A palavra já não é das mais simpáticas. Segundo os dicionários, trata-se
do significado daqueles que são atacados pela varíola, doença que foi causadora
de uma epidemia famosa, no Brasil, na transição dos séculos XIX e XX.
Por não ser conhecida sua origem, e a possibilidade de sua transmissão,
as pessoas que dela faleciam eram enterradas em cemitérios diferentes dos tradicionais
existentes.
Desse modo, em todas as cidades, vilas, lugarejos da época, raros os
locais onde não havia um “cemitério de bexiguento”.
Não fugindo à regra, Santo André possuiu o seu. Perfeitamente
localizável. Ficava onde, hoje, está a primeira unidade da Casa da Esperança,
estabelecimento de saúde administrado pelo Rotary Clube de Santo André. Rua
Alberto Benedetti, bem em frente ao Hospital Cristóvão da Gama. Lembro-me,
inclusive, que nesse local existiu até os anos 50/60 do século passado, uma
capela, em homenagem a certa Nossa Senhora que não me recordo qual.
Volta e meia sou questionado sobre a existência dessa necrópole. Dias
atrás, necessitando comprar carne, fui ao açougue situado na esquina da Avenida
João Ramalho, com Guilherme Marconi, na Vila Assunção, e conversando com uma
velha amiga do bairro, que sabe de minha atividade como escritor, especializado
em coisas antigas da cidade, fui interpelado pela caixa do estabelecimento:
- É verdade que existiu em Santo André o cemitério dos bexiguentos?
Onde ficava?
Prontamente, respondi localizando a antiga necrópole, deixando-a espantada
pela proximidade do mesmo de onde estávamos, a duas quadras dali.
Que a localização causa um certo incômodo ao ser denunciada, isso é
verdade. Todavia, não podemos fugir da verdade.
Autor: José Bueno Lima - Santo André/SP
2 comentários:
Não mesmo. Ela nos perseguirá!
Bom dia, Carlos!
Bom dia, Ana. Concordo com o dito. Ana nosso livro vai ser um primor, está sendo tratado com mãos suáveis e sensíveis... Um grande livro e certamente eterno.
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