sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Bexiguento

A palavra já não é das mais simpáticas. Segundo os dicionários, trata-se do significado daqueles que são atacados pela varíola, doença que foi causadora de uma epidemia famosa, no Brasil, na transição dos séculos XIX e XX.
Por não ser conhecida sua origem, e a possibilidade de sua transmissão, as pessoas que dela faleciam eram enterradas em cemitérios diferentes dos tradicionais existentes.
Desse modo, em todas as cidades, vilas, lugarejos da época, raros os locais onde não havia um “cemitério de bexiguento”.
Não fugindo à regra, Santo André possuiu o seu. Perfeitamente localizável. Ficava onde, hoje, está a primeira unidade da Casa da Esperança, estabelecimento de saúde administrado pelo Rotary Clube de Santo André. Rua Alberto Benedetti, bem em frente ao Hospital Cristóvão da Gama. Lembro-me, inclusive, que nesse local existiu até os anos 50/60 do século passado, uma capela, em homenagem a certa Nossa Senhora que não me recordo qual.
Volta e meia sou questionado sobre a existência dessa necrópole. Dias atrás, necessitando comprar carne, fui ao açougue situado na esquina da Avenida João Ramalho, com Guilherme Marconi, na Vila Assunção, e conversando com uma velha amiga do bairro, que sabe de minha atividade como escritor, especializado em coisas antigas da cidade, fui interpelado pela caixa do estabelecimento:
- É verdade que existiu em Santo André o cemitério dos bexiguentos?
Onde ficava?
Prontamente, respondi localizando a antiga necrópole, deixando-a espantada pela proximidade do mesmo de onde estávamos, a duas quadras dali.
Que a localização causa um certo incômodo ao ser denunciada, isso é verdade. Todavia, não podemos fugir da verdade.

Autor: José Bueno Lima - Santo André/SP

2 comentários:

Ana Bailune disse...

Não mesmo. Ela nos perseguirá!
Bom dia, Carlos!

Carlos A. Lopes disse...

Bom dia, Ana. Concordo com o dito. Ana nosso livro vai ser um primor, está sendo tratado com mãos suáveis e sensíveis... Um grande livro e certamente eterno.