quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Amigos - Autor: Ricardo Garopaba Blauth



ESTA CRÔNICA
É DEDICADA ÀQUELES
QUE SABEM
QUE SÃO MEUS AMIGOS
EM ESPECIAL À UM
QUE JÁ PARTIU
HA MUITO TEMPO :

"LEONIDAS BESSA SIMÕES"


AMIGOS

Quantos amigos você tem?
Estou perguntando por AMIGOS !
Não por pessoas que você conhece, talvez há bastante tempo.
Estes, acredito eu, são seu “círculo de conhecidos , a galera do happy hour, a turma do futebol, do cafezinho, da cerveja, do chimarrão, da tertúlia..... enfim..... a tribo.”

AMIGOS, como estou perguntando, são aqueles raros, com quem você é confidente, tem afeto natural e espontâneo, em que a amizade ultrapassa todos os obstáculos. Amigos, como eu os penso são em numero reduzido. Amigo é aquele que diz algumas vezes o que você não quer, mas precisa ouvir. Amigo é aquele que nunca te vai “deixar na mão”, aquele que ouve e é ouvido. Aquele com quem você não tem nem precisa ter expectativas.
AMIGO o é.... e pronto !

Amigos verdadeiros podem ser “transitórios” ou ‘passageiros”. Alguns o foram na sua infância, adolescência e a vida adulta ou profissional os fez seguirem caminhos distintos.

Amigos verdadeiros independem de raça, credos ou sexo. Independem de filosofias, de pensamentos, ou convicções.

Amigos verdadeiros são algo tão precioso em sua vida que sua ausência nos causa saudades. Amigos estão sempre lá, independentes de distâncias e hoje com as tecnologias disponíveis estão mais próximos que nunca.

Amigos se guardam dentro do peito, com carinho e amor. Amigos, amigos nos fazem acreditar na Vida e nos ajudam nos percalços que ela nos “oferece” de tempos em tempos. Com eles “ao nosso lado” somos capazes de cair e levantar vezes e vezes sem conta.
Sua “energia” está sempre em sintonia conosco.

Amigos
Sempre conosco
Fazem a vida
Ter mais sabor


Aconteceu ontem - Autor:Ricardo Garopaba Blauth

Ontem remexendo no meu atelier encontrei bem armazenadas  obras em vários estágios. Algumas prontas, outras interropidas e que revi com alegria, Comecei a pensar sobre o assunto que nos prende a coisas que fazemos e não compartilhamos, deixando "escondido" de olhares alheios......Lembrei então de um episódio que relatei num texto que já aqui no blog postei. Ai vai ele......quem sabe me faz compartilhar ainda mais....................

ERA TUDO O QUE TINHA

A inocência elimina o medo de receber um não e desconhece o medo de fazer. A criança com seus objetivos e ausências de falsos pudores consegue nos maravilhar com suas espontaneidades. Existem muitas histórias, verdadeiras ou não, mas que refletem coisas que vamos perdendo a medida que crescemos. Recebi a pouco uma destas histórias. “Uma criança com menos de oito anos um dia entrou numa joalheria e disse que queria comprar um colar que estava na vitrine. O proprietário que a atendeu ficou assombrado pela determinação da menina e quis saber porque. Ela então contou que há muito tinha perdido a mãe e queria dá-lo a sua irmã que dela se encarregou desde então. Quis então saber o proprietário se tinha idéia do valor do colar, não disse a menina mas acho que é bem caro por isto por ele vou lhe dar tudo que tenho, apresentando então as moedas que trazia num pano.” Quem de nós esta preparado a dar tudo que tem? Lembro agora um fato que me ocorreu no inicio de minha carreira de artista quando cada quadro que pintava era um pedaço de mim colocado num pano. Tinha uma tela especial para mim que retratava um pedaço das nossas aventuras familiares, viajando em campings. Era uma cena de Cabo Frio da qual gostava de modo diferenciado. Pois um rapaz visitando nosso atelier em Garopaba, lá pelos anos 94/95 se enamorou pelo quadro e soube que não estava a venda. Apesar disto vinha todos os dias e passava “horas” conversando com quem estivesse de plantão na galeria que mantínhamos aberta nos fins de tarde, sempre se referindo ao quadro que o fascinava. Assim se passaram dias e num destes reuniu “coragem” e perguntou qual seria o preço se eu decidisse vende-lo. Surpreso falei um valor. Voltou no dia seguinte para se despedir, pois estava voltando para casa e num supetão confessou o que todos já sabíamos. Amava aquela pintura e me oferecia “tudo que tinha” do dinheiro que reservara par vir a Garopaba. A importância estava longe do valor que lhe havia dito. Quando dei por mim já havia dito sim. Não me arrependo disto até hoje. Foi o quadro que mais prazer me deu em saber em novo dono. Lembro dele até hoje, e fico feliz por sabê-lo em mãos que souberam extrair de “tudo que tinham” o seu objetivo.
Autor: Ricardo Garopaba Blauth - Garopaba/Santa Catarina

