Adolescência, fase adulta ou idosa. Não importa
muito a idade quando o assunto é amor. Ele chega de vários jeitos, seja de
mansinho, sem que o procuremos, ou num rompante estrondoso, tomando-nos
totalmente despreparados. E nessa hora, o que menos importa é a idade.
Cada pessoa tem um jeito próprio de lidar com a
paixão e o amor. Alguns fingem que nada está acontecendo, e resistem o máximo
possível, mas pouco adianta. E quando se dão conta, já estão tomados por
completo. Outros, no entanto, se entregam logo, ávidos por vivenciar as
benesses que isso pode trazer. E assim a vida segue, com amores surgindo todos
os dias. No entanto, os amores também acabam, cessando muitas vezes da mesma
forma como começaram: de mansinho ou abruptamente.
Alguns defendem que “se o amor acabou, é porque
nunca existiu”. Não pretendo entrar nesse mérito, mas sim no que diz respeito a
amar novamente. Raramente, as relações amorosas terminam de forma tranquila, e
num grande número de vezes, alguém absorve traumas profundos, e se sente
receoso ou incapacitado para amar novamente. A amargura aparece e essas pessoas
entristecem, fechando completamente as portas do coração para qualquer
sentimento mais profundo que possam vir a sentir por alguém. E por quê? Pelo
medo que sentem em se “ferir” de alguma forma num novo relacionamento.
No entanto, o amor não liga muito para isso, e do
nada, ele brota novamente, seja nos corações mais abertos para ele, ou naqueles
trancados e fechados para balanço. A diferença é que todo aquele que aceita um
novo amor em sua vida, o aproveitará em sua plenitude, e saberá absorver cada
momento de felicidade que se apresentar com a nova relação. Já aqueles que se
sentem receosos, irão sofrer. Tentarão repudiar cada assédio de outras pessoas
no sentido de uma nova paixão, e se por acaso se sentirem presos por esse
sentimento (que não pede licença), lutarão de todas as formas para se livrar
dele, tentando se manter na solidão. E isso, unicamente na intenção de se
eximir de possíveis sofrimentos, que podem sequer vir a existir. No fim das
contas, sofrem da mesma maneira ou até mais, pois passarão a enfrentar duas
novas brigas, a paixão por alguém, e o medo de amar novamente.
Nunca vi o divórcio como um pecado, e nem entendo
aqueles que consideram seu par como uma propriedade ou uma posse. Ninguém é
dono de ninguém, e todo aquele que tenta obrigar o parceiro ou parceira a ficar
ao seu lado, mesmo quando infeliz, é a pessoa mais egoísta do mundo. Vejo isso
como um desvio profundo de caráter e uma atitude doentia. Casamento
indissolúvel? Somente enquanto o amor estiver presente. Se ele deixar de
existir, somente duas pessoas muito educadas (em todos os sentidos) é que
conseguirão manter a relação. E caso o amor e o respeito mútuo deixem de
existir, o melhor a fazer é separar ou optar pelo divórcio, para evitar
confrontos mais árduos e até a insensatez.
Todo aquele que teme um novo relacionamento, pelo
motivo que for, deveria rever seus conceitos. Sei das dificuldades de superar
um medo, ainda mais quando a ferida provocada por relacionamentos antigos ainda
está aberta, mas também sei o quanto um novo amor ajuda a cauterizar essas
feridas. Cicatrizes sempre existirão, claro, mas é mais fácil lidar com elas do
que com as feridas latentes. Então, procure orientação psicológica, ou tente se
abrir para a vida e para novos relacionamentos. Não é vergonha alguma admitir
que precisa de ajuda, ainda mais quando o assunto é amor. E saiba que ninguém,
ninguém mesmo, tem o direito de cercear a felicidade de outras pessoas, ainda
mais por motivos toscos, doentios e mesquinhos, como o ciúme e a possessão.
E amar novamente, além de trazer felicidade, é
rejuvenescedor. É muito comum as pessoas dizerem que seus hormônios
“enlouqueceram”, que seus corpos começam a reagir mais rapidamente a impulsos
que antes sequer eram percebidos, que os dias ficaram mais claros e quentes,
mesmo no inverno. Enfim, as pessoas se percebem mais ativas, como se estivessem
vivenciando bons tempos passados.
