domingo, 16 de dezembro de 2012

Assalto ao Banco

Autora: Marina Alves
 
Segunda-feira, dez da manhã. Muita gente à porta do banco, esperando abrir. A fila já dobra a esquina. Pelo jeito a moçada andou exagerando no fim de semana. O cheque sem fundo não pode bater. Isso dá uma baita dor de cabeça, né não? Quem já passou, sabe. O cartão? Perdido, Deus sabe lá onde. Também, quem abusou nas dosagens etílicas pelos botecos da vida, vai dar notícia de onde andou?
Diante da grande porta de blindex, o povo se espreme. Pra quê isso? Medo de quando a portona se abrir, algum espertinho se infiltre na fila. Zé Madrugador defende a posição conquistada com unhas e dentes. Pulou cedo da cama à toa? Jamé! E se um fura-fila-sem-noção lhe dá uma rasteira? Bem capaz de só sair do banco lá pelas duas... Se sair. O sol já tá fervendo, mas quem liga pra isso? Concentração total e olho no relógio esperando a ordem de largarda... Deus nos acuda!
Zockblumplaplum BUM!!! É tudo tão rápido que ninguém dá conta de acompanhar: certa dama de peso (literalmente) da cidade, chega meio atarantada, se desequilibra no saltinho e não consegue fazer a devida “brecagem”: sai catando cavaco até bater com tudo no blindex. Zockblumplaplum BUM!!! Bate, a porta treme, o vidro estronda! E o povo? Achando que é assalto, e seguindo o exemplo do guardinha, de imediato se joga no chão... São José Padroeiro, que situação!
Cadê mais tiro? Cadê o anúncio de assalto? Nada. Passado o equívoco, com que cara levantar do chão? Fácil não é, mas os mais corajosos acham por bem enfrentar logo de cara. Refeitos do susto e do ridículo optam pelo bom humor. Fazer o quê? O jeito é levar na esportiva. O que era palco de quase “tragédia” vira diversão. Baixa o, já famoso, espírito brasileiro e todo mundo cai na gargalhada. Superadíssimo, o malogrado assalto ao banco! Menos pro Agenor do Mercadinho! Rígido e imóvel lá está ele estirado no exato lugar em que se jogou. Nossa, morreu? Que nada! O fato é que o “precavido” não é bobo de facilitar. Só na viatura da Polícia, a caminho do hospital, ele abre um tiquinho assim o olho esquerdo, e sonda:
— Cumé que é?... Já prendero os bandido, gente?
 
Autora: Marina Alves - Lagoa da Prata/MG

Página da autora:

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=64920



Desenho: Edmar Sales

Publicações autorizadas pelos autores

 
 

2 comentários:

gam538 disse...

Então taí o caso do malogrado assalto ao banco, que graças a Deus não passou de susto rs... Um prazer participar deste belo espaço, na companhia de boa Literatura. Grata, Carlos, pela gentileza da publicação. Abraço da Marina.

Maria Mineira disse...

Prazer é todo nosso, seus leitores, que podemos acompanhar seus escritos no Recanto das Letras e agora aqui no blog Gândavos. Parabéns!