Dizem
que casamento é uma armadilha e traz surpresas não muito agradáveis.
Talvez
seja. Mas obriga os cônjuges ao envolvimento com pequenos detalhes.
Aqueles, que não haviam sido bem discutidos antes. Não estavam implícitos ou
acordados.
O
namoro vai bem, obrigado. Temos vontade de casar, quero dizer morar juntos,
entende?
Perfeitamente
normal e previamente entendido e acordado que casar é morar junto.
Não
precisa cartório, testemunhas e escrivão. Certidão? Só papel e formalidade
desnecessária. Igreja, então, é “pagar mico”, “caretice”. Isso é coisa de
antigamente.
Hoje,
juntamos nossos livros, CDs, DVDs, roupas e as escovas de dente. Se ficar
faltando algo se compra depois.
Muito
pratico, não acham? Nos dias de hoje, a vida tem que ser prática.
Casamos, se não acertarmos dentro de certo período, cada um procura seu canto e
novamente. Novo namoro, um pouco de intimidade até resultar em
outro “morar juntos”. Quem sabe desta vez tudo dá certo?
Vida
a dois, requer ajustes e adaptações que vão desde divisão de responsabilidades,
de espaço e tarefas, ausentes na vida de solteiro, ao compartilhamento na vida
cotidiana. Deixar copos sujos sobre a pia, deixar o banheiro molhado após o
banho, roupas sujas espalhadas pelo chão, toalha molhada sobre a cama, sapatos
e outros objetos espalhados pela casa, esquecer de dar descarga ou deixar a
tampa do vaso sanitário levantada. Urinar no chão, pia suja de pasta de dente,
cabelos agarrados no sifão e outros pequenos detalhes que não são observados
antes do casamento, principalmente se moram sós ou em casa dos pais, tornam-se
importantes na vida conjugal.
Assim
começam as queixas e cobranças. Descobrem os cônjuges, que nem tudo são flores,
existem detalhes que vão se apresentando no dia a dia e que são verdadeiras
armadilhas e surpresas que não podiam imaginar antes do casamento. As tarefas
são dividas, assim como a responsabilidade da casa, pagamento de contas,
serviços domésticos em geral. Tudo é normalmente partilhado. Aprender a dividir
espaços e esquecer as manias de solteiro, como deixar o guarda roupas e gavetas
desarrumadas.
Por
que não descobrem isso antes? A namorada, hoje, freqüenta a casa do namorado e
vice-versa. Ela, certamente se sente importante arrumando o guarda roupa do
namorado, mas só para implicar ou se firmar diante da sogra, o que após o
casamento já não tem o mesmo significado.
As
pequenas “rusgas” entre o casal, acaba esfriando o lado íntimo e amoroso. O
romantismo desce ladeira e desaparece. Acabam-se os gestos de carinho, de
compreensão e solidariedade. Cada qual quer que o outro cumpra sua parte nas
tarefas e esquecem que estão juntos para construir uma vida a dois com base no
amor e compreensão, necessitando portando de um diálogo maduro e tranquilo.
Se
essa fase for suportada por ambos, é quase certo que não haverá nenhum tipo de
divergência no futuro e que dali surgirá uma família que trará novos problemas
e desafios que deixarão esquecida a primeira fase do relacionamento. Quando aparece
o primeiro filho, normalmente as coisas engrenam.
A
fase do recém-nascido muda o panorama do lar. São mamadeiras de madrugada, a troca
de fraldas, banhos e corridas ao pediatra, etc.
A
realidade falará alto.
Uma
vez casados, juntados morando junto, é diferente da vida na casa dos pais. Vão
descobrindo isso com muita lentidão e certa sensação de perda, pois o que nos
proporcionava essa condição foi perdido. Ficou para trás.
-
Levanta, meu bem, o júnior está chorando.
-
Troca a fralda e dê-lhe a mamadeira.
Autor:
Nêodo Ambrósio de Castro - Eugenópolis/MG
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=101881
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Publicação autorizada pelo autor
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