quinta-feira, 7 de junho de 2012

Quando foi a última vez que você viu seu pai? Autora: Anabailune

Assisti, novamente, a este maravilhoso filme, estrelado por Colin Firth - meu ator predileto. Ele conta a história de um filho que retorna ao lar, a fim de assistir ao pai - que sofre de cancer de intestino em fase terminal. Ele redescobre e reavalia seu relacionamento com o pai durante vários momentos de suas vidas , na infância, adolescência e fase adulta. Percebe o quanto os julgamentos que fazia sobre o pai, muitas vezes, obscureceu-lhes o relacionamento. Lembra-se das vezes em que saíram juntos para acampar, dos piqueniques e jantares de família nos quais sentia-se ofuscado pelo brilhantismo do pai, e pela necessidade deste (quase doentia) de estar sempre em evidência e parecer simpático.
Descobre até que tem uma irmã, fruto de um caso amoroso do pai com uma prima de sua mãe, que durou muitos anos.

O filme é muito honesto, até o ponto no qual, durante uma conversa com uma namorada, ele admite que odeia seu pai (quem nunca odiou, nem que fosse por apenas um segundo, o pai ou a mãe, que atire a primeira pedra).

O filme tem cenas lindas e emocionantes, até o ponto de, sem perceber, você se ver chorando enquanto assiste. No final, o que fica, o que realmente permanece da relação dos dois, é o amor. O grande amor que o pai sentia por ele, e ele, pelo pai. Um amor percebido, talvez, um pouco tarde em sua vida, mas nunca tarde demais. A cena mais tocante, em minha opinião, é justamente a última:

Ele está só no jardim da casa, após a família espalhar ali as cinzas do pai. E de repente, ele pensa: "Quando foi a última vez que você viu seu pai?' Não durante a doença, que o transformava e desfigurava a cada dia, mas a última vez em que esteve com ele e ele ainda era ele mesmo. E então, lembra-se de uma cena na qual os dois, juntos, instalavam um lustre na sala de estar. Uma cena corriqueira, mas marcante, pois fora a última vez em que o vira com saúde.
Daí, ele recorda o dia em que despediu-se dele para ir estudar em outra cidade. O abraço, antes de ir. E a cena vai mudando, e o menino que abraçava o pai, transforma-se no homem que ele é então, e a cena dos dois abraçados em uma despedida final, é simplesmente maravilhosa.

Fez-me lembrar da última vez em que eu vi meu pai: eu estava em meu horário de almoço, sentada à mesa da cozinha. Minha mãe terminava alguma coisa no fogão. Ele chegou, colocou sobre o armário um pacote de biscoitos - estava muito animado naquele dia - e sentou-se para almoçar. Dizia que, após o almoço, estaria jogando cartas na casa de uns amigos vizinhos. Eles sempre jogavam juntos. Lembro-me que, naquele dia, olhei para ele realmente, pela primeira vez em muito tempo. O que ficou mais marcado em minha memória, foi sua mão segurando o garfo. E depois, ao terminar, ele disse algumas coisas das quais não me lembro e despediu-se. A porta fechando-se atrás dele, disso eu me lembro. Naquela tarde,depois de algumas horas apenas, ele teve um derrame e morreu.

Aquela foi a última vez em que vi meu pai.

Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ

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Publicação autorizada através de e-mail de 01/06/2012

7 comentários:

Ana Bailune disse...

Olá, Carlos! Obrigada pela sua atenção...

Anônimo disse...

NEM CONSIGO COMENTAR POIS OS MEUS OLHOS ESTÃO COM LAGRIMAS AINDA EU TIVE UM PAI ...QUE SE CHAMA AMOR, DIGO CHAMA POR QUE MEU PAI NAO MORREU ELE FOI PARA UMA OUTRA ESTAÇÃO E SERA ETERNO EM MEU CORAÇÃO POR QUE O AMOR QUE ELE DEIXOU ESTA AQUI EXATAMENTE AQUI E TENHO RESERVAS PARA TODO SEMPRE.

A ULTIMA VEZ QUE EU VI MEU PAI É DEMAIS DOÍDA PRA MIM

ELE FOI ME VER NO MATO GROSSO ...E ANTES DE VOLTAR UM DIA ANTES ELE TEVE UMA DISCUSSÃO COM MEU EX MARIDO ... DECIDIU VOLTAR PRA CASA DELE NO INTERIOR DE SP, E A ULTIMA VEZ QUE VI MEU PAI VOU SAINO DA MINHA CASA E ME DIZENDO XAU E A DOR ERA TÃO FORTE , PELO TEOR DO MOMENTO QUE ELE NEM ME DEIXOU LEVA LO A RODOVIARIA ..E EU FIQUEI POR DEMAIS TRISTE ..

MEU PAI SEMPRE FOI MEU NORTE ..MEU AMOR MINHA LUZ A DIREÇÃO CERTA A SER TOMADA E SEMPRE FOI EXEMPLO..

UM POLICIAL RODOVIARIO DE HONRA .. UMA PESSOA QUE ACIMA DE QUALQUER COISA PREGAVA O CARATER .E ISSO ATE HOJE DEPOIS DE 16 ANOS SEM ELE EU SINTO ..

