terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Engenho do Ribeiro

Autor: Geraldinho do Engenho
 
Nas remotas épocas que ocorreu a colonização de nossa pátria, aventureiros portugueses embrenharam-se pelos sertões.
Autorizados pelo reino de Portugal, apossaram vastas áreas de terras denominadas “sesmarias.”
Foi nessa oportunidade que um português de nome Gonçalves Lima apossou uma sesmaria de grande extensão, à margem esquerda do rio Picão, dando-lhe o nome de Bom Jardim do Picão. Nome este, alusivo a rara beleza da mata virgem que cobria as margens do rio compreendidas desde sua nascente nas imediações da Garça até sua desembocadura no rio Pará, que juntos deságuam no São Francisco, no município de Martinho Campos, formando o exuberante Vale do Picão.
Alguns anos mais tarde, esta posse foi vendida a Félix Rodrigues Chaves, pai de Maria Rodrigues, desposada por Manoel Ribeiro. Enlace ocorrido no ano de 1790.
Procedente da região do Paraopeba, logo após a transação, Félix fixou sua residência no Buriti do Jorge
Manoel Recebeu como doação de seu pai, parte da sesmaria, adquirida do sogro Félix Rodrigues. Montou seu engenho de cana, onde se fabricava cachaça rapadura e o tradicional açúcar mascavo, conhecido também como açúcar de fôrma. Mais tarde este engenho deu nome ao povoado que se fundou. A semente que deu origem ao povoado foi lançada um século mais tarde por um descendente de Manoel Ribeiro. No ano de 1917, quando foi construída por Guilhermino Rodrigues da Costa, a primeira casa de escola.
A mata cuja fauna e flora eram de riqueza em comparável na sua biodiversidade aos poucos foi desaparecendo. A causa principal dessa catástrofe, por incrível que se pareça não foi do homem, mas da própria natureza, através da ação do tempo.
As grandes cheias provocadas pelos temporais que desabavam sobre o vale, levando enorme diversidade de detritos da própria mata virgem foram-se acumulando nas proximidades da desembocadura do rio, formando um grande dique, causando uma gigantesca inundação dando assim a origem e formação do grande pântano, até então inexistente. Os brejais. Os quais se tornaram produtivos na medida em que suas terras foram sendo cultivadas. Por várias décadas o arrozal ilustrou este abençoado vale atualmente ocupado pela atividade agropastoril. É muito comum encontrar vestígios da extinta mata soterrada nos brejais, madeiras conservadas pelo poder imunológico da grande lavra de argila do subsolo.
Este é um pequeno relato de nossa terra com sua exuberância e sua humildade, habitada por gente simples e solidária.
Estendida na planície deste vale, onde a mão divina do criador rematou com arte esta bela obra, com seus montes e encostas pincelados de campinas e matas verdejantes sob um céu infinitamente azul.
Banhada de luz pelos astros que vigilantes derramam calor e candura sobre sua face tomando-a fértil e produtiva. Seu rio peregrino, caudaloso e cauteloso, desliza recebendo afluentes que brotam cristalinos das fendas de encostas e montes, em sua rota tortuosa cortando ao meio os brejais manados pelas vazantes, que vão saciando sua biodiversidade.
Iniciando paupérrimo em um local histórico, onde Manoel Picão Camacho construiu a primeira residência rural neste majestoso vale; nas remotas épocas que antecederam a fundação de Bom Despacho.
Arrebatado do ventre da terra ele segue com humildade seu trajeto em busca do rio Pará e juntos vão desembocar no velho Chico.
Abrangendo os municípios: de Bom Despacho e Martinho Campos. Tornou-se uma importante artéria irrigando suas pastagens. Alimentando homens e animais. Suas barrancas verdejantes agropastoris, ora brumadas de garças brancas, ora cobertas com seu véu de noiva confeccionado pela neblina nas manhãs de inverno, nos dão uma sensação de paz, emanando tranqüilidade.
Tendo como irmão gêmeo o rio lambari Sob a auspiciosa proteção paternal de dois benevolentes rios: pela direita o Pará, pela esquerda o célebre e lendário, o velho Chico. Numa parceria enriquecida e saudável tornando-os protagonistas de verdadeiras mesopotâmias da região centro-oeste mineiro.
 


Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG
 
Publicação autorizada pelo autor

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