Naquele dia, lavamos a mesa do professor e
preparamos a escola. Ela seria improvisada na farmácia da aldeia. Era uma casa
pequena de vigas finas de madeira e que faziam as vezes das paredes, o teto era
de sapê e o chão de terra. A cada tempestade durante as aulas, os alunos
ficavam assustados e eu pensava que seriam os raios e trovões que os
atemorizavam. Entretanto, descobri tempos depois que o medo deles se devia ao
receio de que a escola caísse sobre nossas cabeças. A casinha já era velha e
toda torta e meio caída para a esquerda. E esse receio deles provou ser justo: um
dia, durante uma outra tempestade, aquela casinha finalmente caiu! Graças a
Deus, foi durante um fim de semana em que não havia aula...
Enfim, as aulas iriam finalmente começar no dia
seguinte. Quando terminamos de preparar a mesa, pendurar o quadro-negro, limpar
as tábuas que serviriam para que os alunos se sentassem, saí, então, daquela
casinha, andei alguns metros e me virei para vê-la. Era imensa a minha alegria
de estar ali olhando para minha escolinha improvisada no meio da mata amazônica
no interior do Brasil! Ela era um sonho que eu acalentara por muitos anos e
que, agora, realizava-se diante dos meus olhos. Havia já passado das 5 da tarde
e sobre a escola, bem atrás dela, descia um lindo arco-íris, emoldurando o que
haveria de ser o meu lugar de trabalho. Agradeci a Deus pela sua aliança. Eu
sabia que não estava sozinho.
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