sexta-feira, 29 de abril de 2016

Entrevista: Michele Calliari Marchese

Michele Calliari Marchese

Um autor dedica-se a escrever por diversos motivos. Talvez pelo desejo de dividir experiências e guardá-las para o uso na posteridade. Ser lembrado pela sua maneira de perceber o mundo ou apenas pelo prazer de sentir o ritmo de uma boa narrativa. Ao usar a palavra no sentido mais amplo possível, ele tem o poder de conduzir ideias em direção, que de outra forma, não existiriam e não teriam a oportunidade de serem vistas.


A escritora Michele Calliari Marchese é catarinense de Xanxerê, mãe do Ulisses de 6 anos, formada em Ciências Contábeis pela UNOESC/SC, escreve por necessidade e paixão senão o peito estoura, como a própria afirma. Ela manteve uma coluna no Jornal Folha Regional de Xanxerê por três anos onde publicou contos, causos e crônicas e atualmente mantém um blog com a amiga e comadre Helena Frenzel, o “Sem vergonha de contar” e participa eventualmente do Blog “Gandavos”.

1-   Quando e como surgiu seu interesse pela leitura e escrita?

Michele Calliari Marchese - Eu lembro que não via a hora de aprender a ler para poder devorar a biblioteca do meu pai. Tinha 6 anos. Naquele ano escrevi uma música e ficava cantando pela casa.

2-   Quais foram seus livros preferidos quando era criança e os livros favoritos atualmente?

Michele Calliari Marchese - Na infância foi a coleção “Ler e Saber”, um Dicionário de História Mundial, a vida de Mao Tsé Tung (que na época não entendi muito) e milhares de gibis. Eu leio tudo o que aparece, atualmente estou lendo  “A incrível viagem de Schakleton” de Alfred Lansing, “Trem noturno para Lisboa” de Pascal Mercier e “1421 O ano em que a China descobriu o mundo” de Gavin Menzies”. Os três juntos, porém não tenho favoritos, todos de alguma forma preencheram meu vazio circunstancial.

3 - Quais escritores são suas fontes de inspiração?

Michele Calliari Marchese - Kafka, Virginia Woolf e Gabriel Garcia Marquez.

4 - De que forma o conhecimento adquirido, seja pelo senso comum, ou pelo meio acadêmico,  ajuda na hora de escrever?

Michele Calliari Marchese - Tudo ajuda na hora de escrever.

5- Segundo o escritor Rubem Fonseca, “a leitura, a palavra oral é extremamente polissêmica. Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está lendo, esta é a vantagem da leitura". É isso mesmo? Concorda com essa proposição?

Michele Calliari Marchese - Concordo com a proposição. Já cansei de conversar com leitores do mesmo livro ouvindo interpretações diferentes e muito além ou aquém de minha própria percepção sobre o escrito.

6- Ainda segundo o Escritor Rubem Fonseca: “um escritor tem de ser louco, alfabetizado, imaginativo, motivado e paciente.” É o suficiente para ser um bom escritor?

Michele Calliari Marchese - Falta aí o mais importante para mim: amor. Eu não sou paciente e acho que não sou louca! Cada um escreve conforme a sua referência, a sua paixão, aquela força motora que faz com que a pena não descanse enquanto não se esvazia a mente e o coração.

7 - Para qual público se destina sua criação?

Michele Calliari Marchese - Tenho alguns escritos que não são para o público infantil, por conter cenas demasiadas de psicologia sofrida, no entanto tenho causos que as crianças adoram. Tudo depende do que escrevo.

8 - Como funciona o seu processo de criação? Quais sãos suas manias (ritual da escrita)?

Michele Calliari Marchese - Não tenho mania. Tá na cabeça? Sai para fora!

9 - Em geral, os seus personagens são baseados em pessoas que você conhece, ou são ficcionais?

Michele Calliari Marchese - Ficcionais.

10 - No seu processo de criação já atravessou alguma crise de falta de inspiração?

Michele Calliari Marchese - Olha, eu tenho textos dificeis que acabam comigo, para vc ter uma ideia conclui um conto depois de um ano e tres meses. Mas nao foi por falta de inspiraçao. Creio que quando o conto aparece na minha cabeça eu praticamente tenho ele todo montado. E só vou floreando os caminhos.

11 - Você tem outra atividade, além de escrever?

Michele Calliari Marchese - Primeiramente sou mãe, contadora de formação, trabalho na empresa da família e depois vem a escrita.

12 - Você faz parte das Coletâneas Gandavos. Qual a sensação de participar ao lado de escritores de várias regiões do país?

Michele Calliari Marchese - Eu me sinto muito lisonjeada e honrada.

13 - O financiamento coletivo e a publicação independente têm se mostrado a opção das publicações Gandavos.  Quais são os pontos positivos e negativos desse tipo de publicação?

Michele Calliari Marchese - Não há pontos negativos. Só positivos, pois mostra o trabalho de muita gente que escreve por esse Brasil afora.

14 – Você já fez publicação de livros sozinha, seja impresso ou virtual? Quais e como o leitor pode adquiri-los?

Michele Calliari Marchese - Não tenho nenhuma publicação de livros individual; virtualmente saiu um em companhia de Helena Frenzel “Os causos da Campina” que pode ser baixado no Blog Sem Vergonha de Contar que mantemos juntas há algum tempo.

15 - Qual mensagem você deixaria para autores iniciantes, com base em suas próprias experiências.

Michele Calliari Marchese - Nenhuma! Escrevam somente, releiam miseravelmente até a morte, cortem todas as palavras que não prestam e jamais esqueçam: tudo já foi contado.  

6 comentários:

Unknown disse...

Escrever é como despir-se sem recato ou vergonha de ser visto. Para uns funciona como catarse, para outros, como um sequioso desejo de libertar-se.

Anônimo disse...

Parabéns Michele pela segurança e objetividade das respostas. É interessante conhecermos a pessoa por trás dos personagens. Parabéns Carlos Lopes pela iniciativa.

Alberto Vasconcelos
Santo André/SP, 30/04/2016

Helena Frenzel disse...

Ai, que eu amo os escritos dessa minha Comadre. O que eu mais gosto nos textos da Michele é essa naturalidade, essa fluência e sinceridade para com o leitor. E que Deus a guarde e continue provendo com cada vez mais inspiração!

Marina Alves disse...

Muito prazer, Michele! Já conheço-a um tantinho pelos seus escritos, melhor agora um pouquinho mais a fundo. Parabéns por tudo! Um abraço.

Maria Mineira disse...

Gostei muito de sua entrevista, Michelle! Já li muitos textos seus e agora gostei de saber mais um pouquinho de você. Grande abraço e parabéns!

willes disse...

Muito bom ir conhecendo os parceiros da resistência!!!
Abraço!