segunda-feira, 1 de abril de 2013

Casamento. Uma armadilha?

Dizem que casamento é uma armadilha e traz surpresas não muito agradáveis.
Talvez seja. Mas obriga os cônjuges ao envolvimento com pequenos detalhes. Aqueles, que não haviam sido bem discutidos antes. Não estavam implícitos ou acordados.
O namoro vai bem, obrigado. Temos vontade de casar, quero dizer morar juntos, entende?
Perfeitamente normal e previamente entendido e acordado que casar é morar junto.
Não precisa cartório, testemunhas e escrivão. Certidão? Só papel e formalidade desnecessária. Igreja, então, é “pagar mico”, “caretice”. Isso é coisa de antigamente.
Hoje, juntamos nossos livros, CDs, DVDs, roupas e as escovas de dente. Se ficar faltando algo se compra depois.
Muito pratico, não acham?   Nos dias de hoje, a vida tem que ser prática. Casamos, se não acertarmos dentro de certo período, cada um procura seu canto e novamente.  Novo namoro,  um pouco de intimidade até resultar em outro “morar juntos”. Quem sabe desta vez tudo dá certo?
Vida a dois, requer ajustes e adaptações que vão desde divisão de responsabilidades, de espaço e tarefas, ausentes na vida de solteiro, ao compartilhamento na vida cotidiana. Deixar copos sujos sobre a pia, deixar o banheiro molhado após o banho, roupas sujas espalhadas pelo chão, toalha molhada sobre a cama, sapatos e outros objetos espalhados pela casa, esquecer de dar descarga ou deixar a tampa do vaso sanitário levantada. Urinar no chão, pia suja de pasta de dente, cabelos agarrados no sifão e outros pequenos detalhes que não são observados antes do casamento, principalmente se moram sós ou em casa dos pais, tornam-se importantes na vida conjugal.
Assim começam as queixas e cobranças. Descobrem os cônjuges, que nem tudo são flores, existem detalhes que vão se apresentando no dia a dia e que são verdadeiras armadilhas e surpresas que não podiam imaginar antes do casamento. As tarefas são dividas, assim como a responsabilidade da casa, pagamento de contas, serviços domésticos em geral. Tudo é normalmente partilhado. Aprender a dividir espaços e esquecer as manias de solteiro, como deixar o guarda roupas e gavetas desarrumadas.
Por que não descobrem isso antes? A namorada, hoje, freqüenta a casa do namorado e vice-versa. Ela, certamente se sente importante arrumando o guarda roupa do namorado, mas só para implicar ou se firmar diante da sogra, o que após o casamento já não tem o mesmo significado. 
As pequenas “rusgas” entre o casal, acaba esfriando o lado íntimo e amoroso. O romantismo desce ladeira e desaparece. Acabam-se os gestos de carinho, de compreensão e solidariedade. Cada qual quer que o outro cumpra sua parte nas tarefas e esquecem que estão juntos para construir uma vida a dois com base no amor e compreensão, necessitando portando de um diálogo maduro e tranquilo.
Se essa fase for suportada por ambos, é quase certo que não haverá nenhum tipo de divergência no futuro e que dali surgirá uma família que trará novos problemas e desafios que deixarão esquecida a primeira fase do relacionamento. Quando aparece o primeiro filho, normalmente as coisas engrenam.
A fase do recém-nascido muda o panorama do lar. São mamadeiras de madrugada, a troca de fraldas, banhos e corridas ao pediatra, etc.
A realidade falará alto.
Uma vez casados, juntados morando junto, é diferente da vida na casa dos pais. Vão descobrindo isso com muita lentidão e certa sensação de perda, pois o que nos proporcionava essa condição foi perdido. Ficou para trás.
- Levanta, meu bem, o júnior está chorando.
- Troca a fralda e dê-lhe a mamadeira.




Autor: Nêodo Ambrósio de Castro - Eugenópolis/MG

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=101881


Publicação autorizada pelo autor




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