segunda-feira, 22 de abril de 2013

Do lado avesso

Autora: Ana Soares
 
Tenho medo pelo simples tempo que não tenho.
Sinto um medo terrível de me encaixar tão perfeitamente neste mundo imediatista, a ponto de me perder...

A música do Nando Reis, por vezes, ecoa em meus ouvidos:

O mundo está ao contrário e ninguém reparou:
O que está acontecendo?

 
Estamos do lado avesso.
É assim: ligamos o piloto automático e prosseguimos... 
Não paramos, porém, somos paralisados em um dado momento, seja por uma frustração, uma fatalidade, ou outro problema qualquer, desde que o consideremos maior e pior do que os nossos péssimos hábitos adquiridos ao longo do tempo.
Estamos em evolução. Perfeito! 
Buscamos incessantemente pela felicidade. Temos tempo? Temos tempo para sermos felizes?
Antes havia maior proximidade entre as pessoas: Não tínhamos celular, TV a cabo, internet, controles remotos... Hoje temos e somos controlados por eles.
As facilidades imediatistas e consumistas que temos, são as mesmas que nos desintegram, que nos abstrai de nós mesmos... 
Nos distanciamos uns dos outros. Não temos tempo para os nossos pais, para os nossos filhos, para o amor, e nem para os nossos verdadeiros amigos,mas estamos conectados com o mundo, o tempo todo. 
Mascaramos nossa solidão e alimentamos nossa rede social.
Afastamos nossos filhos do nosso convívio e os deixamos à mercê de baladas, de amigos mal intencionados, de um mundo sombrio, sem que haja um"colo" para lhes acolher, pelo simples fato de  não termos tempo! 
E quando não mais houver tempo para tantas opções e escolhas erradas?
Temos tantas opções e escolhemos mal... 
Queremos muito o tempo todo e temos pouco na maior parte do tempo... Se continuarmos nesta pressa desenfreada, logo, não teremos nada.
Tento não me adaptar a esta loucura toda e ainda faço uso de alguns bons costumes. Não abro mão do almoço em família, com todos sentados a mesa, sem pressa... Esta hora, cada vez mais rara nos nossos dias, continua sendo sagrada para mim! Mas isto ainda é pouco. Precisamos mais... As nossas necessidades estão muito além dos nossos genuínos almoços aos domingos!
Andamos distraídos.
Distraídos em relação a nossa família, aos nossos amores verdadeiros, aos nossos sonhos!
Vivemos o agora vidrados no passado ou vislumbrando um futuro que talvez nem aconteça! Raramente, estamos aqui, agora!
O que nos restará desta agonia - pressa cinzenta que forja uma necessidade absoluta, se na verdade tudo que precisamos é de desacelerar, respirar fundo e simplesmente deixar-nos ir... Em paz!
A vida segue, e seguirá ainda melhor, sem pressa!
 

Publicação autorizada pela autora

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