quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Declaração do fim do Inverno - Autora: Bárbara A. Sanco


Ontem eu era poeira do tempo
A esperar que o vento me guiasse
Viajei sobre florestas e desertos
Fui tijolo e sinal de desleixo
Fui pedra, cristal, praia e pó
Foi quando acostumei-me a vida da ampulheta
A mesma rotina a deixar que os grãos contassem os segundos
Nessa época não havia mais esperança ou beleza
E o amor era apenas um sonho esquecido
Em alguma cama de almofadas vermelhas
Então você apareceu e nada mais fez sentido
As certezas fugiram de mim
Um coração adormecido voltou a pulsar sem controle
Denunciando a existência de vazios antes preenchidos por solidão
E surge a dor da espera e o medo da incerteza
E de mãos dadas com elas o desejo
Não há paraíso, não há proteção
Eu que era um ser de razão, forjado pela dor, aguardo nova identidade
Perdi a batalha de tentar acreditar em minhas verdades inventadas
Inicio nova jornada
Estão sendo jogadas tintas de aquarela
Em realidades de lógicas escritas com negro crayon
O amor muda tudo
E se ele existe então sua história aguarda por ser escrita
Por duas almas aproximadas por laços brancos de amizade primeira e pura
E agora lançadas a enfrentar a construção de seu próprio destino
Completamente incerto
E definitivamente irresistível
Mas talvez seja apenas a natureza a dizer
Maktub
E que venha então a Primavera


Bárbara A. Sanco - Porto Alegre/RS

http://barbarasanco.blogspot.com.br/
Publicação autorada pela autora


Um comentário:

Aleatoriamente disse...

Tão lindo esse poema.
Amei a leveza com seguiu até o final.
Parabéns a autora.
É lindo.

Beijo Carlos