela noite.
No dia seguinte, realizara toda a rotina da casa, do trabalho e da família. Sensação de missão e dever cumpridos – relembrara, fixando as estrelas.
Desde então, a madrugada tornara-se um guia para longas caminhadas. A poeira fina no rosto mostrava-lhe o caminho da vida, traçado anteriormente, ao qual ela teria que retornar rapidamente, sob pena de perder-se por entre as novas paisagens que, vagarosamente, surgiam em sua mente.
Contudo, aos poucos, percebera que aqueles passeios diários alimentavam em seu espírito uma vontade imensa de tornar a vida mais intensa e apetitosa. A sensação que tinha é que a sua vida anterior oscilara entre ansiosa e ociosa. Portanto, fazer algo diferente era premente dentro dela.  A mulher que fora nunca mais seria.
Decidiu então que, juntamente com o fim daquela estação, ela também se transformaria. Deixar-se-ia renovar como os galhos das árvores em seu pomar e abriria seu ventre para as sementes que a vida plantaria dentro de si.
Para isso, na madrugada seguinte, banhou-se no rio ao fundo do seu quintal, colocou uma roupa nunca usada e saiu em direção ao nascer do sol.
Nunca mais voltou.

Pequena Crônica do Cotidiano

Para Elisete

Leio. Sentada no banco da praça, meus olhos passeiam pelo entorno e encontram um homem que fuma e olha a bicicleta que descansa o pedal na ponta do passeio. Com ele uma garrafa de cerveja para beber a vida solitária e triste mais tarde e em casa.
Um cachorro modorrento e outro lépido, habitantes comuns do lugar, se aproximam e se afastam de mim e do homem tranquilamente. Em seguida, um deles corre e se esbalda na areia. Como um pêndulo, a minha infância no balanço do tempo.
De lá e de cá duas moças cortam o caminho pela praça. Nas mãos, as marcas da vida embrulhadas em sacolas de supermercado.  Uma delas pára, sorri e seus olhos atentos, lêem as muitas histórias que a vida narrou em mim.
O menino de bicicleta serpenteia, equilibra, dá voltas em torno de mim e me encanta com seu jeito instigante e radiante numa espécie de galanteio mirim.
Duas mulheres, à porta da casa, cochicham, especulam sobre a leitora inédita sentada na praça entre montes de entulhos e lixo esparramados pelos quatro cantos e os poucos canteiros. Cismadas, entram e trancam o portão: não querem mais saber dos poemas sujos, versos toscos e  textos ímpios que a comunidade deposita todos os dias na porta da casa delas.
Quase colado à praça vejo o cemitério e relembro: meus avós, meu pai e meu tio estão ali. Entre rosas, vasos, velas e orações deposito o meu silêncio e a minha saudade.
Neste momento, o telefone toca: hora de buscar minha filha. Fecho o livro. Pego a chave do carro e o celular. Caminho até o carro e começo a escrever uma pequena crônica sobre o cotidiano.
                                  
O Portal da Liberdade
                                                                                                         
Era uma vez um menino que nasceu no dia 15 de novembro.  Muitos anos antes dele nascera também neste dia a República do Brasil. Motivo duplo para a comemoração! O ano, nem tanto! 1967 era mais um dentre os muitos sombrios e tristes provocados pela cruel e silenciosa Ditadura Militar no país.
Alheio ao contexto opressor e político, crescia o menino que gostava muito, muito mesmo de brincar. Percorria léguas ao encontro de um esconderijo na mata para construir uma cabana e esconder-se dos inimigos ou da turma rival. Jogava bentes altas, bolinhas de gude, finca e futebol na rua. Andava de bicicleta, carrinho de rolimã e patinete. Era um menino alegre e muito curioso, como todo e qualquer menino, de toda e qualquer parte do mundo.
Aos seis anos de idade, na cidade do interior de Minas Gerais onde nasceu e vivia, o menino foi levado pelos pais a descobrir um tesouro: a Escola. Foi uma experiência marcante. E o menino passou a frequentar regularmente aquele local tão diferente e cada vez mais intrigante. No início, ele relutou bastante porque, para ele, não lhe sobraria muito tempo para jogar, fazer peripécias e brincadeiras que ele adorava inventar. Sabia que a meninice era a vida no auge do seu encanto. Queria-a toda e inteira guardada no seu coração infante. 
Por causa disso, levou uma surra. O pai, sabedor da beleza e da riqueza contidas naquele tesouro, teve uma reação impensada, ignorante, mas que foi perdoada pelo menino. Rapidamente compreendeu que o pai queria que os olhos e as pernas do menino alcançassem o mundo, numa outra forma de conhecimento: vasto e amplo.
Muito abrangente tornou-se a experiência do menino naquele mundo e dali em diante. Com suas perguntas, incógnitas e anseios, o tesouro, ao invés de diminuir, se duplicava, triplicava, não tinha fim. E sabem por quê? Porque o menino e o tesouro tornaram-se um só.
Mas a vida lhe reservara uma surpresa maior e extremamente rica. O menino descobriu-se outro, no meio de outros meninos, que liam, noutros cadernos: os livros. Correu para o pai e suplicou ao menos um! Suas capas, histórias deslumbrantes aguçaram o desejo do menino. Queria transformar-se. Queria tomar posse. Exigia apressado e intransigente, atitudes típicas de um menino.
O pai, que aprendera a conhecer profundamente o filho, tomou-lhe as mãos e caminharam até um portal, o único daquela cidade, quiçá da região. Adentraram, e o menino ganhou de presente todos os livros guardados no maior tesouro nunca antes visto por ele: a Biblioteca Pública da sua cidade. Eis o portal da Liberdade dele e de todos os meninos de toda e qualquer parte do mundo!

