H Rocha Galeria de Arte E-mail garetehrocha@uol.com.br tel 5521-22271179 e 5521-85820008 Exposição Divinas de Nino Ferreira. Tour virtual da Revista Amigos Web. Conheça a exposição mesmo longe da galeria.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Entrevistando o pintor olindense Nino Ferreira
Foto Alexandre Svero
Pergunta: Quando é que despertou o gosto pelas artes?
Resposta: Eu sempre tive uma necessidade muito forte de expressão desde pequeno, eu diria mesmo que quase compulsiva e isso começou com o desenho. Não era uma questão de "gostar" de desenhar, era mesmo a necessidade de fazê-lo.
Pergunta: Foi na pintura que cresceu como artista e atingiu notabilidade. Onde descobriu essa vocação?
Resposta: Eu tinha uma amiga com uma ótima bagagem de conhecimentos técnicos sobre pintura e que me convidou para montarmos um atelier. A proposta era experimentar algumas ideias que já tinhamos. Só que depois de alguns meses ela resolveu buscar a arte no mundo acadêmico e eu decidí seguir a diante. Eu já possuia um caderno cheio de esboços e, o que era mas interessante, eles já pareciam carregar com eles um conceito. Assim nasceu minha primeira série entitulada "Evas".
Perguntas: Quais são os seus mestres na arte?
Resposta: Gustav Klint, Portinari, Vik muniz, Edgar Degas, Roy Lichtenstein, Adriana Varejão, tenho gostado muito dos trabalhos de Banksy.
Pergunta: Qual foi a obra que mais gostou de pintar? Qual a temática que mais gostou de pintar?
Resposta: Nessa série "Divinas" que estou apresentando no Rio eu pintei pela primeira vez em dimensões bem maiores do que estou normalmente habituado a pintar. Foi meio desafiador mas eu gostei muito do resultado final. As mulheres com assas me dão um prazer a mais em pintá-las. Pelo humor que elas carregam e pelo fato de nunca ficar muito claro se elas são anjos ou se suas asas são meros enfeites. Lembro que na época quando comecei a pintá-las eu estava muito inspirado por uma musica de Vange Leonel que dizia "essas asas que eu vejo em mim são como enfeites de natal prontas pra confundir o que é o bem e o mal...como um anjo demitido espero o tempo passar e perambulo esquecido sem ordens de Deus pra levar".
Pergunta: Quando pinta inspira-se numa temática, num objecto exterior a si, ou é puro exercício de intelecção?
Resposta: O objeto exterior definitivamente existe, seja ele uma musica, um filme, mas principalmente as pessoas ao meu redor. Eu sou um observador ligado na tomada as 24 horas do dia, nada escapa, a diferença fica por conta de como tudo isso é processado. Sou muito emocional na maneira de trazer tudo isso a tona. Eu entrego o "leme do barco" totalmente ao meu inconsciente ,ate mesmo por acreditar na precisão como tudo se amarra e se interliga no final.
Pergunta: Que reações a sua obra pode despertar nas pessoas?
Resposta: Num primeiro momento identificação, como falei acima, meu trabalho é muito emocional e isso parece chegar as pessoas principalmente através da combinação de cores que costumo fazer. Em outros momentos a reação é de um riso carregado de uma certa estranheza com aquilo que se vê.
Pergunta: O que pretende transmitir com a sua obra?
Resposta: Trazer de volta algo de nós que talvez tenha ficado pelo caminho sem nos darmos muito conta (inclusive o riso). Sabe aquela reação típica de quem encontra algo que lhe é caro e diz: "ei, isso é meu!"
Pergunta: Pinta para um estrato social específico? Qual o seu público-alvo?
Resposta: Eu ainda vejo o artista como alguém que produz para si mesmo, as pessoas que se sentem, por razões diversas, atraídas por seu trabalho é que formam, num movimento muito natural, o seu público, sendo assim, não consigo ver meu trabalho direcionado para um público-alvo.
Pergunta: Já lhe aconteceu pintar algo e não gostar do que viu?
Resposta: Muitas e muitas vezes. Quando uma serie fica pronta ela costuma deixar um rastro de telas destruidas. rsssss
Pergunta: Ainda passa muitas horas a pintar?
Resposta: Muitas. Nunca tenho noção de tempo quando estou pintando de forma que isso implica sempre em muitas horas diante da tela.
Pergunta: O local onde pinta é importante? Tem a companhia do rádio?
Resposta: Bom, já pintei em situações bem desfavoráveis sem comprometer o resultado final do trabalho. No entanto, o local ideal pra mim é aquele sem muitas interferências exteriores. Quanto a musica, ela é parte fundamental do meu processo de trabalho.
Pergunta: Quando surgiu a idéia de fazer a mostra?
Resposta: A ideia da mostra surgiu em 2009 a partir de um convite da HR Galeria de arte que já conhecia meu trabalho e resolveram apostar nessa apresentação do meu trabalho para um novo público.
Pergunta: Como você definiria essa mostra?
