Carlos Costa
¨Escrever não pode ser somente colocar palavras
no papel. Escrever é uma arte. É uma forma de espalhar conhecimento e formas de
pensar. Tudo o que se escreve tem um propósito. Escrever é tornar os sonhos
reais, ou seja viajar pelo mundo da imaginação traçando veredas, desvendando
mistérios. Ao brincar com as palavras corremos o risco de descobrir quem
realmente somos!¨
Carlos Costa é jornalista, assistente social, ex-professor universitário de serviço social, aposentado por invalidez desde novembro de 2009, autor de 13 obras. Nascido em Manaus, AM, em fevereiro de 1960. Foi criado na comunidade de Varre-Vento até os 8 anos e retornou para Manaus a fim de continuar seus estudos no grupo Escolar Adalberto Valle, onde começou a escrever no jornal escolar O PIRILAMPO, criado pelos próprios alunos e mimeografado. Era distribuído de graça aos alunos.
1 - Quando e como surgiu seu interesse pela leitura e escrita?
Carlos
Costa - Aos 14 anos, no curso de 1º a 4º série, quando
comecei a escrever poesias no jornal mural da Escola O Pirilampo.
2- Quais foram seus livros preferidos quando era criança e
os livros favoritos atualmente?
Carlos
Costa - Lia
de tudo na época, de Tio Patinhas, Tarzan, Texas Ranger, Recruta Zero, Zé
Carioca à coleção aos livros escritos por Santilana, da espiã Brigith Montefor.
Mais tarde, na quinta série, adquiri a coleção dos GRANDES ROMANCES HISTÓRICOS,
editado pela Roder’s Digest de uma professora de biologia do Ginásio Dorval
Porto, editado pela Rodder’s Diges’t e comecei a ler os clássicos e agora, leio
os filósofos.
3 - Quais escritores são suas fontes de inspiração?
Carlos
Costa - Rubens
Braga, Paulo Mendes Campos e as crônicas de Carlos Drumond de Andrade e de
Vinicius de Moraes. Em determinado tempo da minha juventude, era conhecido como
seguidor e era chamado escritor “rubensbraguiano”
4 - De que forma o conhecimento adquirido, seja pelo senso comum,
ou pelo meio acadêmico, ajuda na hora de escrever?
Carlos
Costa - De
todas as formas. A crônica é a colorização de uma foto antiga em preto e
branco. Com as palavras certas, nos locais certos, tudo dá uma boa crônica.
5- Segundo o
escritor Rubem Fonseca, “a leitura, a palavra oral é extremamente polissêmica.
Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está
lendo, esta é a vantagem da leitura". É isso mesmo? Concorda com essa
proposição?
Carlos
Costa - O universo do autor se revela quando escreve, porque escrever é uma
arte e os escritores são artistas que pintam com palavras coloridas o que se
via em preto e branco. Nenhum escritor cria do nada. A crônica tem a magia de
ser atemporal. Ela pode ser lida hoje e se for boa, daqui a 20 anos ela continuará
atual. Toda obra literária tem por trás o próprio universo escondido do autor,
mesmo em ficções, elas são um pouco de realidade.
6- Ainda segundo o
Escritor Rubem Fonseca: “um escritor tem de ser louco, alfabetizado,
imaginativo, motivado e paciente.” É o suficiente para ser um bom
escritor?
Carlos
Costa - De sábio e de louco, todo escritor tem um pouco. Mas é preciso saber usar
as palavras no tempo certo e não se tornar chato com rodeios desnecessários.
Alfabetizado, imaginativo, motivado e paciente são necessários para ser um
escritor. Mais a boa palavra escrita de forma correta e com seu sentido exato,
mostra a perfeição de um texto de crônica.
7 - Para qual público se destina sua criação?
Carlos
Costa - Todos
os públicos. Não tenho um público específico. Muitas vezes escrevo um texto bom
para mim, mas o leitor não gosta. Outros, não gosto, mas os leitores gostam.
Isso é complicado para mim, até hoje. Embora o blog carloscostajornalismo tenha
mais de 300 acessos por dia e um total de 243 mil acessos em três anos, sem qualquer
propaganda ou divulgação, não sei para quem escrevo e sinto falta dessa
interação com os leitores.