Maria, a lavadeira

Maria, a lavadeira, leva trouxa ladeira a baixo e a cima. Todo dia, na mesma hora, no mesmo ritmo. Em cima do muro, a molecada grita, faz chacota e brinca com ela. Vida dura, mas digna, responde a mulher sempre resoluta e firme. Só fraqueja um pouco quando chega a casa e vê Clarinha se arrastando pelo chão, comendo insetos mortos. A mãe tem pânico que o mesmo aconteça com a filha, nas horas em que sai para o trabalho e a deixa sozinha, às moscas. Mas o trabalho que cansa o corpo alimenta a alma, pensa a mulher enquanto lava as roupas.
É como se, em cada esfregar, em cada ensaboar, em cada enxágue, a vida limpasse, destruísse as mágoas, a pobreza, a revolta e as transformasse em cuidado, em beleza, em esmero. Como aquele vestido que ela pediu a Eunice para fazer e que vai usar na noite do novo ano que vai chegar na manhã seguinte. Só espera que a costureira lembre que o vestido tem que ter o corte bem reto, que, de torta, já basta a coluna que foi estragada pelo peso das trouxas, que a vida lhe pôs muito cedo na cabeça, quando, aos oito anos, saiu com a mãe de Teresina, depois que o pai surrou a coitada, por causa de um tal Josemar. 
Nenhuma palavra sobre isso nem quando chegaram a São Paulo, nem ao final da vida dela. Ficou sempre uma questão para a menina, já mulher, também maltratada pelo homem que escolhera. Parecia que aquele trabalho, que tanto a machucara - calo nas mãos, pele e cabelo queimados - também a salvara, não da pobreza, mas da miséria, tanto do corpo quando da alma. Ninguém poderia entender o que ela sentia quando lavava, esfregava, torcia, esticava as roupas e separava as peças antes de montar a trouxa.
Cada peça tinha um lugar certo para dar equilíbrio e permitir que o nó fosse dado e prendesse a trouxa de forma igual e, com isso, impedisse que nenhuma parte da roupa lavada ficasse à vista, evitando a sujeira e o mal olhado das colegas, que às vezes perdiam o trabalho por causa da sua fama, que já não era pequena. Rápida e caprichosa, entregava as roupas no prazo combinado. E a clientela aumentava dia a dia.
Nessas horas, pedia proteção a Deus e agradecia à mãe por ter lhe ensinado aquele ofício, já que viver no vazio, sem ocupação, era a maneira mais triste de viver, pois era como se ela deixasse de existir, não só para si mesma, como para todo o resto do mundo. Mesmo que esse todo o mundo fosse o resto esquecido, pelos governantes e até por Deus, relembrava Maria nos seus momentos de maior desolamento e desânimo, quando não lhe entregavam roupa, naquele tempo em que tivera que mudar com a filha por causa da violência do homem que escolhera. Ela o acolhera bêbado e sem rumo, há quinze anos, e fora parar naquele barraco, sem teto, abandonado, depois que a polícia fez a limpeza daquela boca de fumo.
Agora, com a nova clientela, já definida, Maria faz planos. Ajudar a filha nas escolhas que ela vai ter que fazer na vida. Pede a Deus e à mãe, em oração, que ela não faça escolhas tortas, ou não carregue peso maior do que aguente. E que escolha, sim, um trabalho que a complete, que a realize e que lhe permita ser mulher digna.
No último enxágue, a lavadeira viu seu rosto na água cristalina e sentiu que estava pronta para vestir, dali em diante, a vida branca e limpa, como aquele vestido que ela usaria no dia seguinte.

