
Havia um trato, o filme só começava depois da missa. O bom cristão tinha que assistir a missa toda semana. Minha mãe católica convicta levava sua prole à igreja depois da missa passávamos correndo na farmácia para nosso pai nos dar o dinheiro dos ingressos e íamos ao cinema com o coração saindo pela boca. Quem chegasse primeiro pegava os melhores assentos. Era emocionante ficar esperando o Leão da Metro Goldwyn Mayer abrir a boca anunciando que a película ia começar. Uma ocasião o padre se estendeu muito na homília e nos avisos. Estávamos ansiosos para irmos ao cinema ver um clássico da sétima arte: Bonanza. Meu irmão Marcelo ficou impaciente, pois não queria perder nenhum pedacinho do filme. Finalmente quando o padre falou: Vão em paz e que o Senhor os acompanhem. Meu irmão gritou em alto e bom tom: AMÉM. Diante daquela insubordinação nossa mãe ficou brava e não deixou que ele fosse ao cinema. Ele foi para casa chorando na maior frustação. Por causa dessa e outras ele se tornou ateu.
Lembro-me do filme polêmico que foi apreendido pelas autoridades. O comentário da cidade no dia seguinte era que após o filme os marmanjos fizeram fila na Rua do Sipitinga, a procura das meretrizes.
Sempre digo que a poesia não existe apenas em versos. Vejo fotos e gravuras que considero poemas visuais. Na hora que vi a capa do livro fiquei encantada com a cena. Gostei de saber que aquela menininha da gravura é minha amiga Das Neves, irmã de Carlinhos. Também gostei de ver a gravura de dona Celeste, aquele sorriso eu conheço bem. Ele me acolhia quando eu ia à casa de dona Celeste estudar com Nevinha. Parabenizo o artista Edmar Sales pelo belo trabalho e a você Carlinhos pela gentileza de compartilhar comigo suas boas prosas, Um abraço da sua irmã sertaneja, Texto: Jussara Burgos - Luziânia-GO