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Interpretação de sonhos - Autor: Gustavo Gollo

Há uma crença generalizada entre o povo de que a interpretação dos sonhos consiste em arte divinatória mística assemelhada à quiromancia, ou à astrologia. É provável que esta última, verdadeira tolice, desperte muito mais atenção que a prática da interpretação onírica.

Embora a bíblia tenha divulgado uma forma mística de interpretação dos sonhos, entre tantas outras formas ladinas de tapeação exaltadas neste livro adorado, especialmente no episódio em que José desvenda os sonhos do Faraó, cabe buscar uma forma racional e testável de interpretação, independente de atributos mágicos ou misteriosos.

Creio que foi Sigmund Freud, pai da psicanálise, o primeiro a buscar uma interpretação racional do estranho fenômeno que encanta muitas de nossas noites, assim como sua versão “malévola”, o pesadelo.

Freud, como outros proponentes de linhas interpretativas para os sonhos, propôs uma espécie de “vocabulário onírico”, em que cada símbolo presente no sonho corresponde a um significado em nossa vida. Penso que, mesmo menosprezando tal correspondência, podemos compreender o sentido fundamental da mensagem enviada por nosso inconsciente.

Também acredito que os sonhos devem ser interpretados acoplando-se a eles as emoções nas quais vieram “embalados”, quero dizer, o relato de cada “cena” do sonho, deve incluir a descrição das sensações que as acompanharam. Provavelmente, a interpretação correta de um sonho terá um efeito análogo ao de “meter o dedo na ferida”, aguçando cada sensação a limites extremos, até que o verdadeiro significado do sonho venha à tona, diluindo os sentimentos inconfessáveis que obscureciam o fato então decifrado.

Em linhas gerais, o significado de um sonho será descoberto atribuindo-se à narrativa do sonho um significado simbólico, da mesma maneira que o faríamos com um texto altamente metafórico. As emoções acopladas a cada uma de suas cenas terão o papel de guia do intérprete, balizando cada sentido atribuído às cenas. A intensificação das sensações vividas durante o sonho tende a indicar o caminho correto para a sua interpretação, que provavelmente acarretará o esvaziamento final de todas as sensações correspondentes.

Uma consequência da correta interpretação dos sonhos consiste na eliminação de pesadelos. O esvaziamento emocional obtido através da interpretação retira do pesadelo toda sua carga opressiva, libertando o sonhador desse pesado fardo.

Autor: Gustavo Gollo - Rio de Janeiro/RJ
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Casamento - Autor: José Eduardo Antunes

O Brasil globalizado de hoje faz com que os casamentos acabem logo. O casal, sempre metralhado por notícias de corrupção, falta de emprego, falta de dinheiro para comprar o bem desejado; sempre a televisão comandando a moda, no bonzinho ou no ruinzinho fazendo nas novelas fictícias um falso exemplo de vida real. De repente o marido começa ir para o boteco “discutir futebol” ou para as “quebradas”. A mulher, também estressada, acha na traição a salvação de seus tormentos. Só tanto ele como ela não sabem que a outra ou o outro são instrumentos da mesma filosofia.
Como se diz no popular: Casamento é igual quebra molas; um mal necessário. E é verdade. Quando estamos só ficamos parecendo uma abelha perdida do enxame. Principalmente os homens, que na grande maioria perde a guarda dos filhos. Com raras exceções conheci algum homem que se separou e não afundou na vida, tanto física como financeiramente.
Independente desse pormenor, deveríamos cultivar mais o casamento porque sei que não é fácil. O dia a dia juntos nos faz cépticos com a gente mesmo. Se não tiver uma injeção de amor no dia a dia, viramos inimigos irmãos. Daí vem a idiota idéia da traição. O longe fica mais belo, o perigoso fica mais atraente, como se a gente não soubesse que se juntar com a amante ou amante, os quebra molas virão novamente e talvez com mais freqüência.
Termino esse artigo com a frase de um grande amigo que quando viu que seu casamento estava por um fio, chegou perto de sua mulher  e disse: “Olha aqui mulher, nós nem parentes somos! Se a gente acabar com nosso casamento vai ser ruim para todo mundo, inclusive para nossos filhos. Porque não tentamos o seguinte: Ninguém é igual, então você aceita meus defeitos, eu aceito os seus e quem sabe depois da gente acostumar viver desse jeito possamos  nos amarmos novamente”.
Autor: Zeduardo - Boa Esperança/MG
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra

Coisas e Coisas - Texto: Maria Coraci

Sou de escorpião, quase impulsiva, pura de sentimento, pura de alma e de coração. Sei que falo demais, muito mais do que deveria e precisava. Apego-me pouco nas coisas materiais, mas às vezes não peço permissão ao coração pra que certos sentimentos tomem conta dele, invada um pedaço de mim. Disseram-me que o coração torna tudo possível. Eu é que não vou ficar duvidando. Se me arrepender, coloco o arrependimento no bolso e sigo em frente. Afinal sou colecionadora deles. Convivo com a dúvida do "como seria se...” Estou aprendendo a me consertar, a remendar o coração. Aprendi a me levantar e estou me permitindo errar,me permitindo viver simplesmente e a me aceitar do jeito que sou. Com os meus erros veio o aprendizado e aquilo que não me faz bem, não dou espaço. Sei até onde eu posso ir e dou um passo de cada vez. Sou leviana em sentir pelos outros, viver pelos outros, principalmente pelos que convivem comigo,sempre  achando estar fazendo pelo melhor e decidir pelos outros as vezes se torna muito pesado. Estou aprendendo a dizer não e querendo a cada instante viver em harmonia comigo mesma. A não querer certas situações por mais tentadoras que sejam. Aprendendo a ser um pouco egoísta e a querer um tempo só pra mim,pra ver se consigo me suportar,me poupar de  certas dores. Estou me referindo de saber viver. A deixar de colecionar frustrações.Estou sentindo que se continuar assim no fim da vida,meu coração estará um remendo só. Mas,também senão tivesse passado por tudo isso não teria sido uma vida. Seria apenas uma janela, por onde teria visto  o mundo passar sem ter tentado, sem ter vivido.

O Amor não tem idade - Texto: João Bosco Andrade Araújo

Sinceramente, quando passou pela minha mente a vontade escrever algo para a posteridade sobre esse bonito casal de idosos, já pensei logo como não iniciar essa crônica com o famoso  clichê: “O AMOR NÃO TEM IDADE!”. Tudo bem, mas parece que só pra contrariar, comecei o parágrafo, mas resolvi logo colocá-lo como título. Não tive outra opção. E vamos ao que interessa.
Afinal, só mesmo quem teve ou tem o prazer de conhecer o simples casal a quem me refiro e dedico o que agora escrevo é quem concordará comigo em número, gênero e grau, creio eu. Caso contrário, também não ficarei chateado. Pensando bem, a dupla que está agora na berlinda, é um protótipo de uma convivência longeva e tranquila e por que não dizer, feliz? Sim, quando aquele casal passa passa pelo meu local de trabalho, nem que seja só para cumprimentar, não importa o tempo que fizer, ou seja, ou chovendo ou fazendo sol, frio ou calor, o que é interessante é que jamais se ouve sair da boca de um deles algum tipo de reclamação, comentário supérfluo ou pessimista sobre algum assunto, o que é peculiar às pessoas vazias.
O importante mesmo para esse casal é saber levar a vida e ser levado por ela, como bem interpretou num bonito samba o famoso Zeca Pagodinho. É um exemplo bonito e que deveria ser seguido por outras pessoas. Então é isso aí: é difícil mas ainda existe gente que sabe viver bem tranquilamente, transmitindo uma paz, um amor autêntico, apesar dos vários contratempos e vicissitudes desse mundo de meu Deus. Dá muito gosto, muito prazer de cumprimentar um casal de idosos assim, que caminha paulatinamente, ora de mãos dadas, ora abraçados, como se fossem recém-casados. É verdade que aquela faceta importante do amor carnal, o tempo se encarregou de levar com ele aquela libido, substituindo por uma linda sublimação, o que não os impede de nenhuma outra forma de carinho. Portanto, o imprescindível é que o amálgama ou a parte mais importante do seu alicerce, está ali estruturado e revelado pelo gesto daquele casal e, mormente, pela suavidade que transmitida por seu semblantes, apesar de castigados pelo tempo, trazem aquilo que poucas pessoas são capazes de transmitir: estou falando do PRAZER DE VIVER SEM MEDO DE SER FELIZ.
Texto: João Bosco Andrade Araújo - Joboscan - São Paulo/SP
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra
http://www.joboscan.net/