Do livro,  54, Rua da Alfândega


Amizade

Quando veio de Portugal para o Brasil, Joaquim Braga ficou muito triste, pois deixara seu amigo Antônio Cerqueira em Lisboa. Para não se esquecerem um do outro, fizeram um pacto. Escreveriam cartas todos os dias contando as novidades para manter a amizade em dia.
E assim foi durante os oito primeiros meses até que, ao final de um ano, as cartas foram diminuindo tanto, tanto, que após o Natal já não havia mais nenhuma. Joaquim sentiu um vazio tão grande, medido mais ou menos na distância do oceano que os separava. Decidiu, então, voltar a Portugal e rever o amigo para entender o que estava acontecendo. O questionamento acerca do valor da amizade e dos motivos da ausência das cartas durou o tempo da viagem.
No Ano Novo, já em Lisboa, deu de cara com Antônio sentado à frente do computador, escrevendo um livro de memórias.Saíram para beber e colocar a conversa em dia. Ficaram juntos uma semana.
Ao voltar para o Brasil, Joaquim levara o livro que ganhara de presente do amigo. A leitura do livro durou o tempo da viagem. Já a dedicatória permaneceria para sempre em sua memória. Antônio escrevera: “Ao amigo Joaquim, para além da promessa e da distância...”

Do livro,  54, Rua da Alfândega

Memória

Trago em mim lembranças. A maioria delas, fruto de minhas vivências. Outras, de tão bonitas, tomei-as emprestadas. Numa espécie de embelezamento da vida que insisto em manter até a morte. Mas não quero ser enterrada. Prefiro ser cremada. Partes minhas, em todos os lugares, espalhadas na terra, pelo vento.
Há vinte anos, meu avô, assim como o de Mariano, contado por Mia Couto, fingiu morrer para me ter por perto e recontar suas histórias. Queria assim alongar conversa, como gostava de dizer quando me convidava para sentarmos à porta de sua casa. Ávida de suas memórias, encolhia-me feito um tatu-bolinha e alimentava de palavras e de sentido minh’alma vazia. Enroscada em suas pernas, entrelaçava cada vez mais a sua vida na minha.Por sorte, quando ele morreu de verdade, parte dele já era tão minha, que não senti tanto a sua morte.
Além do fato de que ele eu fizemos um pacto de reminiscências. Eu iria visitá-lo todos os dias, para espichar conversa, nos momentos de solidão e saudade, numa espécie de prolongamento da vida, numa afronta ao silêncio e mistério da morte.

Do livro,  54, Rua da Alfândega

Agosto, o mês do desgosto

Telefonei para uma amiga para desejar-lhe um dia alegre e bem proveitoso pois hoje, vinte e nove de agosto  é o dia do  aniversário dela. Aparecida nasceu e vive em Coimbra, Portugal para onde viajei em busca de informações sobre a origem da minha família. Resultado: fiz mais amigos do que pesquisas. Desde então, fortes motivos para retornar não me faltam: revê-los e finalizar a pesquisa.
Antes da ligação, eu e minha mãe conversávamos sobre crendices e  supertições a respeito do mês de agosto ser considerado o mês do desgosto. Acreditem ou não, minha amiga elucidou a questão com o seguinte fato.
            As viagens marítimas portuguesas em busca das novas terras ocorriam em agosto, por causa disto, casar durante esse mês era “sinônimo de ficar só, sem lua-de-mel e o mais triste, viúva”. Com o descobrimento do Brasil, essa história atravessou o oceano, explica  minha amiga, do outro lado do Atlântico. Conversamos um pouco mais e, pesarosas, nos despedimos com a promessa de uma visita marcada para o ano vindouro. 
Entusiasmada, relatei para a minha mãe o que Aparecida me esclarecera.  Com um ar brejeiro e um tom de deboche , ela narrou a seguinte história.
Em Portugal, no ano de 1666, D. Maria Francisca de Sabóia, uma rainha ambiciosa e    repleta de ardis, preocupada com as queixas das mulheres portuguesas sobre o fato de que os portugueses que viajavam para o Brasil não retornavam à  terra natal porque preferiam viver aqui e casarem-se com as nativas, mandou espalhar boatos  nas terras brasileiras, de que casar em agosto dava azar. E, para completar, divulgou também o boato de que todo português é burro. Não deu outra. De lá pra cá, quase nenhuma brasileira se casa em agosto e, poucas arriscam o matrimônio com os portugueses.  E, assim, desde os tempos remotos, acirraram-se as rixas e zombarias entre os povos.
Incrédula, eu ainda ouvi minha mãe reafirmar: esta história foi contada em 1910 durante as comemorações da Festa de Nossa Senhora do Rosário, numa roda de conversa em Ibitira, por uma tataraneta de Chico Rei que trabalhava na mesma fazenda que meu avô.
Não tenho como confirmar a veracidade dos relatos. Não se duvida de amigo, muito menos das histórias que a mãe da gente nos conta. Para finalizar, lembro-lhes que agosto é o mês do folclore. Registro aqui minha deferência a Luís  da Câmara Cascudo, que colheu no seu cesto literário, o tesouro das lendas brasileiras e, assim nos fez mais ricos e sensíveis na demonstração e divulgação da nossa cultura. Oxalá seja esta pequena crônica mais uma invenção, pura ilusão transmitida de geração a geração! 

