domingo, 10 de março de 2013

Missão mulher X adversidades

Autora: Celêdian Assis de Sousa
 
Março de 2010 - Eis que estamos a comemorar o Dia Internacional da Mulher e merecidamente comemoremos com todas as pompas. Em um ano inteiro dedica-se apenas um dia às mulheres e não poderia ser diferente, visto que não são atribuídos a outros fatos, mais de um dia comemorativo. Contudo, faria-nos melhor justiça lembrar-nos com maior frequência, a fim de despertar a consciência, do quanto ainda são as mulheres vitimadas pelos vários tipos de violência, sabidamente, a violência de caráter psicológico, física e sexual, em geral camufladas, por medo da intimidação.

Há muito o que comemorar, principalmente os dons especiais e que só cabem a uma mulher, que a nós foram concedidos pelo Criador. Muitos avanços foram conquistados ao longo da história e que felizmente, permitiram à mulher uma inserção mais efetiva na construção da história da humanidade. Todavia cumpre lembrar que ainda há resquícios de exclusão da mulher, do poder no mundo, ou da sua discriminação no mercado de trabalho, ou do preconceito implícito nas propagandas, além da coerção explícita para que a mulher se submeta a falsos padrões de beleza, impiedosamente impostos pela mídia, roubando-lhe a identidade e a saúde.

À memória recorre-me a mais grave de todas as opressões, o abuso sexual e outros abusos em nome de ordens diversas. Fatos horripilantes ocorridos recentemente, cujas vítimas foram mulheres e o pior, algumas delas ainda meninas, enojam-me.

No último ano assistimos em manchetes deprimentes tais como, o caso de uma menina de nove anos, de Recife que foi estuprada pelo padrasto. Ficou grávida de gêmeos. Os médicos ao constatarem risco de vida para a menina, optaram pela retirada dos fetos. O fato teve enorme repercussão, principalmente pela decisão de um Arcebispo, a de excomungar tanto os médicos que interromperam a gravidez, quanto os pais da criança que permitiram o aborto e no entanto preservando o padrasto, autor do crime.

Assistimos exaustivamente as cenas do sofrimento da adolescente Eloá, assassinada pelo ex-namorado e também da amiga adolescente, persuadida a intervir e passando por horas de horror. O assassino embora tenha sido preso, contou com a benevolência da opinião de alguns, que o consideraram apenas um rapaz em crise amorosa.

Outra menina de 13 anos, que vinha sofrendo violência sexual, ficando grávida do próprio pai, optou posteriormente por ter o filho. Quantos outros abusos acontecem sem a mesma repercussão na mídia e que jamais tomaremos conhecimento. Meninas que não não chegarão a ser mulheres adultas, meninas que trocam suas bonecas por um bebê de verdade, meninas que levarão para sempre o trauma da violência. Entristece-me tanto. “Mas a frequência, a crueldade, a persistência dos ataques às meninas mostram que o crime é parte de um outro fenômeno mais antigo: o da violência contra mulheres de qualquer idade.” (Por Mirían Leitão).

Nos últimos dias convivemos em Belo Horizonte com o pavor de nos tornarmos mais uma vítima do “serial killer”, de deixarmos nossas filhas sairem de casa, até mesmo para a escola. O monstro, um rapaz ainda jovem, pai de 5 filhos, estuprava, matava e roubava as vítimas. Está preso, mas quem restituirá a vida àquelas moças e aplacará a tristeza das famílias? A televisão mostrou a poucos dias, sem nenhum escrúpulo, as cenas do assassinato de uma mulher em seu local de trabalho, pelo ex-marido que já vinha ameaçando-a, cujas ameaças a polícia já tinha conhecimento, por denúncias da própria mulher.

Todas estas mulheres vítimas da violência representam a minha e a sua indignação. Causa-me asco saber da existência de seres adultos, que antes deveriam ser humanos, investirem-se de sua porção irracional e servirem-se da inocência de uma criança. Grande também é a repulsa de saber que os seres supostamente racionais, deliberem a despeito de suas crenças, sobre o destino de outros. Os valores que faltaram, ao padrasto da menina, ao Arcebispo, aos estupradores, aos rapazes que mataram “em nome do amor” e tantos outros que cometem crimes da mesma ordem contra mulheres, são valores morais e espirituais.