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O poeta e o defunto - Autor: Ivan Ferretti Machado

Os dois poetas caminhavam tranquilamente pelos calçadões da Avenida Paulista em sentido ao Metrô Brigadeiro naquela noite morna de Sábado.
Um dos convidados que participara do bate papo que rolou antes do sarau foi o Walmir Jordão.
Já estavam quase chegando à entrada do Metrô quando o Romero perguntou para o Machado:
----Será que lá no céu tem Sarau também?
----Sei lá! Porque você está perguntando isso? -- Indagou o Machado.
----Não é por nada não. É que, falando o português claro, já estamos pra lá de Maracangaia. Não demora muito e batemos a bota. Ai, então, de repente me veio esse pensamento. E cá entre nós; deve ser uma merda  chegar lá em cima e descobrir que não tem sarau.
----Mas como você tem tanta certeza que vai para o céu. Pode ser que de repente você embarca para o inferno.
----Bom... Pelo menos eu tento fazer o melhor. Agora para onde eu vou... Só Deus é quem sabe!
Argumentou o Romero.
----Vamos combinar uma coisa! Aquele que morrer primeiro volta para contar se lá em cima tem Sarau ou não! -- Propôs o Machado.
----Aceito! E você pode ter a certeza de uma coisa: caso eu morrer primeiro volto para te puxar o pé!
Desceram as escadas dando risada e foram embora.
Passaram-se uns dois meses e infelizmente, por um processo normal da vida, o Romero morreu. O Machado sentiu muito a morte do amigo, que sempre o acompanhava nos eventos literários que aconteciam pela cidade. Por um bom tempo ele se manteve recolhido em sua casa sem muito ânimo para atender aos vários convites que recebia dos amigos para irem a algum sarau.
Certa noite quando o Machado mal  havia acabado de deitar-se, sentiu alguma coisa puxando o seu pé. Rápido feito um corisco deu um pulo e ascendeu a luz. Quase caiu duro. Bem a sua frente lá estava ele. Ao vivo e a cores o seu amigo inseparável.
----Vate demônio! Suma da minha frente! Volta de onde você veio! – Gritou o Machado ao ver o Romero todo de branco dando risada diante dele.
----Calma Machado não precisa ficar com medo não! Eu só vim aqui para te dar duas notícias!
----Calma um caralho! Você já morreu e eu não quero papo com defunto não! Vai... Vai... Some... Some da minha frente!
----Você não se lembra do trato que nós fizemos? Quem morresse primeiro voltaria para contar se lá no céu tem sarau ou não?
Com muito custo o Romero conseguiu acalmar o amigo.
----Tudo bem! Você disse que voltou para me dar duas notícias! Quais são? – Perguntou o Machado.
----É verdade! São duas notícias; uma boa e outra ruim! Qual você quer ouvir primeiro?
----Me dê, então, a notícia boa primeiro, depois a ruim!
----Tudo bem! A boa é que lá no céu também tem sarau. Inclusive tem um que é apresentado pelo Haroldo de Campos, nos mesmos moldes daquele que o Frederico Barbosa e o Pezão apresentam na Casa das Rosas, quando eles iniciam com um bate papo entre dois poetas.
----Não brinca rapaz! Que legal! E a notícia ruim qual é?
----Bom... A ruim é que o Haroldo todos os meses, antes de começar as declamações,  também entrevista dois poetas, e no próximo sarau você será um dos entrevistados.
Autor: Ivan Ferretti Machado/SP
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O defunto bêbado - Autor: Geraldinho do Engenho

