[ANA
ROSA JUNQUEIRA] A bela Ana Maria era filha única de Coronel
Julião e Sinhá Marcília. Cresceu
mergulhando nas águas do Rio Lavrinha, que corria nos fundos do quintal
da sua casa. Seu sonho era estudar na capital e ser professora. No entanto, a
capital era muito longe dos olhos atentos do pai. O recurso foi enviá-la para estudos no Convento das
Freiras, localizado não muito longe dali.
Ana
retornou antes dos dezesseis anos completos. O pai cortou o mal pela raiz, pois
não agradou da ideia de ver a filha querendo prestar os votos de santidade como
freira. Coronel Julião, precavido como
sempre, tratou de construir uma escola ali mesmo na fazenda para cumprir os
gostos da filha. Aproveitou também para apalavrar sua mão para o jovem Alonso,
filho caçula de um fazendeiro vizinho...
[GLÓRIA
TANCREDI] O coronel Julião como verdadeiro patriarca sempre deixou
muito claro o seu zelo e preocupação com sua família, principalmente no que
dizia respeito à sua filha Ana Maria. No entanto, o autoritarismo revelado do
pai, influenciava negativamente os sonhos e perspectivas da jovem, que apesar
de morar no interior, sempre demonstrou grande curiosidade com relação à
“cidade grande”, a liberdade, o poder da mulher diante da sociedade.
A
transmissão de conhecimento e o empoderamento feminino sempre estiveram em seus
pensamentos, povoando os seus mais grandiosos sonhos, mesmo que fossem de
encontro com seu pai. Para o Coronel, o papel da mulher seria ser boa dona de
casa, se tornar uma boa mãe e dedicar-se única e exclusivamente ao marido e
seus filhos.
Não
obstante, a jovem por não se convencer de tal conduta começou a ministrar aulas
para meninas, moradoras do interior que seu pai comandava, aguçando ainda mais
sua vocação para professora e os ideais, nos
quais acreditava. Mas sabia que estar ali não seria suficiente, era
preciso mais. Ana sentia que precisava aprofundar seus conhecimentos em uma
faculdade. Assim, prontamente pensou em fazer um curso superior na cidade.
Compartilhando a ideia com sua mãe, que sempre lutou para manter a filha na
escola.
Sinhá Marcília, mãe de Ana, ficou apavorada ao saber que a filha afrontaria as ideias do Coronel que já prometera sua mão em casamento ao filho de um grande fazendeiro da região. Marcília, além de pensar que o marido poderia não ver com bons olhos a ideia da filha, ainda não saberia se Alonso estaria disposto a esperar o tempo preciso para que Ana se formasse antes de cumprir a promessa matrimonial...
[LÍVIA
HOLIER] Mas
a promessa matrimonial mal importava para Ana Maria, ela estava decidida que
iria para a cidade grande e falaria com seu pai nesse mesmo dia. Não importava
o que ele dissesse, ela seguiria seu sonho.
Chegada
a hora do jantar, todos se juntaram à mesa para saborear a deliciosa comida de Sinhá
Marcília. Ana estava inquieta, não parava de balançar sua perna e mal tocava no
prato. O Coronel Julião percebeu a inquietação de sua filha e a questionou. Ela
tomou um gole de água e começou a falar sobre os seus planos de se mudar para a
cidade e fazer um curso superior. O
casamento não estava na sua lista de prioridades naquele momento.
O
silêncio tomou conta da sala. Marcília estava com o coração disparado, com medo
da reação do marido. Ana Maria se sentia aliviada e decidida sobre o assunto
com seu pai. O Coronel ficou parado como uma estátua, com o olhar gélido, pensando
no que tinha acabado de ouvir. Mas o que os pais não sabiam era que naquela
noite, um grande segredo de Ana seria revelado...
Julião
se levantou e foi em direção a Ana, que começou a andar para trás, na tentativa
de se desviar do pai. Até que ele a cercou e perguntou o motivo daquilo tudo.
Se era para envergonhá-lo ou só para enganá-los, já que sua mão já estava
prometida a Alonso.
Ana
Maria se sentiu pressionada e forçada contar a verdade, mas disse que só
falaria com a mãe sobre o assunto. Marcília e a filha foram para o quarto de
visitas, próximo a copa onde estavam, mesmo assim, o Coronel não conseguiu
ouvir a conversa das duas.