Aqueles, cuja marca de identidade é o desrespeito sem limites pelos valores da vida sua e de outrem, independem de origem e dependem incontestavelmente de suas mentes insanas e de sua podres índoles, injustificáveis sob a ótica de que todo ser humano tem livre arbrítrio e que suas escolhas são de sua inteira responsabilidade. Não implica porém, que ele seja daqui ou acolá, que seja vermelho, branco, amarelo ou de qualquer outra cor, implica tão somente que a sua escolha errônea é fruto da irresponsabilidade e do limitado conhecimento das leis que regem a vida, também as leis de fato e de direito.

Queremos todas comemorar o nosso dia, em todos os dias de nossas vidas, em paz e com a esperança de que ainda há chance do ser humano despir-se de seu lado irracional e vestir-se de consciência.
Este protesto é a minha homenagem a estas mulheres e meninas, vítimas de atrocidades e a todas nós que continuaremos, apesar das adversidades, a ostentar orgulhosamente a nossa missão maior de SER MULHER.

Abraço-as todas, com todo o meu carinho.

"Este texto foi escrito em 2010, mas continua atual (infelizmente), mudam apenas os personagens."


Autora: Celêdian Assis - Belo Horizonte/MG

http://sutilezasdaalmaemente.blogspot.com/
Publicação autorizada pela autora


sexta-feira, 1 de março de 2013

O talento de um gandavo


Artista/escritor: Jorge Remígio de Farias
 

                  Na condição de colaboradora do Blog Gândavos, hoje entreguei nas mãos do escritor Jorge Farias Remígio, o livro Gandavos – Contando outras histórias. Ele é um dos dezenove autores da coletânea que reúne autores de várias regiões do país. O escritor também é um artesão de talento invejável. Ele confecciona chapéus carnavalescos, feitos artesanalmente, entre outras manifestações culturais da região Nordeste. Jorge participa no Recife (cidade onde estudou e concluiu o seu curso superior) da feira de Artesanato da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). 

                  A Feira, no bairro da Boa Vista, fica aberta das 8h às 18h, nos dias 24, 25 e 26/04/2013. A feirinha conta com 18 artesãos e é o resultado da parceria entre o Prodarte, Unicap e a Associação das Mulheres Produtoras dos Bairros de Santo Amaro e Boa Vista. Jorge Remigio relatou - num breve dialogo -, sobre sua iniciação com o artesanato, quando ainda era um policial civil. Disse que, ao visualizar a mesmice em modelos clássicos de chapéus de palha, de repente teve a ideia de torná-los personalizados. Daí passou a customiza-los a ponto de chegar ao atual modelo. E assim, no decorrer do tempo foi inserindo outros tratamentos a sua arte, sempre atento as sugestões de amigos e clientes. Ele ainda contou que, leva em média de 4 a 5 dias para concluir um trabalho, já que se preocupa com a geometria mínima na qual envolve cada detalhe de seu trabalho. A ideia de utilizar este hobby como profissão veio com a aproximação da chegada de sua aposentadoria. E assim, hoje seu trabalho é tido como de notável talento e utilizado por artistas e políticos da região ou de nível nacional.
 
 
 
Página do artista:


Texto/fotos: Patrícia Celeste Lopes Jesuino

Paineiras





Autora: Maria Mineira
 


         Quase centenária, a paineira era a árvore mais bonita daquele lugar. Dava muita sombra e na época certa, suas folhas caíam todas, cedendo espaço a muitas flores. De longe se avistava o rosa vivo no meio do mato verde ali perto da cachoeira do Cerradão. As flores depois de algum tempo davam lugar aos frutos que eram grandes e ficavam ali nos galhos até amadurecerem. Depois se abriam ao vento formando um tapete branco aos seus pés. A paina que caía era usada para o preenchimento de travesseiros e ninhos dos pássaros.
Eu amava aquela árvore. Sua imagem florida ficou gravada no meu coração, mesmo quando ela desapareceu. Ainda me lembro do quanto foi útil, generosa, enfeitando com suas flores aquele pedaço de chão.
As paineiras têm espinhos que depois de alguns anos começam a cair na parte baixa do caule. Isto permite à árvore receber ninhos de pássaros, o que seria impossível de acontecer quando esta tinha espinhos longos e pontiagudos; mesmo quando as flores e frutos já não estão presentes, a árvore continua a dar sua contribuição à natureza.
Comparo a vida da gente com o ciclo de uma paineira. Não adianta querermos os frutos antes da florada ou viver sem os espinhos. Tudo vem na hora certa. O que altera a rotina de uma árvore fica por conta do vento, das chuvas e até das abelhas. O homem até pode destruir cortando, assim como fizeram com minha paineira, porém ela sobreviveu através de suas sementes.
Desejaria ser como ela, suportar tempestades, invasões de insetos e a agressividade das pessoas, sem deixar de ser fiel aos meus objetivos. Devo lutar para não ser uma árvore qualquer e sim uma paineira, aprender a lidar com meus espinhos para ser o mais florida  possível.
 
