No
momento estou lendo um livro de Stephen King, chamado “LOVE”, este livro tem
nada mais nada menos que 542 páginas. E eu fico a pensar de onde o autor
consegue tirar tanta inspiração. Quanto tempo, quanto suor imaginativo, o
escritor deve ter despendido até considerar a sua obra criativa como terminada.
Tem gente que ainda acha que escrever é coisa de preguiçoso, de quem não tem
nada mais produtivo para fazer. É claro que eu estou falando de escritores
consagrados, aqueles que debruçam em cima de um texto e só sossegam depois que
eles criem corpo e alma. A minha pequena experiência a respeito do exaustivo
desafio de escrever, é que a relação entre o sujeito e o texto, nem sempre é
amistosa, muito pelo contrário, aqueles que pensam que escrever é um ato
rotineiro, e não implica num enorme esforço para encontrar a inspiração.
É um verdadeiro trabalho braçal para desenvolver as ideias e aprimorar o texto. É preciso ir fundo em si mesmo, encontrando meio e modos de colocar no papel, desculpem no computador, as suas verdades e observações próprias. Escrever é uma forma de meditar, de exercitar o pensamento, deixar que ele flua livremente pelos recônditos mais íntimos de sua mente. Quem deseja escrever não deve pensar no sucesso e sim nas pessoas com quem seu texto vai se identificar, muitos ou poucos, não importa.
Existem algumas situações em que o texto em construção fica sob absoluto
controle, como se a gente dissesse, olhe aqui, quem manda em você sou eu! Você
vai fazer aquilo que eu te ordenar, mas nem sempre isso acontece, às vezes, o
texto fica insubordinado, assume ares de pura arrogância e ganha alma própria,
e se nega a entregar-se ao seu controle. Vez ou outra eu tenho vivido com esse
constrangimento aqui em casa. O meu computador é testemunha muda desta
humilhante situação, e para provar o que eu digo, existem nele vários textos
rebeldes, incompletos, que fincaram pé e se negaram a serem concluídos e
ficaram no meio do caminho, numa pasta de minha máquina, que eu chamo de
incubadora.
Apesar dos pesares, escrever é um ato de entrega, é a arte de dar forma ao que
se agita no limbo de sua mente criativa, é o fluir boêmio de pensamentos e
ideias.
“E como já dizia o nosso Arthur da Távola: “Escrever bem, não é repetir o que
já foi escrito: é servir-se do que já foi dito para dizer pela primeira vez. É
surpreender o lugar comum como a um inimigo e libertar a verdade que lá jazia,
prisioneira da repetição. É ser novo e inaugural no que é velho e comum ao
ser”.
Fico satisfeito quando alguém se atreve a ler as bobagens que eu costumo
escrever (e talvez por pura educação), as elogia. Muitas vezes eu acerto, e o
texto sai completo e toma vida própria, como um filho. Mas, paciência, por
que...
Um dia é do escritor e outro é do texto.
Autor: Ciro Fonseca - Rio de
Janeiro/RJ
Blog do autor:
http://cirofons.blogspot.com/
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=98617
Publicação autorizada pelo autor através de e-mail em 28/11/2011
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=98617
Publicação autorizada pelo autor através de e-mail em 28/11/2011
2 comentários:
Olá, Ciro!
Eis ai um primoroso texto e que cumpre perfeitamente o objetivo do autor de criar a identificação no leitor. Gostei muito!
Certa vez fiz um dueto com um amigo (Dueto da criação), em prosa poética, sobre também o mesmo tema, o criador e a criatura e nele abordamos todo este processo em que se envolve o poeta, na sua criação e que vem de encontro ao que você expõe brilhantemente em seu texto.
Um abraço.
Celêdian
Ciro, realmente, este teu texto saiu completo! Amei as divagações sobre a escrita, a arte de escrever. Aliás, acho delicioso textos em que os autores versam sobre essa labuta do escritor com a palavra. Já leu o "Tabuleiro de Damas" do Fernando Sabino? É um livro sobre essa descoberta de ser leitor e escritor, um livro sobre a formação literária dele. Muito bom! Enfim, achei teu texto maravilhoso e o digo sem a menor educação rsrsrs Parabéns!
Sobre esta labuta, já escrevi também, se quiser dar uma olhadinha: http://casal20ribas.blogspot.com.br/2012/03/dia-nacional-da-poesia-1403-minha.html
Abraços sempre afetuosos.
Fábio.
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