Autora: Marina Alves
Segunda-feira, dez da manhã. Muita gente à porta do
banco, esperando abrir. A fila já dobra a esquina. Pelo jeito a moçada andou
exagerando no fim de semana. O cheque sem fundo não pode bater. Isso dá uma
baita dor de cabeça, né não? Quem já passou, sabe. O cartão? Perdido, Deus sabe
lá onde. Também, quem abusou nas dosagens etílicas pelos botecos da vida, vai
dar notícia de onde andou?
Diante da grande porta de blindex, o povo se espreme.
Pra quê isso? Medo de quando a portona se abrir, algum espertinho se infiltre
na fila. Zé Madrugador defende a posição conquistada com unhas e dentes. Pulou
cedo da cama à toa? Jamé! E se um fura-fila-sem-noção lhe dá uma rasteira? Bem
capaz de só sair do banco lá pelas duas... Se sair. O sol já tá fervendo, mas
quem liga pra isso? Concentração total e olho no relógio esperando a ordem de
largarda... Deus nos acuda!
Zockblumplaplum BUM!!! É tudo tão rápido que ninguém dá
conta de acompanhar: certa dama de peso (literalmente) da cidade, chega meio
atarantada, se desequilibra no saltinho e não consegue fazer a devida
“brecagem”: sai catando cavaco até bater com tudo no blindex. Zockblumplaplum
BUM!!! Bate, a porta treme, o vidro estronda! E o povo? Achando que é assalto,
e seguindo o exemplo do guardinha, de imediato se joga no chão... São José
Padroeiro, que situação!
Cadê mais tiro? Cadê o anúncio de assalto? Nada.
Passado o equívoco, com que cara levantar do chão? Fácil não é, mas os mais
corajosos acham por bem enfrentar logo de cara. Refeitos do susto e do ridículo
optam pelo bom humor. Fazer o quê? O jeito é levar na esportiva. O que era
palco de quase “tragédia” vira diversão. Baixa o, já famoso, espírito
brasileiro e todo mundo cai na gargalhada. Superadíssimo, o malogrado assalto
ao banco! Menos pro Agenor do Mercadinho! Rígido e imóvel lá está ele estirado
no exato lugar em que se jogou. Nossa, morreu? Que nada! O fato é que o
“precavido” não é bobo de facilitar. Só na viatura da Polícia, a caminho do
hospital, ele abre um tiquinho assim o olho esquerdo, e sonda:
— Cumé que é?... Já prendero os bandido, gente?
Autora: Marina Alves - Lagoa da
Prata/MG
Página da autora:
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=64920
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Desenho: Edmar Sales
Publicações autorizadas pelos autores
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2 comentários:
Então taí o caso do malogrado assalto ao banco, que graças a Deus não passou de susto rs... Um prazer participar deste belo espaço, na companhia de boa Literatura. Grata, Carlos, pela gentileza da publicação. Abraço da Marina.
Prazer é todo nosso, seus leitores, que podemos acompanhar seus escritos no Recanto das Letras e agora aqui no blog Gândavos. Parabéns!
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