Autora: Maria Mineira - São Roque de Minas/MG
Ilustração: Edmar Sales

Página da autora:

       http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=86838

  Publicação autorizada pela autora


Comentário de Jussara Burgos

Para mim é um motivo de alegria cada vez que abro um livro. É um universo que se descortina diante dos meus olhos. Vejo que é um momento de cumplicidade entre o escritor e o leitor. Quem escreve se deixa conhecer, deixa transparecer sua essência, oferecendo muitas vezes o que tem de melhor.
Essa semana recebi o livro “Gandavos Contando outras histórias.” Leio atentamente cada conto,  as vezes me emociono  ou caio na gargalhada. Analiso o contexto de cada conto. Uma cena tão simples como tirar um retrato, cria corpo e se transforma em uma deliciosa aventura. Gosto da clareza e elegância do irmão sertanejo Carlos Lopes. Vejo que ele está cada vez mais maduro na arte de escrever. É muito bom percorrer o querido sertão nas palavras e enredos de Jorge Remígio, Zé Melo, Fernando José, José Carneiro, Sevy Oliveira e Augusto Sampaio Angelim.  Sou fã de carteirinha de Jailson Vital que escreve textos impregnados de poesia. Também gosto do jeito dos mineiros tão arraigados a sua cultura. Quero parabenizar a todos os participantes por esse trabalho, principalmente a você Carlinhos que teve o trabalho de coordenar essa obra. Grata.




Helena Jussara Pereira Burgos Monteiro - Luziânia/GO
Ilustração de: Edmar Sales - Custódia/PE
 
Visite o blog Custódia.

Aí está nosso segundo filho

 
 
 
 
Livro: Gandavos - Contando outras histórias
 
São os pais da criança (autores): Carlos A.Lopes, Maria Mineira, Geraldinho do Engenho, Ana Soares, Celêdian Assis de Sousa, Augusto Sampaio Angelim, Carlos Costa, JCarneiro, Fernando José Carneiro de Souza, Rangel Alves da Costa, Jorge Farias Remígio, Maria Olimpia Alves de Melo, José Soares de Melo, Fábio Ribas, Ana Bailune, Sevy Oliveira, Marina Alves, Jussara Burgos e Jailson Vital. Ilustrações: Edmar Sales.
 
Comentários:


Viva! Estou muito feliz! Nem sei o que dizer... Quando a gente fica assim as palavras somem. Muita coisa importante falta nome.

Maria Mineira

Feliz pelo nascimento de nosso segundo filho e ansiosa por tê-lo nas mãos. Sabemos que este tipo de "parto" e o tempo de "gestação" é árduo e demanda muito carinho e atenção, entretanto, a sensação de vê-lo nascer é extremamente gratificante.
Obrigada Carlos, por prestar-se a gerir projetos como este. Aproveito para parabenizar todos os autores e principalmente você, deixando-lhes um abraço carinhoso e votos de sucesso para cada um de vocês.

