
Foi por isso que tive de matá-la. Não foi suicídio, mas assassinato mesmo. Como foi legítima defesa, nunca senti culpa, nem ninguém me condenou, pois se nem sabiam que ela existia como iriam saber que tinha morrido assassinada por mim? Mesmo assim o seu fantasma veio assombrar-me. Vi o filme As Barreiras do Amor, onde Michelle Pfeiffer, como a texana Lurene, vivia uma fantasia semelhante – ela fantasiava ser Jacqueline Kennedy e só parou com essa idéia obssecante quando sua própria vida se transformou em uma aventura. Eu não cheguei a tanto, nunca quis ser outra pessoa de verdade, inventei para mim uma pessoa perfeita, mas acabei dando cabo dela. Tive que fazer uma escolha entre ser eu ou ser outra e ser eu venceu. Como não estava satisfeita comigo tratei foi de transformar-me em uma eu melhorzinha. Não pela aparência, afinal nada como a juventude e seu viço. Mas pela alegria de viver e a certeza do poeta das múltiplas faces: tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
Autora: Maria Olimpia Alves de Melo - Lavras/MG
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3 comentários:
O texto de Maria Olimpia ¨A outra¨é de muita importância para mim. Foi através dele que surgiu a inspiração para compor ¨A viúva virgem¨. Um abraço Olimpia. Muito bacana seu texto.
Olá, Maria Olímpia! Uma história interessante e comum a muitas pessoas. Eu, por exemplo, brincava com minhas bonecas, e elas eram sócias de um clube, como eu. Eu tinha outro nome, também (Gabriela). Acho que é assim, fantasiando, que as crianças aprendem a cultivar a sua personalidade.
Bom dia Maria Olimpia, sua crônica é bonita e interessante!Trouxe-me boas recordações da infância, eu tinha um amigo imaginário (Hélio). A imaginação é mesmo mágica...Abraços, e uma ótima semana!
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