Nossa... este título deve soar jurássico para quem é jovem hoje. Mas quando eu era bem pequena , não era muito comum as pessoas de classe média baixa terem geladeiras em casa. Quem tinha, de vez em quando ficava responsável por guardar alguma coisa para o vizinho, ou de fornecer o gelo para as festinhas.
Nossa primeira geladeira, foi uma Cônsul azul-clarinha. Acho que eu tinha uns quatro anos de idade na época, mas eu me lembro muito bem de meu pai chegando em casa e dizendo à minha mãe que comprara uma geladeira nas Casas Xavier.
Logo depois, veio também o nosso primeiro liquidificador, e chegamos à era dos sucos e sorvetes. Maçã no liquidificador era uma verdadeira delícia, e picolé de groselha com leite, uma iguaria!
Meu pai tinha muitos ciúmes das coisas que comprava, pois o fazia sempre com muitas dificuldades, às vezes, dividindo os pagamentos em 24 vezes no crediário. Quem ousasse esbarrar em sua geladeira, ouviria um sermão zangado.
Sabendo disso, minha irmã Ester, a mais rebelde da casa, sempre que era chamada a atenção ou se desentendia com meu pai, fingia esbarrar na geladeira 'sem querer.' Ele quase tinha uma crise! Uma vez, o ebarrão acidental foi tão forte, que a geladeira balançou e saiu do lugar... como ela apanhou!
Aquela geladeira azul ficou conosco mesmo depois que todos os meus irmãos mais velhos casaram-se e saíram de casa. Jamais teve qualquer tipo de problema. Hoje em dia, essas coisas tem prazo de validade curto. Quando eu me casei, ela ainda existia, mas foi desativada quando minha mãe mudou-se para a casa de minha irmã. Acho que eles a doaram a uma família carente. Mas sempre me vem à mente a imagem da cozinha de nossa casa, com a mesa de madeira no meio, as quatro cadeiras, a geladeira azul no cantinho, o janelão aberto sobre o fogão também azul. Ali, naquela cozinha, aprendi a ler e escrever.
A geladeira azul como testemunha da história de nossa família.
Nossa primeira geladeira, foi uma Cônsul azul-clarinha. Acho que eu tinha uns quatro anos de idade na época, mas eu me lembro muito bem de meu pai chegando em casa e dizendo à minha mãe que comprara uma geladeira nas Casas Xavier.
Logo depois, veio também o nosso primeiro liquidificador, e chegamos à era dos sucos e sorvetes. Maçã no liquidificador era uma verdadeira delícia, e picolé de groselha com leite, uma iguaria!
Meu pai tinha muitos ciúmes das coisas que comprava, pois o fazia sempre com muitas dificuldades, às vezes, dividindo os pagamentos em 24 vezes no crediário. Quem ousasse esbarrar em sua geladeira, ouviria um sermão zangado.
Sabendo disso, minha irmã Ester, a mais rebelde da casa, sempre que era chamada a atenção ou se desentendia com meu pai, fingia esbarrar na geladeira 'sem querer.' Ele quase tinha uma crise! Uma vez, o ebarrão acidental foi tão forte, que a geladeira balançou e saiu do lugar... como ela apanhou!
Aquela geladeira azul ficou conosco mesmo depois que todos os meus irmãos mais velhos casaram-se e saíram de casa. Jamais teve qualquer tipo de problema. Hoje em dia, essas coisas tem prazo de validade curto. Quando eu me casei, ela ainda existia, mas foi desativada quando minha mãe mudou-se para a casa de minha irmã. Acho que eles a doaram a uma família carente. Mas sempre me vem à mente a imagem da cozinha de nossa casa, com a mesa de madeira no meio, as quatro cadeiras, a geladeira azul no cantinho, o janelão aberto sobre o fogão também azul. Ali, naquela cozinha, aprendi a ler e escrever.
A geladeira azul como testemunha da história de nossa família.
Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ
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Blog: Ana Bailune - Liberdade de Expressão
Postagem: Face
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4 comentários:
Oi, Ana! Ah, estas memoráveis lembranças!!! A primeira geladeira da minha casa chegou junto com o meu nascimento (e olhe que eu sou o sétimo filho, de 9). Dizia a minha mãe que meu pai a comprou para fazer uma mádia com ela, pois havia chegado em casa bêbado justo no dia de um nascimento. E lhe digo mais: Ela funciona até hoje no sítio de uma de minhas irmãs. A marca é Hotpoint. Pesa duas toneladas. rsrs. Muito bom! Abraços. Paz e bem.
Olá Ana! Já tive o prazer de ler textos seus em uma revista na qual também tenho um espaço e já os admirava. Prazer vê-la aqui também.
Pois então, estas lembranças são muito gratas e as coisas que foram adquiridas por nossos pais, em tempo que tudo era novidade e que eram compradas com tanta dificuldade, remete-nos a apegos, pois acabam por nos apontar outros valores, tão decadentes em dias atuais. Também eu, lembro da nossa primeira geladeira, da primeira TV e até do primeiro colchão de capim batido, substituindo os velhos colchões de palha. Enfim, são gratas lembranças que nos tornam contadores da história de nossas vidas, para as próximas gerações. Excelente crônica.
Um abraço,
Celêdian Assis
´Bons tempos! A primeira geladeira foi uma festa. Era um tal de fazer picolés que não acabava mais. Virou uma fonte de renda auxiliar lá em casa. Era o único equipamento da rua e dos poucos na pequena cidade. Enfim, Da primeira geladeira a gente nunca esquece. Bem lembrado Ana.
Que delícia de crônica.
"Fogão a gás é um perigo" que publiquei no RL é muito parecida.
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