Autora: Maria Mineira
A menina o sonhou
chegando antes das chuvas da estação e o florir de setembro. Ele viria para lhe
ensinar lugares cercados de luz que ninguém mais conhecia. Os dois sob a sombra
de um ipê florido no meio do campo, onde os pássaros partissem em revoada ao
menor ruído.
A moça acordou de um transe ao
sentir o abraço de alguém, um sussurro a chamar-lhe querida ao ouvido, um roçar
de lábios muito levemente nos seus, causando-lhe um turbilhão de emoções até
então desconhecidas.
Apenas
na imaginação percebia os braços e a boca, mas já os desejava. No
deslumbramento silencioso de minutos que se transformavam em horas, se dedicava
cuidadosamente a ler suas cartas e entregar-se a cada uma de suas palavras.
A mulher sentiu um total
atropelamento de ideias e emoções desde que se conheceram. Ela não se atrevia a
confessar nem às paredes, todas as sensações que aqueles beijos lhe provocavam.
Sentia um prazer sem medidas, a impressão de pecado era fogo no qual ela se
deixava consumir.
Após
aquele dia, ela quis adormecer todas as noites de sua vida naqueles braços
fortes, quentes e protetores. Desejou para sempre ouvir a voz macia e doce, a
boca exigente a lhe percorrer o corpo como uma corrente elétrica, deixando-a
sem ar.
Amou
em vão! No silêncio do quarto tudo se apagou a sua volta. Na escuridão, só ela
e as paredes vazias, só ela e seus devaneios, só ela e seus segredos...
Entontecida pela saudade, ainda murmura um nome... Nesse instante chega a
sentir o cheiro dele a cortar-lhe a respiração. Sabe que isso a fará
enlouquecer.
Boa noite, Querida Maria Mineira. Que belo conto. Um lindo devaneio, um sonho, um romance, uma paixão, bem retratada pela sua sensível inspiração. É sempre uma viagem deliciosa ler seus textos. Um bj carinhoso a vc.
Marina Alves:
Ai que segredo bonito esta mulher em três guardou para si, ao
longo de seus dias. Romântico, de uma sensualidade delicada e intimista. Alma
de Maria cheia de nuances, plena da Literatura em seus mais variados ângulos.
Gostei demais! Abraço Marina.