Estávamos no inverno, numa noite fria, a chuva fina e impertinente caíam fora de época, poucos transeuntes se atreviam a caminhar pelas ruas encharcadas. Passava das vinte horas e como não havia mais clientes a serem atendidos preparava-me para fechar a loja.
Um carro parou à porta era meu irmão com a família. Eu o atendi, apenas uma porta permanecia aberta por onde entrava uma correte de ar frio quase gelado. Ao sair o mano me chamou  atenção dizendo-me que havia alguém caído na rua próximo à esquina da praça. Juntos, atravessamos a rua para averiguar de quem se tratava. Era um conhecido, alcoólatra inveterado morador algumas quadras a frente. Com aparência mórbida e uma palidez fúnebre dava-se a impressão que já estava falando com São Pedro acertando suas contas. Meu irmão o examinou constatando que ainda respirava. Decidimos levá-lo a sua residência. Minha cunhada desceu do carro com as crianças, eu abri uma caixa de papelão  forramos à poltrona do carro e o colocamos sobre ela, uma vez que o pobre homem estava todo enlameado pela chuva.   Na seqüência meu irmão foi fazer a bendita entrega. Neste ínterim chega um amigo e pergunta ao meu sobrinho Adiano de apenas cinco anos que curiosamente a tudo acompanhou. – Onde está seu pai garoto? – Meu pai... Ele foi lá ao cemitério! - A esta hora da noite o que seu pai foi fazer no cemitério? – Levar um defunto bêbado... Pode esperar que ele volte rapidinho! Vai só enterrar o defunto!
-Cumprindo a determinação de Deus, meu irmão que era o mais novo... Caçula de nossa família faleceu pouco tempo depois vitimado por um aneurisma cerebral. Um duro golpe para nossa família. Deixando órfãos seu três filhos, que graças a Deus seguem o exemplo do pai e apoiados pela mãe que eu, a considero como uma heroína; eles estão vencendo com dignidade os obstáculos pelas trilhas da vida, traçadas pelo nosso pai celeste. E, o defunto bêbado continua vivinho da silva, e bebendo todas que encontra pela frente. São os desígnios traçados por Deus, as provações do destino e temos que aceitar.
Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Final de Novela - Autora: Anabailune

E nem adianta vir com papo de que você não assistiu, pois eu não vou acreditar ...
Vinte e cinco por cento do elenco foi assassinado; vinte e cinco por cento, preso. Os outros cinquenta por cento, ou se ferrraram de verde e amarelo ou foram felizes para sempre.
Mas confesso que não gostei do final do Leo. Ele era um canalha, assassino, ladrão, salafrário, mentiroso e manipulador, mas tinha tanto carisma!... E era tão bonito... Foi assassinado de uma maneira tão covarde e violenta (se é que existem outras maneiras de se assassinar alguém que não sejam covardes e violentas). Acho que ele deveria ter permanecido vivo. O resto da vida na cadeia, pensando nas bobagens que fez.
Não...ele não tinha muita consciência do que fazia. pessoas como ele não tem sentimentos, acho que caíram neste mundo de pára-quedas e não conseguem se adaptar às regras e normas. Acham que podem tudo.

Uma vez, li em um livro de Dione Fortune (ocultista) que algumas destas pessoas são seres elementais, e que não tem o mesmo senso de moral que nós temos, e envolver-se com uma delas pode ser letal. Vai ver, o Leo era uma destas pessoas, meio-homem, meio-elemental. Mas é fato que existem muitos Leos por aí.
Na verdade, achei de uma violência absurdamente desnecessária o final que os autores deram a este personagem. Chocante demais. Não se deseja uma coisa dessas a ninguém. Eles quiseram mostrar com isso, que o crime não compensa, mas deveriam ter escolhido uma outra forma.
Bem, espero que o Leo possa ter voltado ao seu mundo elemental, e que nunca mais apareça por aqui.

Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ

Blog da autora: http://ana-bailune.blogspot.com.br/

Blog: Ana Bailune - Liberdade de Expressão
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domingo, 21 de agosto de 2011

Zé do Norte (E um conto do João Grilo) - Autor: Beto Rami

Zé do norte é um nordestino que como tantos outros migraram para são Paulo em busca de melhores oportunidades.
E como muitos, veio apenas com a cara e a coragem.
Mais ele trouxe algo mais, uma velha viola toda enfeitada de fitas, velha companheira das noites de solidão.
Nunca teve um amor, apesar de ter amado varias vezes, era cego de nascença e as mulheres sempre o rejeitavam.
Nunca viu o por do sol, o azul do mar, ou o verde das matas e mesmo assim dizia que não existe nada mais bonito que a natureza.
Certo dia, Zio um garoto que sempre o acompanhara disse.
_Seu Zé, melhor ir embora. O senhor esta contando suas estórias sem precisão, num tem ninguém ouvindo.
Zé do Norte continuou contando mesmo assim, e ao terminar a estória fez como de costume, agradeceu as moedas abrindo seus braços e curvou-se num longo obrigado.
Zio quis saber por que ele continuou a estória mesmo não tendo ninguém.
Ele então respondeu.
_Ali naquela arvore tem um casal de passarinhos.
Sentado na calçada um cachorro, sem contar o vento que assoprava em meus ouvidos seu frescor em agradecimentos.
Já viu platéia mais gratificante?
_Como o senhor sabe tudo isso, se não enxerga, seu Zé?
_Mais eu escuto.
Sou cego, não surdo. Apesar de as pessoas gritarem para perguntar se quero ajuda para atravessar a rua. E outras se calarem e saírem se esgueirando pelos cantos pra que eu nãos as importune.
Não vejo, mais ouço, sinto o cheiro.
É assim que eu vejo com os ouvidos, narinas e dedos.
_Sabe seu Zé, o Senhor é a pessoa mais inteligente que eu conheço.
_Isso é por que você não conhece muita gente, Zio.
 A inteligência vem dos lugares mais improváveis que se possa imaginar.
_Por que não podemos vê-la?
_Nós não a vemos porque o ser humano só vê a aparência, nesse caso os homens são mais cegos que eu.
Tem uma estória que ilustra bem isso. É um conto que ouvi de um cantador de cordel.
Ela é sobre um amarelinho bem inteligente, assim feito tu. Seu nome era João Grilo, o grilo mais amarelo que já se ouviu falar.
-AH! Eu já ouvi essa estória...
_Essa não, você ouviu outra, essa que vou contar é pouco conhecida.
Não lembro o nome dela nem quem a escreveu, mais ela fala sobre duas coisas.
As pessoas só se importam com as aparecias.
E a sabedoria vem das pessoas mais improváveis.
Bem é mais ou menos assim.
Certo sheik árabe foi conhecer o nordeste brasileiro, pois um amigo lhe disse que era mais Árido que o deserto do Saara. É povo tão forte quanto o beduíno. Ele depois de conhecer o sertão, ficou maravilhado com a sabedoria de um garoto. Esse garoto era o tão conhecido João Grilo, que o impressionou tanto ao ponto de querer levá-lo ao seu país e o transformar em seu conselheiro.
Com muito custo conseguiu convencê-lo, e assim ele foi.
Ao chegar à Arábia foi recebido no aeroporto por uma grande multidão que queria conhecer o grande sábio que seria o novo conselheiro do sheik.
Mais assim que desceu do avião todos o olharam com desdém, pois como podia aquele baixinho amarelo e tão esfarrapado sujeito, ser um sábio.
Pouco a pouco um a um foi indo embora decepcionado com tal figura.
Ate mesmo o sheik ficou duvidando do seu julgamento, e já se arrependera do convite.
João Grilo foi levado ao hotel onde tomaria um banho e receberia roupas apresentáveis. Depois iria a um banquete.
No banquete já melhor vestido com um belo terno branco e uma gravata com um grande rubi. Foi melhor recebido por todos que o abraçavam e beijavam, e dessa vez foi exaltado e brindado.
Mais João Grilo não é homem de deixar passar a humilhação, sabia que o estavam tratando assim por causa das roupas. E em sua opinião mereciam uma lição, pois só se importavam com a aparência.
Então, pois seu plano em ação.
Durante o banquete na hora de brindar a saúde do sheik o João Grilo respeitosamente ergueu a taça depois despejou todo o vinho tinto no bolso da camisa que ficou toda manchada.
Todos o olharam e se cutucaram, mais não disseram nada, depois foi enchendo os bolsos das calças com o jantar de entrada.  Em seguida foi esfregando tudo no terno que ficou todo sujo e irreconhecível.
Dessa vez o sheik não agüentou, deu um berro.
_LOUCO! ESTA LOUCO! Exijo uma explicação. Trouxe-te com todo o respeito a minha casa e é assim que paga a confiança que depositei em você.
_Permita que me explique ó grande senhor. Disse João fazendo uma longa reverencia.
_Expliquece então. Disse-lhe o sheik com a mão levantada para impedir os guardas já iam prender o Grilo.
_Bem nobre Senhor, ao chegar a seu reino e fui recebido no aeroporto com minhas roupas sujas e velhas, fui tratado com total descaso, todos se afastavam e limpavam a mão depois de saudar-me, agora aqui já melhor vestido com roupas finas, belas e caras todos me abraçaram e beijaram-me com respeito, então pensei isso tudo não é pra mim e sim pra minha roupa, e nada mais justo que minha roupa se deliciasse com tão saboroso banquete.
O sheik ficou impressionado com tal resposta, depois ficou envergonhado pala atitude de seu povo e dele mesmo.
Realmente o tal do grilo estava certo, eles só viam a aparência e não as pessoas. E depois de brindar a sabedoria do Grilo, declamou que nunca houve um homem mais sábio que João grilo, o amarelo mais amarelo do mundo.

