sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pânico no supermercado - Autora: Anabailune

                Tarde de sábado (ontem). Meu marido e eu estávamos em um supermercado em Itaipava, e tínhamos terminado de encher o carrinho com as compras do mês. Aguardávamos na fila do caixa, enquanto nossas compras eram colocadas em caixas de papelão. Chovia muito lá fora, e estávamos próximos às portas de entrada.

                 De repente, como um rio desgovernado, vi quando uma enorme multidão veio correndo de dentro do supermercado em nossa direção, gritando e chorando. Meu marido, instintivamente, disse para mim: "Abaixe-se! Deve ser um assalto!" Ficamos abaixados junto ao caixa, enquanto pessoas passavam por nós, algumas pulando por cima dos caixas. Crianças gritavam, mulheres choravam. Olhei para o rosto da moça que estava nos atendendo, e só vi confusão e pânico. Ela gritava o nome de alguém, pois queria saber o que estava acontecendo.

                 Foi tudo bem rápido, antes que soubéssemos que tinha sido um botijão de gás vazando na cozinha da padaria que causara um princípio de incêndio; alguém em pânico gritou:"Vai explodir!" e causou toda a correira. Vimos a fumaça negra, ouvimos um passante dizer que uma funcionária tinha se queimado um pouco, e logo depois, o alto-falante anunciou que a situação estava sob controle.

                  A funcionária continuou empacotando nossas coisas, e tudo foi voltando ao normal, aos poucos.

                  Mas foi a primeira vez em que me vi em uma situação de pânico real no meio de uma multidão, e não foi nada agradável! Em apenas alguns minutos, dezenas de coisas diferentes passaram pela minha cabeça: apesar da proximidade das portas de entrada, pensei: "Será que vou morrer com uma bala perdida?" E ao ver a fumaça: "Vai explodir tudo, e ficaremos aqui, aos pedacinhos?"  Flashes das manchetes de jornal do dia seguinte passaram diante de meus olhos: "Fogo em supermercado deixa dezenas de mortos e centenas de feridos", e eu, no meio de uma das categorias. É tão fácil morrer!

                  Na hora "H", ninguém pensa em nada: o instinto de sobrevivência grita bem mais alto, e a reação é correr, correr para fora, para o mais longe possível do perigo, pisoteando outros pelo caminho, se necessário, mas sair correndo. Percebi que mesmo aqueles que tem idéias suicidas, teriam a mesma reação diante de um perigo real.

                  Pensei no como deve ser horrível viver em um destes países nos quais você está calmamente (?) andando pela rua, quando de repente, ouve uma explosão e a cabeça de alguém vem parar no chão à sua frente, e os prédios começam a ruir ao seu redor. Ou quando se mora em uma favela, e um tiroteio começa, e você precisa deitar-se no chão e rezar para  que você e seus entes queridos não sejam atingidos por uma bala perdida, e que os bandidos não metam o pé na sua porta e façam você e sua família de reféns.

                   Pela primeira vez na vida, estive no meio de pessoas totalmente em pânico, vi seus rostos, ouvi seus gritos, e senti o vento de seus corpos passando bem perto de mim, enquanto elas corriam.
Foi assustador.

Autora: Anabailune - Petrópolis/RJ

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Publicação autorizada pela autora através de e-mail de 18/09/2011

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