Dúvida

Dizem uns que a dúvida acompanha o homem desde que Shakespeare se perguntou: To be, or not to be... Outros contrapõem, dizendo que foi com Adão. Que não sabia se queria ser como Deus ou como Eva o preferisse. Manuel, que estava alheio a esse questionamento, coçava a barba enquanto pensava se pedia Margarida em casamento. Afinal de contas, todos diziam que o homem, depois do casamento, muda muito, e ele tinha um pouco de medo disso.
Acostumado ao futebol, à cerveja aos sábados e à leiturado jornal toda a manhã de domingo, não sabia se queria mudarisso, pois mulher adora mudar a ordem das coisas. O pai sempredizia isso, embora risse ao mesmo tempo em que dava um tapa na b... da sua mãe, deixando escapar ali uma certa cumplicidade e alegria por ter alguém que o tirava de si mesmo, ainda que fosse um pouco.
Pena o pai não estar ali para aconselhá-lo, morrera há cincoanos. Manuel sentira tanto, que nunca mais passara em frente ao hospital para onde o pai chegou a ser levado, mas morreu naentrada, de mãos dadas com a vizinha que o socorrera. Dizem que o coração de músico é mais sensível à dor. Por isso, o infarto fora tão fulminante.
Teria que decidir sozinho. A dúvida cruel que se instalara dentro dele dava-lhe socos no peito que o deixavam sem ar. Correu até a janela da sala para respirar melhor. Na calçada em frente, viu um menino de mãos dadas com o pai. Pareciam ir para a escola. De súbito, o menino agarrou as pernas do pai e pareceu suplicar-lhe algo. O pai abaixou-se e, antes que o tomasse em seus braços, o menino trançou os bracinhos ao redor do pescoço dele e o abraçou com força.
Emocionado, Manuel se afastou da janela decidido. Iria se casar com Margarida. Abraçaria a nova vida como aquele menino, sem dúvida, nem reservas.

Penélope às avessas
Os fios do amor
Quero tecer
Nos dias à tua espera

Quero que me cubras
Com o manto da esperança
Enquanto tu não regressas
...

Na tua demora
Volúpia e paixão
Me descobrem

Penélope às avessas
Pretendentes
À mão

Distraio
Da tua ausência
Envolta em minha solidão!

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enquanto chove
a saudade goteja 
em mim

meu coração inundado
pelas lembranças
naufraga
num mar de lágrimas

enquanto chove
a solidão me atormenta
toma posse de mim

enquanto chove
o amor em dilúvio
desaba em mim!

Legado
Denise Coimbra

Vive dentro de mim
A poesia natureza
Mãe de todas as mães
Solo tenro e enraizado

Carne da minha carne
Cerne do meu ventre grávido
De palavras e de alento

Mãe de todos os versos
Cria, recria, rejuvenesce

A dureza da vida
Amaina
O gesto bruto
Enobrece

Oh! Criatura iluminada!

Tece Aninha
Seus poemas-prece

Semeia no vaso
A língua-porcelana
E oferta ao povo
Doce sua profissão!

Com o coração em Cora Coralina.
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____________________
Nas veredas por onde trilha o amor...
Doce a tua palavra
Beija o céu da minha boca...

Tua língua
Semântica
Lambe, absorve
A sintaxe do meu desejo

Na etimologia do amor
O meu
No léxico
Do teu

Na regência do amor
O teu
Sintagma
Do meu!

Na gramática do nosso amor
A conjugação insana do verbo
Amar

O amor não cabe
O amor não sabe
Se metáfora
Ou metonímia

Na dramática do nosso amor
O desejo rouba a cena
e deixa no ar
a nossa história...

Autora: Denise Coimbra - Bom Despacho/MG
Publicação autorizada pela autora


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