Celêdan Assis

 
Olá, Carlos. Felicíssima por ter participado, parabenizo-o pela sua dedicada paixão pela literatura. Aguardo o meu, e boa sorte para todos nós! Parabéns a todos os participantes!
Ana Bailune
Sei bem que sensação é essa! Dá vontade de rir à toa, chorar, mostrar pra todo mundo. Estou feliz que "nossa obra" esteja vindo à luz, eternizando o importante trabalho de cada um que se dispôs a participar deste belo projeto. Eu, de minha parte, estou ansiosa para me deleitar com a leitura do livro que, tenho certeza, será muito prazerosa. Parabéns, Carlos, por essa iniciativa maravilhosa, que sei também, demanda um trabalho de muito empenho e extrema dedicação. Sucesso para nosso livro!
Abraço da Marina Alves.
Va com Deus meu amigo, bom fim de semana, tenha um bom descanço e faça bom provreito em sua terra natal.Com certeza. Deus com toda sua oniprotencia ao criar o mundo olhou com muito carinho esta terra que o viu nascer, e fez brotar dela seu coração ouro, e sentiu que era bom delegar a tu esta capacidade de reunir amigos do norte ao sul do noso imenso Brasil formando uma verdadeira familia batizada com o nome de Gandavos!
Geraldinho do Engenho

Não vejo a hora de receber os meus exemplares para me deleitar com as novas e excepcionais criações literárias de todos os companheiros que também participam da obra, mas o pai de todos é você, companheiro e amigo Carlos Lopes. Eu me considero apenas um coadjuvante no processo, pois o ator principal é o companheiro. Sou apenas um figurante em sua criação. Parabéns, companheiro.

Um abraço, Carlos Costa


Fico sempre muito feliz em ser convidado e poder participar de suas criações amigo Carlos Lopes pois na sua primeira criação, se eu não lesse os nomes dos autores no início das páginas, diria até que todos os textos teriam sido escritos por uma única pessoa, tal a escolha perfeita de todos os textos. Sempre que poder, participarei de todas as suas publicações, pois acredito muito em seu projeto compartilhado e perfeito.

Um abraço, Carlos Costa

Estou feliz da vida! Parabéns a todos nós! Me sinto como uma criança, ansiosa pela chegada de uma viagem ou um brinquedo dos "sonhos"...

 Abraços Ana Soares
 
Este é o trabalho literário de um cidadão com o pensamento voltado para a cultura de nossa terra, que num esforço espontâneo, e sem nenhum interesse financeiro se propôs a reunir escritores de todas as regiões do nosso imenso país mostrando a diversificação cultural existente em cada uma delas. Assim nasceu o 2º livro de antologia na família Gandavos (Contando Outras Historias) Filho adotivo deste nobre Escritor pernambucano Carlos Lopes servidor publico radicado em Recife, Um gesto de patriotismo dando oportunidade a muitos que sonhavam em ver seus escritos publicados em um livro, mas esbarravam nas barreiras que impossibilita uma publicação...Obrigado amigo Carlos Lopes por seu gesto de cidadania nos acolhendo em seu circulo de amizade irmanados no mesmo objetivo literário.
Geraldinho do Engenho
 
Obrigado a você, amigo Geraldo; também a todos os demais escritores, os quais considero amigos. Geraldo, não sei se mereco tantas palavras bonitas e gentis de sua parte; porém devo lhe dizer que é uma coisa que gosto de fazer e este é o meu momento. Por muito tempo quis publicar e não tive a oportunidade, portanto: MEU TEMPO É HOJE, como disse nosso querido Vinícius de Moraes. No entanto sou apenas um sujeito que escreve ¨bonzinho¨ a quem foi dado a graça divina de receber a confiança de tanta gente famosa ou não, porém que escrevem bem demais. E o danado é que escrevia pior. Foi graças ao convivio com estes autores do livro que passei a me vigiar e hoje em alguns instantes até fico metido a escritor. Pode? Devo muito a Celêdian Assis e minha sobrinha Patricia Celeste. Enfim, tenho feito bem meus exercícios e escrever requer duas coisas básicas: exercitar e confiança. Portanto, eu é que agradeço a todos vocês. Meu mérito é a coordenação do projeto, porém a comida e os temperos vem dos autores... repito, confiam em mim. E se confiam em mim, vou ter medo de quem? - ¨Simbora home, vamo fazê mais livros, ôxe!!!¨

Carlos A. Lopes

 
 


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Comentário sobre o livro: Gandavos - Contando outras histórias


Há caminhos que nascem e morrem na terra sem levar a parte alguma.
 
Há outros que nascem nos lugares mais inesperados e nos trazem muitas alegrias.
 
