Autora: Lenapena
De fato, ela nunca se foi. Na
verdade, foi sim, mas sem ir.
Aquele domingo amanheceu ensolarado e gelado. Era 19 de julho de 1964.
Fazia uma semana que Ela havia sido
internada.
Uma semana que passou lentamente, como se a areia da ampulheta do tempo, houvesse entupido a passagem dos segundos.
As notícias vinda do hospital, chegavam pálidas, não motivavam a confiança.
Uma semana que passou lentamente, como se a areia da ampulheta do tempo, houvesse entupido a passagem dos segundos.
As notícias vinda do hospital, chegavam pálidas, não motivavam a confiança.
Mas a fé que morava em sua alma,
teimava em reavivar-se a cada dia.
Confiante, mesmo com o medo a lhe
sufocar o coração, ela pensava: "Ah, ELE, não vai fazer isso comigo.
Melhor do que ninguém, ELE, sabe do amor que tenho por ela, e da necessidade
vital dela em minha vida".
Essa esperança a fazia levantar-se
todas as manhãs, daquela longa e interminável semana.
No alto dos seus onze anos e sete
meses, ela sempre mostrou-se, mais madura do que a idade pedia. E aquela
semana, contribuiu para que sua alma, amadurecesse o equivalente a um século.
Como não cogitava a vida sem Ela,
pensava então ser impossível o desfecho fatal.
Algo naquele leito de hospital, iria
acontecer, para restabelecer a saúde precária, Daquela que ela tanto amava.
Em seus verdes anos, pensava:
"Como poderia a vida seguir sem Ela? Ela, era a bondade que a todos da
família alegrava. Em seus olhos a generosidade se mostrava.
Em suas mãos a caridade morava. Mãos
que se não estavam a afagar, estavam a tricotar enxovais de bebês, que com
carinho, ofertava as mães desvalidas.
Então a vida sem Ela, não seria
possível. DEUS, não iria abrir mão de tão amorosa colaboradora aqui na
terra".
Mas, contra todos os seus
pensamentos otimistas, argumentos de confiança, sentimentos de amor e fé, Ela,
se foi.
Mas não de fato, porque de alguma
forma Ela, sempre permaneceu.
O sol se escondia, calmo, lindo, de
um dourado, nunca antes visto. Sentada na mureta da casa, ela o olhou até que
os últimos raios dele, sumiram no horizonte.
Devagar, entrou na cozinha, e os
ponteiros do velho despertador, em cima do guarda-comida, marcavam 5.20
(dezessete horas e vinte minutos).
Não foi preciso esperar até bem mais
tarde da noite, para que vindo do hospital, um tio, lhe trouxesse a notícia,
ela, já sábia.
Somente perguntou ao tio: "que horas, Ela partiu?" Ele, respondeu:
"As 5.20".
Olhando o sol se por, com uma beleza
nunca antes vista, naquele entardecer frio de julho, ela soube, que o astro
rei, se fizera especialmente belo naquele poente, para receber em sua morada,
uma alma muito especial.
E assim, ela, com o coração
apertadinho, sumido dentro do peito, quase que viu, sem ver, quando sua MÃE,
partiu ao encontro da outra dimensão.
Autora: Lenapena - São Paulo/SP
Publicação autorizada pela autora
COMENTÁRIOS:
Carlos A. Lopes:
Seja bem vinda ao blog Lenapena
Um abraço
Maria Mineira:
Lena, minha amiga. Fiquei feliz ao vê-la aqui no blog Gândavos. Você consegue juntar amor, carinho,ternura e saudade e transformá-los em belos textos.
Lena, minha amiga. Fiquei feliz ao vê-la aqui no blog Gândavos. Você consegue juntar amor, carinho,ternura e saudade e transformá-los em belos textos.
Parabéns e seja bem vinda!
4 comentários:
Seja bem vinda ao blog Lenapena.
Um abraço
Lena, minha amiga. Fiquei feliz ao vê-la aqui no blog Gândavos. Você consegue juntar amor, carinho,ternura e saudade e transformá-los em belos textos. Parabéns e seja bem vinda!
Lena, minha querida... Muito feliz em ver você aqui! Adoro ler-te sempre. Abraços
Com sua já conhecida sensibilidade Lena sempre nos emociona. Texto que toca, por falar de forma tão bonita de um dos mais belos amores deste mundo. Ela está feliz lhe vendo tão bem, Lena. Abraço. Prazer em vê-la por aqui. Marina Alves.
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