Resposta: Essa é uma mostra que consegue condensar, nos 23 trabalhos expostos, a ideia central do meu trabalho hoje.
Pergunta: Você poderia falar um pouco sobre o que será apresentado na mostra?
Resposta: A mostra tem como ponto central as pinturas de figuras femininas com os seus jogos de cores intensas e os elementos que já criaram uma marca do meu trabalho como a ideia da mistura do religioso e do profano em um universo meio cabaré assim como uma certa ideia de "glamur decadente" que beira o kitch tudo isso numa estética bem pop. As Personagens por sua vez passeiam entre o humor meio displicente e uma certa melancolia. O segundo ponto da exposição são os trabalhos mais monocromáticos em que faço uso do carvão com cores chapadas ao fundo, geralmente em tons de terra. Nesse as figuras femininas são mais contemplativas. Elas carregam um lirismo mais evidente.
Entrevista feita em setembro de 2010 para o Jornal do Comercio do Rio sobre a primeira exposição de Nino Ferreira, realizada no Rio de Janeiro na Galeria Helio Rocha.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
A arte de Nino Ferreira - Texto: Carlos Lopes
Crédito da foto: Alexandre Svero
Tem quem diga que escrever sobre quem admiramos é fácil. Eu, particularmente não acho. Quando conheci Nino Ferreira, logo imaginei que a humildade, o carisma, habilidades com a cultura de um modo geral seria seu aforismo. Nada disso. Um belo dia fui surpreendido ao saber da sua afinidade com os pincéis. O meu admirado é um grande pintor de Olinda, do Brasil e do mundo, é claro.
Tem quem diga que escrever sobre quem admiramos é fácil. Eu, particularmente não acho. Quando conheci Nino Ferreira, logo imaginei que a humildade, o carisma, habilidades com a cultura de um modo geral seria seu aforismo. Nada disso. Um belo dia fui surpreendido ao saber da sua afinidade com os pincéis. O meu admirado é um grande pintor de Olinda, do Brasil e do mundo, é claro.
Ao criar o marcador ¨Dica da Semana¨, logo Nino veio em mente. Fiz o convite e Nino aceitou. Nos próximos dias vamos conhecer um pouco mais desse talentoso artista da terra e de onde vem essa força inspiradora. Mas, como o cara também leva jeito com as palavras deixemos que fale por si:
Nasci em março de 1966 em Olinda , minha mãe nasceu em Barreiros e meu pai em Recife. Meus pais já carregavam uma grande coincidência em seus nomes Amara & Amaral o que (só pra fantasiar um pouco) deve ter sido um bom sinal. Apesar de não haver histórico de artistas na minha família, posso dizer que a habilidade para trabalhos manuais e para um certo censo estético já havia se manifestado tanto na minha mãe com seu trabalho em costura quanto no meu pai que trabalhava em uma gráfica.
A atmosfera de uma cidade como Olinda, principalmente por sua arquitetura já atiça o imaginário de qualquer criança e mais ainda o de uma criança que se sentia atraída pelas artes visuais.
Comecei a pintar como os primatas, riscando paredes ... e num processo "evolutivo" muito particular, passei para o assoalho, portas, revistas, minha própria pele e por fim o papel. A aproximação dos materiais veio menos pelos livros que pelo faro. Na infância, para cada desenho feito, havia sempre uns tapinhas nas costas de "muito bem, muito bonito" o que parecia afirmar um possível talento "pra coisa".
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Elogio de um amigo chamado Paulo Andrade
Conheci Carlos Lopes quando trabalhei em Custódia na então recente inaugurada agencia do Banco do Brasil, e fiz parte do Grupo Teatral Os Gandavos, fundado por ele e mais alguns jovens que sentiram a necessidade de levar a sua mensagem através da arte cênica de representar.
Com o desejo de formação profissional muitos jovens haviam migrados para cidades como Recife, Salvador e Brasília, deixando-o sozinho. Por força e insistência sua conseguiu aderir ao grupo novos aliados que o ajudaram a recomeçar o trabalho e apresentaram a peça “Pluft o Fantasminha”, de Maria Clara Machado, em 21.04.77, ocasião em que o conheci e daí passamos (eu, minha esposa Célia Regina e Antônio Remigio) a integrar o grupo.
Agregados, trabalhamos e montamos “Morre um gato na China”, de Pedro Bloch, em 23.11.77, que apesar de muitos obstáculos surgidos prevaleceu mais uma vez a sua capacidade de persuasão pela vontade de crescer, nos impulsionando para a estréia. A partir deste momento o grupo passou a só representar peças de sua autoria, por exemplo “Rua Torta”, em 06.03.78 e “Égua Gorda”, em 03.05.78.
Depois destas montagens, nós (eu, Célia e Antônio), tivemos que nos afastar de Custódia, deixando-o mais uma vez sozinho. Não desistiu. Continuou escrevendo e lutando pelo desenvolvimento cultural da cidade, ocasião em que fez circular um jornalzinho informativo (O Grito), criado por ele e amigos como Fátima Ferreira e distribuídos pêlos próprios. Cobravam, apenas, uma taxa para despesas com o fabrico. Por motivos outros que não vem ao caso citá-los, não veio a circular por muito tempo.