8 - Como funciona o seu processo de criação? Quais sãos suas
manias (ritual da escrita)?
Carlos
Costa - Às
vezes tomo remédio para dormir e começo a pensar no que escreverei ao acordar.
Às vezes consigo fazer de primeira, outras vezes deixo por terminar e depois o
texto. Enfim, não tenho um ritual único para escrever. Sempre escrevo de uma
coisa boba porque o importante não é a inspiração é como se coloca no papel a
inspiração que se teve.
9 - Em geral, os
seus personagens são baseados em pessoas que você conhece, ou são ficcionais?
Carlos
Costa - Já usei muitos nomes de pessoas que conhecia no início de minha carreira,
em 1978, quando comecei a escrever crônicas no JORNAL A NOTÍCIA, na coluna
domingueira CRÔNICAS DE CARLOS COSTA, ao lado de Chico Anísio e Guido Fidellis.
Depois, passei a criar personagens imaginários, mas sempre escrevo o que quero
e como quero...Não gosto de escrever contos e em toda minha vida, só escrevi
um, mas tenho romances de ficção e realidade publicados no blog
carloscostajornalismo.
10 - No seu processo de criação já
atravessou alguma crise de falta de inspiração?
Carlos
Costa - Sim, chamo essas crises de “diarréia mental”.
Quando estou com ela, nada escrevo. Até porque tenho diarréias constantes
devido aos remédios que tomo para fingir que combato as bactérias hospitalares
que se apossaram de meu cérebro em 2006, durante cirurgia para tratar de
empiema cerebral, para que as bactérias não me matem antes que eu morra.
11 - Você tem outra atividade, além de escrever?
Carlos
Costa - Fui professor de Serviço Social na Faculdade e diretor regional do
SEST/SENAT em Manaus, mas estou aposentado por invalidez desde novembro de
2009. Sou formado em comunicação social e serviço social.
12 - Você faz parte das Coletâneas Gandavos. Qual a sensação de
participar ao lado de escritores de várias regiões do país?
Carlos
Costa - Desde
o primeiro número, sempre participo. O desafio mais difícil que enfrentei foi
quando fui desafiado a produzir um Conto e consegui. Mas foi difícil! Muito
difícil mesmo. O conto é complicado. A crônica é a descrição colorida de uma
imagem que se via em preto e branco, só com a força das palavras.
13 - O financiamento coletivo e a publicação independente têm se
mostrado a opção das publicações Gandavos. Quais são os pontos positivos
e negativos desse tipo de publicação?
Carlos
Costa - Só
participo hoje na Coleção Gandavos, embora tenha sido solicitado a participar
de várias outras Antologias também.
14 – Você já fez publicação de livros sozinho, seja impresso ou
virtual? Quais e como o leitor pode adquiri-los?
Carlos
Costa - Hoje,
não, mas fiz algumas publicações. Especificamente o livro O HOMEM DA ROSA,
lançado em 1978 na Bienal Internacional do Livro, no RJ, era um monólogo e foi
transformado em livro e alcançou tanto sucesso que foi indicado ao prêmio
Jabuti de 1979. A Editora era pequena e não quis arcar com todos os custos. O
livro foi escrito para eu mesmo lê-lo depois e vê-lo em monólogo na voz do ator
David Almeida, um dos melhores atores de monólogo de Manaus na época.
15 - Qual mensagem você deixaria para autores iniciantes, com base
em suas próprias experiências.
Carlos
Costa - Nunca
desistir, participar de concursos, expor seus trabalhos à crítica, melhorar e
ler muito.
5 comentários:
Parabéns Carlos Costa. Gostei muito de "ouvir" a sua versão sobre a arte de escrever. Parabéns a Carlos Lopes pela iniciativa. abraço
Alberto Vasconcelos
Santo André/SP, 21/05/2016
É sempre bom saber dos motivos, opiniões e sugestões de cada escritor. Tudo isso nos serve de incentivo. Parabéns, Carlos Costa!
Ótimo Carlos, escrever é uma aventura. Gostei também da referência ao meu conterrâneo Rubem Braga, também sou rubembraguiano.
Parabéns ao jornalista Carlos Costa pela sua bem sucedida carreira! Parabéns a Carlos pela entrevista.
Parabéns Carlos Costa, bom conhecer os "gandavianos"! Abraços, Michele
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