Tão comum ver adultos agindo como adolescentes.
Chegam a ser criticados por isso, mas, quer saber? Às favas com o quê as
pessoas pensam ou deixam de pensar. Se você está amando, e se sente um
adolescente, aja assim mesmo, saia, brinque, passeie, ande de mãos dadas, dê
aquele beijo cinematográfico na pessoa amada, em público mesmo. Tem algo de
errado nisso? Pense bem antes de responder. Você pode ser tachado de recalcado,
e não será culpa minha.
Amar não é pecado, e muito menos é restrito a
alguma faixa etária. Amor não vem em dose única, e nem deixa de existir dentro
das pessoas. Ele só fica esquecido, ou muitas vezes preso, por medo de se amar
novamente.
Ame sim, ardentemente, e jamais tenha medo de
demonstrar esse amor, de corresponder o sentimento de quem lhe dá amor. O amor
é um sentimento abstrato, mas é físico também, e que me perdoem aqueles que
carregam mais pudor do que eu, mas não existe nada melhor do que “fazer amor”
com a pessoa amada. O corpo fica leve e o cérebro mais ativo. Lamento por
aqueles que se prendem em sentimentos de culpa, medo, ou argumentos religiosos,
na intenção de bloquear novos amores. Estes tenderão a se tornarem solitários e
mais amargos. Eu quero mais é amar novamente, e amar sempre.
Autor: Marcio JR - Curitiba/PR
Publicação autorizada através do e-mail de 16/04/2012
4 comentários:
Eita moço bom de palavras! Meu maninho querido é maravilhoso em suas crônicas. Passa para fora o que o coração lhe grita, e não existe nada mais lindo que você seguir o que sente. Um esplêndido texto. Fico tão orgulhosa de você Marcio, porque tenho um maninho tão inteligente. Uma relação é algo muito particular para o casal né? Cada uma tem seu próprio estilo, e isso é que as tornam diferentes. Também sou a favor a liberdade. Uma relação tem de haver o tempero que os une sempre, sem isso não há como levar adiante. Mas também acredito em amor eterno. Aquela pessoa que completa outra. Não consigo me imaginar sem Felipe e sabe? Ele é único para mim. E falo isso na base de que me conheço. O amor nos torna puros, felizes, saltadores de obstáculos. O amor cura, realiza, enraíza.
Parabéns Carlos, mais uma vez um texto belíssimo a nos presentear.
Carlos, meu bom amigo. Devo-lhe um pedido de desculpas.
Estou num momento tão corrido na vida, que mal consigo visitar os blogs amigos. E estou em débito aqui com o Gândavos, que tem sido tão generoso para comigo.
É sempre maravilhoso poder receber esse reconhecimento de outros blogs, ao nos retratarem, e especialmente de você, que elencou essa gama de escritores fabulosos. Como já tive oportunidade de te falar, não me sinto à altura deles, e poder estar aqui, é uma sensação fantástica.
Abraço a todos que passarem por aqui, e em especial para você, Carlos, e para a Fernanda, minha irmã querida, que deixou esse comentário tão precioso para mim.
Marcio
Amigo Marcio, eu é que agradeço em nome de todos os convivas do blog. O trabalho de criação de sua pessoa é observado pela maioria dos colaboradores que gentilmente ajudam e formam essa família. Fique tranquilo pois sabemos da sua lida e do seu caráter. Um abraço e obrigado amigo Marcio Jr.
Sempre com a lucidez de Marcio. E abordaste tão bem esse assunto que com certeza vai fazer muita gente pensar. O amor é tudo isso aí mesmo e o medo de amar é realmente uma espécie de morte. Muito triste ver as pessoas presas às convenções e deixarem a vida passar sem viver todos os encantos que um amor, ainda que não eterno, pode proporcionar. Um tema apaixonante, sem dúvida. É isso aí, Marcio, sempre um prazer ler você. Abraço da Marina Alves.
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