Comentário do dia 08/07/2012
Tirei
o início desta noite de domingo para ler "A Saga de um Pedro", e o
fiz num estirão rápido e prazeroso. O livro é uma biografia do pai do autor,
revelando sua vida inquieta e difícil, desde os tempos de menino, mas repleta
de aventuras e causos. Sendo, como o autor e seu pai, também pernambucano, os
lugares (Tabira, Afogados da Ingazeira, Iguaraci, Sertânia e Custódia) me são
familiares, aliás, fui juiz de Sertânia e conheço bem Custódia). Acompanhei
apreensivo os tempos atribulados do Pedro enquanto soldado e me diverti com sua
viagem para se apresenar no Quartel do Derby. Antes, me impressionou sua
coragem de se mandar para trabalhar nas terras da Usina Serra Grande, na divisa
de Pernambuco e Alagoas, aonde fica o município de Ibateguara, lugar que, no
tempo em que estive morando em Maceió, passava todas as semanas. Soldado
reformado, segue o Pedro dando o rumo a sua vida turbulenta, conseguindo, a
duras custas, se casar. Sua viagem a Brasília e os tempos em São Paulo, os
começos e recomeços de suas atividades comerciais, até acertar a sintonia como
revedendor de rádio, que leva ao nascedouro da Casa Campeão e o seu auge
enquanto comerciante cheio de posses e respeitado. Mas, vem a derrocada
comercial e o Pedro, desolado, se muda para Custódia, onde à frente do Cine
Custódia (cujo nome comercial é Cinema Santa Maria), consegue sobreviver com
relativa folga até a massificação da televisão. Endividado, vê na tentativa de
obter um empréstimo na sua antiga corporação a solução para seus problemas. O
empréstimo não veio, ao invés dele algo bem melhor: a milhar 9690. Com o
dinheiro, compra um chevette novinho em folha e ainda sobra cobre suficiente
para quitar suas dívidas e comprar a casa própria para D. Celeste e encanto de
seus meninos. Na difícil história dos homens comuns, essa desse Pedro valeu de
fato ser retratada e imortalizada em páginas de livro. Valeu, Carlos. Meus
parabéns.
Comentário do dia 09/07/2012
Apenas
continuando o comentário acima, a respeito da trepidante e engenhosa vida de
"Zé das Máquinas", que vem a ser o pai do escritor Carlos Lopes, de
fato fiquei impressionado com sua trajetória de homem inquieto, fiel às suas
convicções e, principalmente às suas teimosias, o que, às vezes, lhe custou
muito caro. Me diverti muito com sua estadia inicial no Quartel do Derby e sua
aversão aos banhos, assim como sua última viagem de caminhão com a família toda
para o Estado de São Paulo e o seu jeito para arranjar as coisas, bem típico do
nordestino sabido. Assim, Carlos, retratando a vida de seu pai, você propiciou
aos seus leitores com uma leitura interessante, dessas boas de se fazer a
qualquer tempo e qualquer lugar.
Autor: Augusto Sampaio Angelim - São Bento do Una/PE
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=29657
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