Esse livro, Gandavos contando outras histórias, ao qual já chamo de meu é o nome de uma estrada na qual eu ando muito bem acompanhada de gente talentosa.

Por variados motivos a pessoa começa a escrever. Há menos de três anos nunca me imaginei publicando um texto, muito menos acreditava que alguém ia prestar atenção nos meus escritos. Porém, de uma hora para outra, cismei de fazer uns rabisco e o resultado desta minha empreitada superou as mais audaciosas expectativas antes alimentadas por mim. Vou ver textos meus publicados num livro!

Acredito estar eu ganhando muito. Não apenas na divulgação do meu trabalho, mas no aprendizado, nessa jornada que empreendemos, neste compartilhamento entre autores e leitores. Só posso dizer ao Carlos Lopes e aos colegas, meu sincero muito obrigada!
 
Autora: Maria Mineira - São Roque de Minas/MG

Nosso livro


Título: Gandavos - Contando outras histórias

Autores: Carlos A.Lopes, Maria Mineira, Geraldinho do Engenho, Ana Soares, Celêdian Assis de Sousa, Augusto Sampaio Angelim, Carlos Costa, JCarneiro, Fernando José Carneiro de Souza, Rangel Alves da Costa, Jorge Farias Remígio, Maria Olimpia Alves de Melo, José Soares de Melo, Fábio Ribas, Ana Bailune, Sevy Oliveira, Marina Alves, Jussara Burgos e Jailson Vital.

Ilustrações: Edmar Sales

Formato: 14x21; capa 4 cores com brilho; papel amarelo
Número de páginas: 192

Venda: Com os autores

A editora deve entregar os livros até: 15/04/2013














Carlos A. Lopes
Blog: Gandavos

COMENTÁRIOS:

Companheiros, como já publiquei 13 livros, sendo dois científicos, sei o quanto é difícil, demorado e estressante esse trabalho. Meu livro científico O CAMINHO NÃO PERCORRIDO - A trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus, citado em livros de graduação, pós-graduação e até objeto de uma tese de doutorado defendida na Espanha (AVES RARAS NA PROFISSÃO - O psicólogo e o assistente social no exercício profissional (Cléria Bueno, ainda inédita), estou recebendo de presente da Editora da UFAM a reedição desse minha obra, lançada em 1995 e esgotada em 1996, quando foi citada pela primeira vez no livro da professora e teórica de renome nacional, Marilda Iamamoto, merecendo também nota de rodapé no próprio livro.
Embora não esteja tendo esse trabalho diretamente porque minha condição de saúde não me permite, estou acompanhando meu trabalho em seguidas trocas de e-mails pela Editora.
Por isso, posso imaginar o quanto nosso companheiro Carlos Lopes possa estar extenuado por esse trabalho em nome de todos nós. Um abraço a todos.
Um abraço a todos
CARLOS COSTA
Manaus/AM

Carlos, pode até parecer coisa de criança.Mas estou contando nos dedos, os dias para folhear esse livro. Quando isso acontecer, vou me sentir uma escritora. Bom demais!

MARIA MINEIRA

São Roque de Minas/MG


Escrever um livro não é tarefa fácil, pois além da grande responsabilidade sobre o conteúdo que, primeiramente nos agrade e que simultaneamente agrade ao leitor, há uma gama de providências a serem tomadas até que o livro entre em fase de edição. Alie-se a isso, o fato de que é sempre um custo alto, quando se pretende oferecer um livro bem feito, de apresentação agradável e que dê prazer ao ser manuseado. Por estas razões e também pela própria dificuldade oferecida pelo mercado brasileiro, no campo da literatura, uma grande maioria de autores sentem-se desestimulados a publicar as suas obras.

Neste contexto, a possibilidade de participar de um projeto coletivo de edição, como as coletâneas, antologias, facilitam enormemente esta tarefa e propiciam oportunidades aos autores de realizarem o sonho de ver seus trabalhos publicados. Carlos Lopes em sua louvável iniciativa de reunir os autores do blog, além de alguns outros, em coletâneas, chamou para si a responsabilidade e todo o trabalho de tornar realidade o sonho de cada um que por um motivo ou outro, ainda não teve seu livro editado. O primeiro volume foi uma bela amostra do quanto esse trabalho foi frutífero. O segundo que em breve teremos em mãos, com a inserção de mais autores, textos inéditos, com o aprimoramento e experiência que vão se consolidando, promete uma boa surpresa, eu garanto.

