A manhã de domingo está
clara, apesar do frio próprio da estação. Abro a porta da cozinha e sinto o
vento gelado atingir meu rosto.
Desde muito cedo, minhas três cachorras
estão ansiosas, arranhando a porta para que eu
venha atende-las. Este é meu
horário durante toda a semana e elas não sabem distinguir o domingo, quando eu
gostaria de dormir um pouco mais.
As três são bem cuidadas e respeitadas como
deve ser. Tem suas casinhas bem ajeitadas e quentinhas na lavanderia.
Olho para debaixo de uma escada e vejo seus
dejetos perto do ralo. Penso que elas sabem que fazendo alí me facilitam o
trabalho.
O quintal não é muito grande; dividimos
entre muitos moradores. Á menos de dez passos de minha porta, há uma pequena
edícula onde mora minha irmã mais velha, Ângela, que é deficiente visual. Tem
as cachorras como companheiras e amigas. A escada íngreme leva á outra edícula,
construída sobre a laje de um pequeno galpão. Ali mora minha irmã mais nova,
Isa, que é solteira, com duas cachorras que são seu xodó.
Pois é... são cinco cachorras ao todo e cada
qual, tem sua história. Comecemos pela mais velha das três que ficam no quintal
abaixo: Seu nome é Lilica e é a mais brava. Está com quatorze anos e é do tipo
tigresa; seu pelo é marrom com listras amareladas. É pequena e muito forte; já
foi operada duas vezes de câncer. Fiquei á seu lado, o tempo todo, até sarar.
Minha neta a trouxe filhote; havia sido abandonada na rua. Lembro-me da carinha
da menina implorando á mim e ao avô, para ficarmos com ela. Logo, não
resistimos ao apelo da criança de cinco anos e cedemos.
Naquela época tínhamos um cachorro chamado
Dois e era do tipo namorador. Ficamos com receio quanto á Lilica. Mas ele era
velho demais e logo morreu.
Quando a Lilica estava com seis anos,
apareceu a Nani. Naquela manhã, desde muito cedo, eu estava ouvindo o choro de
um cachorrinho. Mas ocupada com meus afazeres, não saí para olhar. Até que
minhas vizinhas que conversavam na rua, vieram me chamar para mostrar o que
havia dentro de uma caixa de papelão abandonada. Era uma cachorrinha preta e
branca, ainda filhote e muito maltratada. Zangada com minhas vizinhas, porque
achei que ao invés de me chamarem, deveriam, elas, acudir o animalzinho, entrei
em casa. Mas em menos de dez minutos, voltei e apanhei a pobrezinha, dizendo
que não tinha culpa pelos humanos serem tão dissimulados. Dei-lhe banho e fiz
um curativo em um corte no peito, que estava inflamado. Dei-lhe antibiótico e
logo estava curada. Era do tipo pequeno.
Estávamos acostumados com a Lilica e a Nani,
quando Isa veio morar na casa que ela mesma mandou construir. Preocupada em dar
conforto às suas duas cachorrinhas, fez a casa bem pequena e deixou-lhes um bom
e ensolarado quintal. Nina, a mais velha é dengosa e fofa. Parece um bibelô de
tão linda. Tem sua caminha num canto da casa. Só desce a escada, quando vai ao
veterinário ou para passear na praça de madrugada. Quando fica no topo da
escada olhando para baixo, se confundiria com as nuvens no céu, de tão
branquinha e peluda que é. Mel é diferente, é alta e magra, branca e de manchas
marrom. Arteira e sorrateira vive "aprontando". Gosta de arrastar sua
própria cama e a da Nina, para fora da casa. Não teria problema se isso não
acontecesse, também, em dias de chuva.
Assim que a Isa sai para o trabalho, ela desce a escada e abre a maçaneta
da casa da Ângela, entra e acomoda-se debaixo da cama.
E por último, ganhamos a Sol. É mestiça de
labrador. É negra e com uma mancha branca na altura do peito. É delicada e
dócil. Mas amedronta quem não a conhece com seu latido forte e seu jeito brincalhão,
assusta dando a impressão que vai atacar. Pertence a meu filho Daniel, que a
adotou quando estava casado. Sua ex-mulher ficou com ela algum tempo, mas logo
ameaçou abandona-la, porque não tinha como cuidar. Mais que depressa, pedi ao
Daniel que fosse busca-la. É a maior de todas.
Eu e a Isa deixamos o portão da laje aberto,
para que subam e desçam o quanto quiserem para que se exercitem.
Somos felizes com nossas cachorrinhas e
gostaríamos de dizer a todo o mundo que adote e proteja os animais. Afinal, se
estão aqui, é porque tem direito á seu espaço!
2 comentários:
A historinha é interessante e narrada na primeira pessoa, dá um tom coloquial. Precisa de revisão, principalmente no emprego da crase. Parabéns a quem o produziu.
(Padrão usado em todos os textos comentados para dar a todos um tratamento igual). Fazendo pois uso dos critérios apontados no regulamento deixo aqui minha impressão: ortografia, gramática e pontuação: revisar os casos de crase, o acento está invertido na maioria das ocorrências e antes de ‘mim’ não pede crase. Informo aqui apenas para agilizar possível correção, dado que apenas dizer ‘precisa revisão’ é muito vago e a pessoa pode não perceber ou demorar a perceber o que exatamente precisa ser revisado. Uma história simples e que parece estar de acordo com a proposta do concurso (considerando o requisito de demonstração de afeto pelo animal). Avaliação pessoal: bom. Parabéns à autora ou ao autor e muito boa sorte! (Torquato Moreno).
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