O vento que sopra constantemente em meu rosto,
colore meus poucos cabelos e barba na cor prata, (nem sempre aparada como minha
esposa Yara gosta), envelhecendo-me um pouco a cada fevereiro do ano. Mas não é
meu aniversário de vida; mas, apenas de um ano de vida a menos que terei para
viver!
Quando criança, sentia que o tempo passava
lentamente e não tinha preocupações; adulto, os dias, meses e anos passam
rápido demais, às vezes correm muito para ver dezembro chegar e presenciar
crianças famintas esperando Papai Noel chegar, entrando pelas janelas de suas
imaginações e isso me apavora porque sei que meu viver está se evaporando muito
rápido.
E o que me restaram dos anos que se passaram?
...amigos feitos e que ainda existem. Amigos que
partiram sem me dizer adeus ou pedir licença porque Deus os convidou para
participarem de felicidade eterna em seu Reino! Mas bem que poderiam ter me
avisado – não que isso seja necessário! –!
...lembranças de coisas boas que vivi – lembranças
ruins que desejo esquecer e não consigo; amores que ganhei; amores que perdi;
palavras que não disse por medo, palavras que pronunciei em hora ou locais
errados e que feriram alguém.
...lágrimas que escorreram de meus olhos ou que fiz
escorrer dos olhos de alguém que gostava; perdão que nunca pedi ou que pedi,
mas não fui perdoado inteiramente porque sempre restam mágoas no coração de
quem machucamos.
...filmes que vi ou que não vi porque eram
proibidos para menores e, quando os vi, não gostei porque não tinham nada
demais; progresso que chegou e destruiu minhas lembranças, enfim...Cinemas que
fecharam; cinemas que abriram. Ruas que não foram abertas e o trânsito pesado
de minha Manaus que não permite mais ter tranquilidade ou firmar compromissos
com horários. Um relógio em meu pulso que me lembra que estou atrasado... Celular
no bolso que dispara sempre para tomar um novo remédio...
Por fim, quero que o mundo pare e volte a ser tudo
como fora em minha infância: sem pressa, compromissos, horários, carros nas
ruas, remédios para tomar, infecções para curar; quando corria despreocupado
pelas ruas de meu bairro que já não é mais o mesmo.
Desejo conversar longamente e perder horas e horas
com os amigos que não sei se ainda são os mesmos; os estudos que fiz que talvez
não sejam mais iguais...
Desejo conversar com meu filho...de homem para
homem ou de homem para menino! Sei lá o quero, realmente porque ando confuso
demais para pensar.
Acho que não quero nada porque já vivi o
suficiente, amparado por Deus...cuidado pelos médicos, tomando meus remédios
diários...
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Página do autor:
Publicação autorizada pelo autor
Um comentário:
Será que viveu demais?... Acho que todo mundo vive de menos...
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