Por fim, fica aqui expresso o meu agradecimento e que acredito é avalizado pelos outros autores, ao Carlos, pela sua extrema generosidade, abnegação e principalmente pela lisura com que vem nos tratando, sempre com muita transparência e honestidade. Obrigada, meu amigo, de coração.


Um grande abraço a todos os autores, que como eu, faz parte desta família chamada Gandavos.


CELÊDIAN ASSIS
Belo Horizonte/MG

Celêdian, ricas e oportunas são as suas palavras. Ao ler seu comentário, lembrei de dias atrás, quando eu, você e minha sobrinha Patrícia saiamos de um restaurante, aqui no Recife e levei uma queda dos diabos, rsrsrsrsr. Lembra o que lhe dizia naquele exato instante? Eu dizia da conveniência de se publicar livros de forma coletiva (e aí veio o tombo, rsrsrs). Você está corretíssima, são muitas as implicações. Só gostaria de acrescentar ao seu comentário algo. A minha participação na publicação dos livros não pode ser considerada como um trabalho a partir de mim para os outros autores. Na realidade, estamos todos juntos. O número de publicação só é possível porque cada um está fazendo a sua parte. Eu sou uma dessas partes. De um modo geral a maioria tem o sonho da publicação de um livro e por certo que eu também tenho essa pretensão. E quanto mais a gente conseguir manter essa união, haverão mais livros publicados e autores com sonhos realizados. Eu sou um deles. Como lhe disse naquela oportunidade: ¨tenho pouco talento e caminhar em grupo é a minha melhor opção¨. Portanto eu é que agradeço pela permissão dos os autores em participar do grupo. Obrigado a todos.

CARLOS A. LOPES
Olinda/PE



 


 

Dois contos de Vanice Ferreira


 
Pão quentinho e doce de banana

Dona Beth arrumou a mesa com a toalha de xadrez vermelho e branco, e colocou sobre ela as louças que tirou com cuidado da cristaleira.
O cheiro de pão recém-saído do forno combinava com o doce caseiro de banana, deixando a cozinha e a sala aconchegantes.

Então, olhou-se no espelho, arrumou os cabelos com as mãos e depois, sentou-se na cadeira de balanço... Enquanto observava a gata Fifi espreguiçar-se e afiar as unhas no tapete azul da sala, escutou a campainha tocar...


Rodas do tempo

A roda d’água, lembrança do antigo moinho, apoia-se em uma carroça que também não é mais usada...

O encontro das rodas de madeira deixa a paisagem da casa de campo mais bonita! Lembra um retrato do passado, um quadro... Os desenhos impressos nas rodas desgastadas acrescentam mistérios, como se elas fossem testemunhas caladas dos ciclos de vidas marcadas pela passagem do tempo...

http://t2.wbid.com.br/post.php?id=75835



Autora: Vanice Ferreira - Curitiba/PR



 

"Aingohegei" e "Dedilhar": um encontro entre dois mundos - Dias Índios (XXVI)

Autor: Professor Wanderley Dantas
Primeira semana de aula entre o meu povo. "Vem cá. Senta aqui", disse, indicando com o dedo o novo lugar para Taliko sentar. Contudo, quando acabei de dizer essas palavras, insistindo que ele saísse lá de trás e viesse sentar mais próximo de mim, todos riram. Eu dizia o nome "Taliko" e apontava para o seu novo lugar na sala de aula. Fazia gestos com a mão, chamando-o para frente e indicando ao lado de quem ele deveria se sentar agora. Mas eles continuavam rindo. "Vem, Taliko, senta aqui ao lado da Kami", eu insistia, batendo com a palma da mão aberta sobre o banco vazio ao lado da Kami.
 
Comecei a perceber que alguma coisa constrangedora estava acontecendo. Taliko passava a mão pela cabeça várias vezes e começou a tentar me dizer que não, não viria. Toda essa situação deve ter durado uns vinte segundos apenas, mas para mim já se estendia numa eternidade de risos nervosos.
 
