Aristeu estava separado da esposa. Desquite já em fase final. Casara jovem e não pôde tirar muito proveito da vida de solteiro. Agora, já quarentão, começava a curtir novamente a solteirice, ao mesmo tempo em que pensava em recompor a vida ao lado de outra companheira. Por isso, trajava-se e comportava-se como um rapazinho evitando, contudo, o espelho, para ignorar sua feiúra. E sentia-se bonitão.
- Vou procurar minha alma gêmea, a minha outra metade!
Não perdia bailes, festas, aniversários, casamentos... Nesses ambientes jogava todo seu charme. Só que não fazia efeito. Mulher nenhuma correspondia aos seus desejos. Desanimado com a falta de resultados, deixou a badalação e enclausurou-se num desconfortado quarto de sua casa. Lá foi curtir a solidão. Seu único companheiro era um rádio Semp, movido a pilhas, com quatro faixas de ondas. Numa noite estafante, sintoniza uma rádio daqui, outra dali, até que acha uma da capital. O programa do horário era “Namoro pelo Rádio”.
Aristeu mudou o estado d’alma. Ficou de ouvidos em pé. Pegou caneta e papel. Tomou nota do nome de uma solteirona de 42 anos, morena, olhos castanhos e cabelos pretos. Profissão: doméstica. Sua preferência era por um homem do interior.
O candidato Aristeu, com nome e endereço da coroa, ia agora tentar a sorte: escrever. Na carta não foi sincero. Descreveu uma falsa imagem. A carta chegou ao destino. Marli, - era o nome dela -, topa a parada. Pede uma foto. O mancebo ficou apertado. Escreveu carta afirmando com convicção que, desde criança, tinha aversão por fotografias e que delas só tinha más recordações. Principalmente das últimas que havia tirado ainda jovem: quando do casamento fracassado e a outra quando posara ao lado do pai, que veio a falecer poucos dias depois. Dizia ainda que havia destruído as poucas fotografias que possuía e as únicas que ainda tinha estavam pregadas em seus documentos.
A moça Marli leu a carta e acreditou no moço. Respondeu que uma simples fotografia não impediria o namoro. Estava ansiosa para conhecê-lo e queria saber do dia que poderia dar uma esticada até Tabuí para vê-lo pessoalmente.
O quarentão marcou o encontro para um dia de sábado do frio mês de junho. A moça confirmou sua viagem na data marcada. Sairia da capital por volta de meia noite e chegaria a Tabuí às cinco e meia da madrugada. Aristeu a esperaria no bar que também servia de rodoviária.
Eufórico, ele comentava com todo mundo o dia e a hora da chegada da futura namorada que viria da capital.
Chegou o dia tão esperado. Às quatro da madruga Aristeu já estava de pé. Vestiu o terno, barbeou-se, usou o melhor perfume, penteou-se e se mandou pra rodoviária. Pelas ruas foi convidando quem encontrava para assistir ao encontro.
O ônibus chegou com quase uma hora de atraso, deixando o Aristeu preocupado. O motorista abre a porta e os passageiros descem. De repente uma morena esbelta, de cabelos pretos e curtos aparece na porta do ônibus. Era ela, a Marli. Desceu e foi em direção a um grupo de mais ou menos dez pessoas e perguntou:
- Vou procurar minha alma gêmea, a minha outra metade!
Não perdia bailes, festas, aniversários, casamentos... Nesses ambientes jogava todo seu charme. Só que não fazia efeito. Mulher nenhuma correspondia aos seus desejos. Desanimado com a falta de resultados, deixou a badalação e enclausurou-se num desconfortado quarto de sua casa. Lá foi curtir a solidão. Seu único companheiro era um rádio Semp, movido a pilhas, com quatro faixas de ondas. Numa noite estafante, sintoniza uma rádio daqui, outra dali, até que acha uma da capital. O programa do horário era “Namoro pelo Rádio”.
Aristeu mudou o estado d’alma. Ficou de ouvidos em pé. Pegou caneta e papel. Tomou nota do nome de uma solteirona de 42 anos, morena, olhos castanhos e cabelos pretos. Profissão: doméstica. Sua preferência era por um homem do interior.
O candidato Aristeu, com nome e endereço da coroa, ia agora tentar a sorte: escrever. Na carta não foi sincero. Descreveu uma falsa imagem. A carta chegou ao destino. Marli, - era o nome dela -, topa a parada. Pede uma foto. O mancebo ficou apertado. Escreveu carta afirmando com convicção que, desde criança, tinha aversão por fotografias e que delas só tinha más recordações. Principalmente das últimas que havia tirado ainda jovem: quando do casamento fracassado e a outra quando posara ao lado do pai, que veio a falecer poucos dias depois. Dizia ainda que havia destruído as poucas fotografias que possuía e as únicas que ainda tinha estavam pregadas em seus documentos.
A moça Marli leu a carta e acreditou no moço. Respondeu que uma simples fotografia não impediria o namoro. Estava ansiosa para conhecê-lo e queria saber do dia que poderia dar uma esticada até Tabuí para vê-lo pessoalmente.
O quarentão marcou o encontro para um dia de sábado do frio mês de junho. A moça confirmou sua viagem na data marcada. Sairia da capital por volta de meia noite e chegaria a Tabuí às cinco e meia da madrugada. Aristeu a esperaria no bar que também servia de rodoviária.
Eufórico, ele comentava com todo mundo o dia e a hora da chegada da futura namorada que viria da capital.
Chegou o dia tão esperado. Às quatro da madruga Aristeu já estava de pé. Vestiu o terno, barbeou-se, usou o melhor perfume, penteou-se e se mandou pra rodoviária. Pelas ruas foi convidando quem encontrava para assistir ao encontro.
O ônibus chegou com quase uma hora de atraso, deixando o Aristeu preocupado. O motorista abre a porta e os passageiros descem. De repente uma morena esbelta, de cabelos pretos e curtos aparece na porta do ônibus. Era ela, a Marli. Desceu e foi em direção a um grupo de mais ou menos dez pessoas e perguntou:
- Qual de vocês é o Aristeu Benedito da Costa?
O quarentão estufou os peitos, meteu as mãos na cintura, olhou a reação dos companheiros e falou todo orgulhoso:
O quarentão estufou os peitos, meteu as mãos na cintura, olhou a reação dos companheiros e falou todo orgulhoso:
- Sou eu, uai!
A quarentona fez um instante de silêncio, mirou-o da cabeça aos pés, torceu o nariz e perguntou meio assustada:
- A que horas sai o próximo ônibus para Bel’Zonte?
Autor: Eurico de Andrade - Brasília/DF
Publicação autorizada pelo autor através de e-mail de 15/10/2011
4 comentários:
História boa prá danar. Coitado do quarentão! Achou que a pose resolveria a questão da feiúra. Ainda hoje, via web, continuam na nessa enganação.
Obrigado, Mariza. Aproveito para convidar os leitores de Gandavos a fazerem uma visita ao Filosofias da Maga, da minha amiga Mariza.
Eurico, estava novamente lendo este teu causo. Ele é muito bom mesmo. Vou te enviar um belo mote pra você criar um ¨causo¨.
Carlos, estou aguardando o seu mote, que será muito bem-vindo. Obrigado pelo elogio ao meu texto. Vindo de vc, um especialista no assunto, fico mais orgulhoso ainda. É pena que não dá para viver de sonhos e ficar só escrevendo. É preciso sobreviver. Falta-me tempo para escrever mais... Abs.
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