Beto Rami/São Paulo - S/P
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vida de interior - Autor: Paulo Pazz

Cidade piquena é uma coisa, né não? A vida é um mucado mais custosa de se aprumá, puis os recurso é riduzido se cumparado cum esse mundo surtido de coisa por cunhecê e fazê.

Cidade piquena é dos dia rastado bem divagarzim pur causa da mesmice das coisa de todo dia.

Pur um acaso arguém já viu casa nova em cidade piquena? Ô moça casamentêra dispunive nas cidadinha? Acho qui não!!! A tapera só tem remendo novo na parede véia e o povo ô é muito minino, ô mais inrugado qui maracujá maduro, puis os jove casca fora pras cidade grande.

Ixeste cidade piquena sem puêra, sem criança artera, de quintal sem bananêra, ô sem galinha poedêra? Ixeste cidade piquena sem cerca de bambu, sem marimbondo-tatu ô sem carnê do baú? Sem vizinha faladêra, sem muié partêra ô rua sem ladêra?

Não, sinhô! Craro qui não!

Ixeste cidadinha sem coquêro na praça, sem minino fazêno pirraça ô cavalo de pôca raça? Sem véio benzedô, sem cachorro caçadô ô sem rôpa no quaradô?

Ixeste curruitela sem minino com piôi, sem gente fartano um oi ô quem parece tê mais de dois? Ixeste cidadinha sem sino na igreja, sem mongongo qui vareja ô quintal sem carqueja?

Toda cidade piquena tem rua de baxo, tem banana no cacho e tem zona de isculacho. Muié fazendo ladainha, dibaxo de uma sombrinha, de anágua vendeno farinha. Todas tem gente na prucissão, minino de pé no chão, dedo sujo sigurano o carção. Tem de tê camisa cum propagana, cachacêro pé-de-cana e amigo qui ingana. Minino lumbriguento, vendedô riliento e cachorro sarnento.

Num serve si num tivê muita gente cum pilido, camim imporibido e padre inxirido. Apusentado na praça, marmanjo fazeno graça e galinha fujona cum negaça. Tem de ter gente qui vê assombração, cantinela de carroção e diquada pra sabão.

Eu dovido se tem arguém na cidade miúda que nunca topô cum boi azogado pegadô e bule esmartado cum cuadô. Quem nunca viu fugão de lenha, manha de u’a égua prenha ô gato qui disdenha?Ali tem carroça disparada, muié muito mal falada e cabôco sem fazê nada, alpende cum samambaia, vento sungano a saia e ovo imbruiado na paia. Tem porco no chiquêro, sari de cisterna enzonêro e galo qui canta o dia intero. Minino cum ispinhela caída, canela cheia de firida e gente de mal cum a vida. Pur isso que eu acho a cidade piquena paricida cum circo. Bem mió qui vê televisão é oiá esse mundo de cantinela sempre iguar, mais qui adiverte muito.

Morá em cidade grande pra quê? Aqui é o meu cantim e é aqui qui quero morrê...

Só ispero demorá mais, puis quero dá muita risada ainda.

Autor: Paulo Pazz - Catalão/GO
Publicação autorizada por escrito pelo autor da obra