Como falei anteriormente em matéria publicada neste blog (Sobre o Grupo Teatral Astecas), no dia seguinte da apresentação de Pluft o Fantasminha, de Maria Clara Machado, Paulo Andrade me procurou na saída do cinema, dizendo-se satisfeito com nosso desempenho e queria contribuir com o grupo. Estava nascendo ali um novo Grupo Teatral. Aliás, o ressurgimento do Grupo Teatral Os Gândavos, fundado inicialmente por Domingos Sávio, Fernando José, Jussara Burgos, Antônio Remígio, entre outros.
Paulo Andrade chegou a nossa cidade como um dos funcionários pioneiros do Banco do Brasil, provindo de Caruaru, onde foi engajado na arte de representar e em outros trabalhos comunitários. A partir deste momento os ensaios passaram a ser elaborados, inclusive com marcação de palco. Paulinho não só trouxe de sua cidade natal um empilhamento de ensinamentos, mas também sua ilustre esposa que se incorporou ao grupo na peça: “Morre um Gato na China”. O elenco foi composto pelo próprio Paulo Andrade no papel de Gastão, Célia Regina como Liane, cabendo a mim o personagem Sérgio, enquanto Antônio Remígio nos dava segurança no ponto.
¨Morre um Gato na China”, foi encenada no Centro Lítero Recreativo de Custódia, em primeira instância, no dia 23 de novembro de 1977. A obra prima de Pedro Bloch ficou encravada na história da dramaturgia local como a mais sucedida montagem e também como a única capaz de arrancar lágrimas da pláteia. A peça ainda foi levada às cidades de Monteiro na Paraíba e a Serra Talhada, onde foi encenada no Colégio Nossa Senhora de Fátima.
A segunda metade da década de setenta é positivamente o expoente maior da cultura custodiense. Além das tantas peças montadas por membros da própria comunidade, naqueles anos recebemos o ilustre fenômeno Nino Honorato com os monólogos: “As Mãos de Eurídice”, “Esta Noite Choveu Prata” e “A entrada de Lampião no Inferno”. Através de Paulo Andrade veio de Caruaru as peças “A Segunda Virgindade”, e a premiadíssima “Rua do Lixo 24”, apresentada em 21 de janeiro de 1978, pelo Grupo Feira de Caruaru, do próprio Vital Santos.
Com este grupo nascia também uma consciência coletiva no teatro custodiense. Esta mudança de mentalidade foi constatada durante e após as apresentações de ¨A Entrada de Lampião no Inferno,¨ e “A Segunda Virgindade.¨ Ou seja, as pessoas em sua maioria iam às peças por ser ¨uma novidade¨ mas não assimilavam bem o conteúdo. A partir daquele momento decidimos que os textos seriam de criação do próprio grupo.
Sob a direção de Paulinho, no dia 6 de março de 1978 fizemos três apresentações da peça de minha autoria “Como é Difícil Viver”, nos colégios: Técnico Joaquim pereira, Padre Leão e Joaquim Inácio. Logo no final da primeira apresentação, a estudante Leny ao ser entrevistada respondeu: “Gostei porque entendi”. A esta altura contávamos com os atores Fátima Ferreira, Magdália Chavier, José Wilson, Luciano Washington, Lúcia Maria, Luís William e Angélica Ferreira. No dia 3 de maio de 1978 estreamos: “Pedido de Casamento”, também de minha autoria. A partir daí compus mais seis peças: “Uma Vaga de secretária”, “Autarquia”, “O Filho Pródigo”, “Um caso Diferente”, “Rua Torta” e “O Ladrão que Nada Roubou”.
A exemplo da geração anterior chegara a hora de nos tornamos cidadãos do mundo. Paulo e Célinha se mudaram para Gravatá. Outros como eu, desceram ao nível do mar buscando faculdades e empregos. No apagar das luzes, com Marleide Espídola, Fátima Ferreira, José Eugênio, José Assis e uma gama de excelentes colaboradores, fundamos um jornal de circulação mensal sob o título “O Grito”, e assinei matérias em duas edições do Jornal Custódia Hoje.
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