quinta-feira, 7 de julho de 2016

Paixão adolescente

Autor: Oliveiros Martins de Oliveira

A primeira vez que a viu foi assim rápido, mas, mesmo assim, em seu íntimo ficou a impressão de ter visto a mulher dos seus sonhos. Será que pelo menos a veria de novo? Por que seu coração estava tão inquieto só de ver um rosto. Bem, pensou. É melhor tratar de esquecer, afinal, o mais provável é que nunca mais a verei. Como estava enganado.
Era sempre um dos primeiros a chegar na sala de aula, porém, naquele dia alguém chegara primeiro, e para sua surpresa, era ela. Meus Deus, como ela era linda! Ficou alguns minutos ali parado, diante daquela visão maravilhosa, não conseguia mover um músculo se quer, seu sistema nervoso entrou em colapso. Só após alguns segundos que lhe parecera uma eternidade, conseguiu balbuciar um olá.
Olá! Respondeu ela, abrindo um sorriso que a tornava ainda mais bela, se é que isso fosse possível, e ele, tentando entabular uma conversa mas não saia nada, e ela percebendo sua patética reação, apenas continuou sorrindo, o que o deixou ainda mais encolhido em sua timidez. Foi salvo pela chegada dos outros alunos.
A partir daquele dia, sentia que tudo em sua vida havia mudado. Dentro dele nascia uma mistura de medo e felicidade toda vez que a via, na sala não conseguia mais se concentrar nas aulas, todos os pensamentos eram direcionados para ela, passou a se comportar de forma estranha, querendo sempre agradá-la, chegando às vezes a ser inconveniente.
Quantas e quantas noites sem dormir pensando em uma maneira de abordá-la e dizer o quanto a amava, quantos versos escrevera declarando seu amor, mas que na hora rasgava e não entregava, com medo de ser mal compreendido. Quantas vezes ficou ensaiando palavras bonita para lhe dizer do seu amor, mas, quando a encontrava, sua mente deletava tudo e não conseguia dizer nada, apenas ficava corado de vergonha, o que o deixava ainda mais exposto diante de sua amada, que na crueldade natural da adolescência, percebendo sua timidez, parece que fazia de tudo para deixa-lo ainda mais encabulado.
O tempo passava, sua angústia continuava, mas, continuava fazendo de tudo, apenas para ficar perto dela. Ele bem que queria odiá-la, mas não conseguia, toda vez que ela lhe dirigia um sorriso, quebrava toda sua resistência, quando seus olhos se cruzavam, por mais rápido que fosse, tudo desabava ao seu redor, bastava um oi para ele renovar a esperança de um dia conseguir declarar o seu amor.
Ele sabia, que para ganhar seu amor, era necessário antes de tudo, vencer seus próprios medos, e aí é que encontrava a maior dificuldade. Por ser de família humilde, sempre aprendeu que deveria existir uma distância considerável entre pessoas de classes sociais diferentes, e partindo desse princípio, ela se tornava quase intocável. Mas, se o amor é impossível, só lhe restaria  tê-la por perto e desfrutar da sua companhia, mesmo que continuasse a sofrer.
Como não há mal que dure para sempre e nem paixão que resista ao tempo, a sua durou até o dia em que ela resolveu entregar seu coração a outro. Como doía seu peito ao vê-la com outro. E não adiantava chorar, pois seu tempo tinha acabado, sua vez tinha passado, pois ela nunca soube dos seus reais sentimento e o único culpado era ele e sua maldita timidez. Só restava agora buscar um novo amor, essa ferida certamente iria demorar a cicatrizar, mas, a vida tinha que continuar e ele era jovem, e foi pensando assim, que ele finalmente conseguiu, tardiamente declarar o seu amor.
No outro dia ela recebeu uns versos, certamente plagiado de algum poeta que dizia o seguinte “Queria te falar tantas coisas. Queria te falar do meu amor que muito tempo não é correspondido, queria te falar das minhas noites de insônia, de minhas lágrimas, do meu sofrimento, da minha dor e da minha paixão. Mas tudo foi em vão, você não liga, não dá a mínima, mas eu queria te fazer feliz”.

Autor: Oliveiros Martins de Oliveira - Diamante do Norte/PR

4 comentários:

Anônimo disse...

Tambem tive um apaixonado assim na minha adolescencia, mas nem eu nem ele tivemos coragem de fala dessa paixão, SÓ DE OLHARES.cONCEIÇÃO gOMES

Anônimo disse...

Texto muito bom, perfeitamente dentro dos parâmetros do concurso.

Parabéns a quem o produziu.

Alberto Vasconcelos

Marina Alves disse...

Ah, o que a timidez traz prejuízo em casos de amor rsrs... Que pena que aqui ele venceu o páreo. Muito bacana, parabéns!

Marina Alves disse...

*ela (a timidez) venceu o páreo.