Sentindo-se mais uma vez sozinho, vendo a idade avançando e o fechamento do cinema do seu pai com o advento da televisão no Sertão do Moxotó, resolveu deixar a terrinha e descer rumo ao nível do mar. Lá, conclui o curso de Licenciatura em História na Universidade Católica de Pernambuco e se incorpora ao quadro funcional do estado.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Pais heróis e mães heroínas do lar - Texto: Isnaldo Lins
Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos.Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra? Envelheceram. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido. Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias. Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres! E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia.É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros...Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa. Afinal, nossos heróis de ontem serão nossos heróis eternamente.
sábado, 2 de julho de 2011
Os Gândavos
Como falei anteriormente em matéria publicada neste blog (Sobre o Grupo Teatral Astecas), no dia seguinte da apresentação de Pluft o Fantasminha, de Maria Clara Machado, Paulo Andrade me procurou na saída do cinema, dizendo-se satisfeito com nosso desempenho e queria contribuir com o grupo. Estava nascendo ali um novo Grupo Teatral. Aliás, o ressurgimento do Grupo Teatral Os Gândavos, fundado inicialmente por Domingos Sávio, Fernando José, Jussara Burgos, Antônio Remígio, entre outros.
Paulo Andrade chegou a nossa cidade como um dos funcionários pioneiros do Banco do Brasil, provindo de Caruaru, onde foi engajado na arte de representar e em outros trabalhos comunitários. A partir deste momento os ensaios passaram a ser elaborados, inclusive com marcação de palco. Paulinho não só trouxe de sua cidade natal um empilhamento de ensinamentos, mas também sua ilustre esposa que se incorporou ao grupo na peça: “Morre um Gato na China”. O elenco foi composto pelo próprio Paulo Andrade no papel de Gastão, Célia Regina como Liane, cabendo a mim o personagem Sérgio, enquanto Antônio Remígio nos dava segurança no ponto.
¨Morre um Gato na China”, foi encenada no Centro Lítero Recreativo de Custódia, em primeira instância, no dia 23 de novembro de 1977. A obra prima de Pedro Bloch ficou encravada na história da dramaturgia local como a mais sucedida montagem e também como a única capaz de arrancar lágrimas da pláteia. A peça ainda foi levada às cidades de Monteiro na Paraíba e a Serra Talhada, onde foi encenada no Colégio Nossa Senhora de Fátima.
A segunda metade da década de setenta é positivamente o expoente maior da cultura custodiense. Além das tantas peças montadas por membros da própria comunidade, naqueles anos recebemos o ilustre fenômeno Nino Honorato com os monólogos: “As Mãos de Eurídice”, “Esta Noite Choveu Prata” e “A entrada de Lampião no Inferno”. Através de Paulo Andrade veio de Caruaru as peças “A Segunda Virgindade”, e a premiadíssima “Rua do Lixo 24”, apresentada em 21 de janeiro de 1978, pelo Grupo Feira de Caruaru, do próprio Vital Santos.
Com este grupo nascia também uma consciência coletiva no teatro custodiense. Esta mudança de mentalidade foi constatada durante e após as apresentações de ¨A Entrada de Lampião no Inferno,¨ e “A Segunda Virgindade.¨ Ou seja, as pessoas em sua maioria iam às peças por ser ¨uma novidade¨ mas não assimilavam bem o conteúdo. A partir daquele momento decidimos que os textos seriam de criação do próprio grupo.
Sob a direção de Paulinho, no dia 6 de março de 1978 fizemos três apresentações da peça de minha autoria “Como é Difícil Viver”, nos colégios: Técnico Joaquim pereira, Padre Leão e Joaquim Inácio. Logo no final da primeira apresentação, a estudante Leny ao ser entrevistada respondeu: “Gostei porque entendi”. A esta altura contávamos com os atores Fátima Ferreira, Magdália Chavier, José Wilson, Luciano Washington, Lúcia Maria, Luís William e Angélica Ferreira. No dia 3 de maio de 1978 estreamos: “Pedido de Casamento”, também de minha autoria. A partir daí compus mais seis peças: “Uma Vaga de secretária”, “Autarquia”, “O Filho Pródigo”, “Um caso Diferente”, “Rua Torta” e “O Ladrão que Nada Roubou”.
A exemplo da geração anterior chegara a hora de nos tornamos cidadãos do mundo. Paulo e Célinha se mudaram para Gravatá. Outros como eu, desceram ao nível do mar buscando faculdades e empregos. No apagar das luzes, com Marleide Espídola, Fátima Ferreira, José Eugênio, José Assis e uma gama de excelentes colaboradores, fundamos um jornal de circulação mensal sob o título “O Grito”, e assinei matérias em duas edições do Jornal Custódia Hoje.
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