-Professor - finalmente socorria-me o Professor indígena que entrava para me ajudar nesses momentos, mas que até ali não se manisfestara porque também estava rindo deste caraíba engraçado - Professor, o Taliko não pode sentar aí. A Kami é esposa dele...
 
-Ah... Ele não pode sentar ao lado da esposa!?
 
-Não. Disse-me o Professor indígena. Bem, diante desse fato cultural, lá se ia minha ideia de fazer um "trabalho em grupo". Vi que não poderia simplesmente reunir os alunos uns com os outros, porque eles não sentariam perto de suas esposas por exemplo.
 
Mas havia outras questões que fui descobrindo por causa da Escola. Uma delas é que ao tentar fazer um exercício oral de "esquerda, direita, atrás, na frente", surgiu novo momento de risadas. Perguntei a um deles quem estava sentado à frente:
 
-Professor, é esse aqui. Respondeu-me, apontando para o colega da frente.
 
-Sim, mas qual o nome dele?
 
-Professor, não posso dizer. Ele é meu cunhado.
 
-Ah...!
 
Assim, a Escola sempre foi um momento mágico de aprendizado e creio que essas "gafes culturais" nos aproximaram muito uns dos outros. Aprendi a rir também com eles desse riso transcultural gostoso por causa do estranhamento com o outro. O outro é outro mundo. Um mundo rico, bonito e cheio das suas coisinhas que precisam ser descobertas para que se possa alcançar uma comunicação efetiva. Como não foi imensa minha alegria quando, ao terminar a aula um pouco mais cedo, vi que eles não saíam da escola. Disse a palavrinha de todos os dias na língua deles para o encerramento, mas meus alunos fecharam seus cadernos e ficaram ali, perto de mim e já bem mais à vontade: eles não queriam sair. Um dos alunos, Kainterri, aproximou-se e disse uma palavra que eu havia ensinado naquele dia em português: "dedilhar". E enquanto ele repetia aquela palavra, fazia o gesto de "dedilhar" os dedos sobre a minha mesa. Ele havia gostado daquela palavra. "Dedilhar". Naquele momento, descobri que realmente era uma palavra muito gostosa de se dizer e fiquei encantado com o encantamento dele com uma palavra nova do português. Aí, olhando bem nos olhos dele, disse sorrindo: "aingohegei". Também repeti várias vezes para ele a palavra "aingohegei", que era a segunda palavra que eu havia aprendido na língua (a primeira foi "saudade"). E eu e ele ficamos assim por um tempo, um dizendo ao outro essas palavras novas e significativas para nós: "dedilhar" e "aingohegei". Percebi que de maneira muito delicada estávamos fazendo um encontro entre dois mundos que desejavam muito aprender um com o outro.
 
Os outros alunos começaram também a dizer palavras na língua deles e apontavam para os objetos aos quais aquelas palavras se referiam. Naquela tarde, minha primeira semana de aula na aldeia, ficamos ali, eu e meus professores, que riam de mim esse riso gostoso que aprendi tanto a amar: o riso da graça de um caraíba tentando acertar o passo com a língua deles. Por um momento, enquanto me ensinavam as cores do mundo deles, recostei na cadeira e fechei os olhos pelos segundos suficientes para dizer em oração a Deus: "Aingohegei", que quer dizer "muito obrigado".

Autor: Professor Wanderley Dantas

http://o-seringueiro.blogspot.com.br/

Publicação autorizada pelo autor

 

Coisas da Alma - Autora: Ana Soares



Eu, quando escrevo, me entrego de alma e bandeja...

Quando escrevo não me engano, sei bem quem sou!

Não me escondo, não me traio. Me reconheço!

A escrita me permite conhecer lugares que nunca fui e a ver pessoas que não conheço, mas eu as desvendo com tanta clareza em meio esta loucura, que se tornaram amigos de alma.

Eu posso descrevê-los.

Eu os interpreto em cada texto, em cada frase, em cada vírgula, em cada ponto de exclamação!

Coisas de quem escreve;

Coisas de quem sente;

Coisas de irmandade;

Coisas de Ana, Carlos, Maria, Geraldinho, Celêdian, Augusto, Angelim, Jcarneiro, Fernando, Rangel, Jorge, José, Fábio, Sevy, Marina, Jussara, Jailson e tantos outros...

Coisas da alma!
 
Ana Soares - Ribeirão Pires/SP