MEU PAI ERA TUDO PRA MIM E DEPOIS QUE ELE SE FOI MEUS DIAS SÃO CONTADOS ATE A HORA DE PODER ABRAÇA LO NOVAMENTE

ELE DISSE ADEUS

DEPOIS DE 3 DIAS FALAMOS AO TELEFONE .. PEDI DESCULPAS PELO MEU MARIDO E JAMAIS PERDOEI MEU MARIDO POR ESSA DISCUSSÃO ...

EU LIGUEI E DISSE QUE ELE ME PERDOASSE PELO MEU MARIDO E ELE DISSE


QUE ISSO BAIXINHA SE TA DOIDA EU NAO TENHO O QUE PERDOAR

FALAMOS BASTANTE AO TELEFONE E ELE PEDIU QUE EU FOSSE EM JULHO VISITAR A FAMILIA EU DISSE QUE IRIA MAS ,NAQUELE ANO NÃO DEU

EM AGOSTO NUMA QUINTA FEIRA EU FALEI COM ELE AS 6 HORAS DA TARDE FALAMOS DE TUDO ..DE GRANA DE VIDA DE FELICIDADE E ELE ME DISSE QUE EM OUTUBRO VIRIA AQUI EM CASA

NO OUTRO DIA EM UMA SEXTA FEIRA DIA 9 DO MES DE AGOSTO ..ELE FOI EM UM JANTAR DOS SARGENTOS COMEMORANDO DIAS DOS PAIS E MORREU EM UM ACIDENTE ..

ALI MORREU TAMBEM UM PEDAÇO DE MIM ALI MORREU TAMBEM O OLHAR QUE MAIS ME OLHOU COM AMOR

ALI MORREU ALGUEM QUE SEI QUE TINHA MUITO A DAR PARA O MUNDO

ALI MORREU MEU SORRISO SINCERO E MINHA ESPERANÇA DE QUE OS SUPER HEROIS NAO MORREM JAMAIS


ALI MORREU MEU PAI

E EU VOU AQUI


COM A SAUDADE QUE A CADA DIA FICA MAIOR

ELA NAO PASSA NÃO AMENIZA

APENAS APRENDI A CONVIVER COM ELA


LINDO POST ANA

EMOCIONANTE

BEIJOS

OTILIA LINS


S

Carlos Costa disse...

Não vi o filme, mas me emocionei só com seu relato. Parabéns. Perfeito.

chagoso disse...

Ainda não vi esse filme, mas com certeza logo o verei. Uma resenha emocionante e mais emocionante o proprio relato pessoal. Tento sgora escolher o momento que vi meu pai, pela última vez.

Wanderley Dantas disse...

Pai... palavra pequena e boa de se guardar. Palavra pequena, mas de grandes lembranças. Teu texo vai ao encontro daquele que escrevi sobre meu pai também. As marcas do meu pai ficaram em nossa família para o bem e para o mal. É preciso aprender a administrar o que recebemos - cura e superação. Sabe, Ana, tive uma irmã que não conseguiu superar a morte de meu pai. Ela foi arrastada pela mágoa de tê-lo visto morrer tão magoado... Escrevi sobre ela recentemenete: http://o-seringueiro.blogspot.com.br/2012/06/aquele-ultimo-natal-morte-da-minha-irma.html

Parabéns! Quero assistir ao filme.

Abraços!

Celêdian Assis disse...

Ana, seu texto me comoveu muito, não só pelo teor que ele encerra, de despedida dolorosa, mas também porque muitas vezes não prestamos atenção em nossas emoções que ficam congeladas.

A última vez que vi meu pai, era meia noite e fui preparar-lhe a última aplicação de nebulização. Eu disse a ele: agora o senhor vai se deitar e amanhã cedo faremos a outra aplicação, ao que ele respondeu com o sorriso mais doce que pude ver dele em toda a minha vida: está bom, mas não vou esperar amanhã não. Como ele já estava meio confuso e às vezes falava coisas sem sentido, não percebi o significado destas palavras tão claramente. Entretanto, fui tomada de uma angústia muito grande e chorei muito, a ponto de não dormir o resto da noite. Às cinco da manhã, percebo minha mãe acendendo a luz do quarto e me levantei de súbito. Ele estava tendo uma parada cardíaca e respiratória. Chamei por minha irmã e prestamos-lhe os primeiros socorros de tentativa de ressuscitação cardíaca, o que garantiu-lhe tempo de ainda ser socorrido em um hospital. Foi em vão, lá ele sobreviveu por apenas mais quarenta minutos. Enfim, o que hoje, doze anos depois que ainda me conforta, é lembrar do último olhar de meu pai, como o sorriso mais lindo que já recebi.
Excelente texto e obrigada pela proposta de reflexão.
Um abraço
Celêdian

Carlos A. Lopes disse...

Olá amigos. Logo mais publicarei uma ¨Resenha¨que a amiga Ana Bailune escreveu sobre o meu livro ¨A saga de um Pedro¨. É um presente divino! Ninguém melhor que você, Ana, percebeu o que penso desse momento. Caso venha a optar por uma segunda tiragem do livro certamente incluirei essa verdadeira obra de arte aos meus olhos. De modo que quero participar aos amigos do blog.