Autor: Roberto Rêgo
O
“Pepe”, um cachorrinho vira-latas, pelagem grande, cor do mel, foi deixado com
menos de um mês na garagem lá de casa.
Pela
manhã, ao ligar o carro, ouvi um chorinho fraco bem próximo, de cachorro
desamparado. Só podia ser.
Agachei-me
e vi o danado debaixo do carro, meio desconfiado. Fiz uma graça e o chamei, ele
abanou o rabinho mas negaceou. A custo, logrei tirá-lo de sob o veículo.
Levei-o
à minha esposa, Maria Mari que, de cara, se encantou com o cãozinho e
resolvemos adotá-lo.
Tive
um rompante, liguei para São Paulo e falei com os netos Izabela e Victor,
contando a novidade. Encostei o aparelho ao focinho do animal e os meninos
ouviram os seus ganidos, a mais de seiscentos quilômetros de distância, ficando
ainda mais ouriçados do que eu!...
Daí
pra frente, nossa casa ficou mais agitada com o “Pepe”, já por natureza um
cãozinho levado da breca. Rodos, vassouras, tapetes, pequenos objetos e tudo o
mais que estivesse ao seu alcance era simplesmente destruído.
A
Dona Maria Mari, sempre muito organizada com as suas coisas, seu jardim e suas
flores, surpreendeu-me ao tolerar as peraltices do cachorro, relevando tudo o
que ele aprontava. E como aprontava!
O
Igor, nosso primeiro neto, tomou-se de amores pelo “Pepe”, brincava com ele,
rolavam na grama do jardim simulando briga feia, porém jamais foi sequer
arranhado pelo animal de boa índole.
E
assim a vida correu um ano e meio, até o dia em que eu, achando o “Pepe” muito
cabeludo, resolvi levá-lo à “Dog’s House” para uma tosa.
Deixei-o
com recomendações diversas, mas não imaginava o que fariam com ele, pois era a
sua primeira vez (eu mesmo lhe dava banho e o tratava, mas sem tosa, é claro).
À
tardinha, tocou a campaínha lá de casa e deparamos com a camioneta da “Dog’s
House” estacionada. Um garoto desceu com o “Pepe” na coleira, todo pelado e
cheiroso que só!
Levamos
um baita susto, pois ele ficou magrelo à beça, com as costelas à mostra, sem
pelos, e foi reconhecido apenas pela sua cara sem vergonha, de focinho preto,
seu ar brejeiro e sua enorme alegria.
De
consolo, botaram-lhe uma gravata de seda grená no pescoço pelado, com nó
caprichado. Ficou chique!...
Agora
é dar tempo ao tempo e esperar crescer sua bonita pelagem dourada (“crocante”,
como diz o Igor), para que nos sintamos todos, de novo, felizes e orgulhosos do
nosso mascote.
Autor: Roberto Rêgo - Belo Horizonte/MG
Publicação autorizada pelo autor
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