Ana
Maria começou a chorar, não sabia o que aconteceria após contar seu segredo à
mãe, pois provavelmente ela o revelaria ao marido. Soluçando, após muito
chorar, contou tudo o que a afligia.
Quando
estava no Convento de Freiras, conheceu Regina, uma linda noviça de olhos
castanhos e cabelos ruivos, pela qual se
apaixonou, assim que a viu. Ambas eram muito unidas, mas as freiras não
admitiam tais modos, então transferiram
Regina para um convento da capital, forçando Ana Maria a fazer os votos de castidade,
exatamente na época em que o pai
impediu, levando-a para a fazenda.
Desde
então, além de desejar concluir seus estudos, tinha esperanças de reencontrar
Regina e ficarem juntas para sempre. Sua
mãe ficou assustada e a mesmo tempo emocionada com a história da filha e afirmou
que estaria sempre ao seu lado e a ajudaria ir para a capital.
De
repente, a porta do quarto se abre...
[GERSON
DE CARVALHO SILVA] O Coronel entrou no quarto falando alto e de
forma autoritária informando que no dia seguinte, marcara o jantar com Alonso e
sua família, para formalizar o noivado.
Ana resolveu conseguir algum
tempo e pediu um adiamento, alegando haver necessidade de preparativos. O pai
aceitou os argumentos, dizendo que não poderia passar de um mês.
Regina,
precisava encontrá-la. Enviou um telegrama. A resposta não tardou, ela viria em alguns dias. A amiga noviça era muito
esperta e ao chegar, disse ter vindo para participar do noivado da amiga, mas a
ideia não era bem essa. Tentaria livrar
Ana do problema imediato. Informou-se sobre o pretendente, Alonso, e resolveu
conhecê-lo.
Regina
abandonara a vida religiosa e resolveu continuar sua vida. Recebeu uma pequena
herança do falecido pai e tornou-se proprietária de um restaurante, o qual
possuía um andar superior que funcionava somente à noite. Ali havia moças, que
além de garçonetes, recebiam rapazes dispostos a gastar.
Regina
foi até a fazenda vizinha e encontrou o pretendente de Ana.
— Alonso, você por aqui?
[EPÍLOGO
ANA ROSA JUNQUEIRA] Assustado, Alonso não sabia o que dizer à
Regina. A última coisa que imaginaria era vê-la na fazenda de seu pai.
— Sou eu quem pergunta,
nunca lhe dei meu endereço aqui do interior.
— Eu
não vim por sua causa, vim conhecer o noivo de uma amiga e por ironia do
destino esse noivo é você! Então a moça rica que daríamos o golpe é nada menos
que Ana Maria?
Nesse
momento, Ana que estava ouvindo a conversa do lado de fora da casa entra com a
aparência que quem recebeu uma punhalada pelas costas. Nem tanto por Alonso,
que mal conhecia, mas nunca esperaria isso de Regina...
—
Aninha, não me disse que viria também, posso te explicar! Tudo que eu
quero é estar perto de você. Eu não
podia saber que era ele — disse Regina tentando se desvencilhar da enrascada.
—
Ana Maria, vocês de conhecem de onde? Saiba que a ideia foi da Regina!
Idealizou meu casamento com uma fazendeira para saldarmos nossas dívidas de
jogo, pois estamos sendo perseguidos.
—
Calem-se, os dois! Não quero ouvir mais nada!
Ana
Maria saiu às pressas daquele lugar que lhe fazia muito mal. Queria se livrar
daqueles dois, nunca mais vê-los. Pegou seu cavalo e a galope sumiu por aqueles
campos sem rumo certo...
Demorou
algum tempo, mas Ana Maria já não era mais a menina frágil e ingênua. Entendeu que o melhor era ser dona de si, e lutar pelas coisas que acreditava. Aprendeu a
se amar em primeiro lugar e nunca deixar sua felicidade depender de
ninguém. Correu atrás dos seus sonhos, seguiu a vida acadêmica e hoje segue ajudando
sempre outras pessoas a encontrarem seu caminho.
GRUPO 06:
Autores: Ana Rosa Junqueira; Glória Tancredi; Lívia Holier; e Gerson de Carvalho Silva.
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