sábado, 16 de novembro de 2013

Meus amigos de infância

Autor: Geraldinho do Engenho

Às vezes caminhando por trilhas onde meus amigos e eu, corremos em nossa infância, em devaneio mergulho-me nos sonhos que ficaram acorrentados por minha lembrança.
Os delírios da saudade e a fotografia de meus colegas arquivada no álbum de minha memória me transportam ao passado, a contemplar os horizontes galgados por minha existência.
Vou buscar nas fantasias que se perderam na magia da ilusão, o objetivo de sonhar novamente. Navegando nas águas ora calmas ora turbulentas pelo mar da imaginação. Embora seja uma miragem espelhada pelo retrovisor do tempo, alimento sempre a mesma expectativa esperando que eu possa reencontrá-los na longínqua curva deste oceano de recordações. Engolidos pelo tombo de suas ondas. Para que juntos possamos correr de novo pelas mesmas trilhas e estradas de então, descortinando com sutileza a paisagem de nossa história.               
Descompromissados como sempre fomos, e com a mesma alegria ingênua, deliciarmos naquelas tardes, quando éramos parte do elenco ecológico de um belo espetáculo. O sol se punha e o crepúsculo puxava o manto da noite. Vinha a lua toda risonha esparramando seus encantos sobre aquele cenário dominado pela soberania da natureza.
O acortinado de estrelas cobria o universo e o nosso mundo criança. Ilustrado pelas lacraias no seu constante piscar de luzes, escoltadas pelos vaga-lumes, que em atalaia riscavam os espaços manchados pelas sombras dos arvoredos provocadas pelo luar. Com seus estridentes gritos os urutaus de bicos escancarados ao longe no cerradão quebravam o monótono silencio da noite após engolirem os mosquitos atraídos pelo mau odor do seu hálito... Foi, foi,foi,foi,foi.!
Não menos selvagens nós moleques de pés descalços e cabelos desalinhados, éramos também parte da natureza, misturando-nos aos murmúrios e encantos projetados em sua biodiversidade. Enquanto a noite não silenciava e o sereno não vinha para orvalhar os campos e os prados, a lua era soberana a passear sobre os telhados que ocultavam a humildade das lamparinas. Altaneiro e vigilante são Jorge exibia seu potencial encantador, enquanto nós, meninos caipiras ... Apenas sonhávamos e o aplaudia! 


Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG

 


 

Publicação autorizada pelo autor

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