sábado, 21 de novembro de 2020

O MISTÉRIO DA PRAIA

 



MARIA MINEIRA:

 

Júlia morava com os pais em uma pequena vila perto de uma praia. O pai era pescador e a mãe tecia redes para vender. A menina era feliz vivendo naquele belo lugar, mas no entanto  havia algo muito estranho. Sempre  sonhava que estava numa ilha deserta sozinha e não avistava nenhum barco. À noite, tinha frio e, de dia, fome e sede, pois o único alimento que havia na ilha era o coco. Avistava muitos peixes, mas nunca conseguia pescar nenhum. O mais estranho é que a menina acordava todas as manhãs com muita fome e mais sede ainda. 

Os dias passavam devagar naquela vila de pescadores. Após voltar da escola, Júlia procurava tesouros enterrados na areia, catava conchas e corria na praia até cair de cansaço. Sentava-se nas pedras com um livro  e lia. Gostava de ouvir o vento soprar através dos coqueiros, cujas folhas ondulavam no azul do céu. Até que um dia, quando menos esperava...


LARA ALVES


As trevas de repente tomaram posse do lugar. Agora, o céu estava mais escuro, todos os tesouros que ela costumava procurar na areia tinham sumido e ela não conseguiu achar nenhum peixe. O vento que antes se fazia agradável e transmitia  calma, agora era muito desagradável pois fazia o mesmo som de um grito baixinho, trazendo um sentimento de medo.

Júlia queria entender o que se passou por esse lugar antes de sua chegada, então, procurou por toda a vila qualquer outra pessoa. Por sorte, Júlia avistou um garoto que estava sentado debaixo de uma árvore, com a cabeça abaixada e um olhar triste. Ela hesitou em ir falar com o menino, seria ele o responsável por todas aquelas trevas? Mas ela queria respostas, então foi até ele e sentou-se ao seu lado, esperando que ele notasse sua presença, mas não, o garoto nem percebeu que Júlia estava perto, pois ele estava muito nervoso e parecia nunca parar de pensar. No que será que ele pensava? Então ela decide falar com ele.


SOFIA BORGES


 — Ah...oi, quem é você?  — Disse Júlia, suspeitando muito do menino.

O garoto arregalou os olhos e mostrou uma expressão de espanto.

 — Quem é você? Como conseguiu vir aqui?  — Disse o garoto, arregalando os olhos.

Júlia estava com um pé atrás, pois tinha medo de conversar com desconhecidos, mas dessa vez ela se arriscou. 

 — Calma, eu sou a Júlia, você tá bem? Me parece estar triste...  — Disse Júlia, preocupada. 

Ele também estava desconfiado de Júlia, pois não conhecia ela. 

 —Eu sempre tento estar bem, mas eu vim com os meus pais para essa praia e logo depois que chegamos eles desapareceram.  —  Disse o garoto bem triste.

Júlia foi ficando preocupada com o garoto, não sabia o nome dele, se ele estava com fome, sede.

 — É... qual seu nome?  — Disse Júlia muito curiosa.

 — Meu nome é Henrique, sou de São Paulo, como eu disse, meus pais desaparecem, eu não faço ideia de onde eles possam estar...


LARA ARANTES


Por um segundo ela pensou em ajudá-lo a procurar seus pais, mas se conteve, devido ao fato de Henrique ainda ser um estranho.

 — Mas onde vocês se viram pela última vez?  — Perguntou Júlia

Ele apontou para um conjunto de árvores perto de uma casa, cuja ela nunca havia reparado. Era branca com janelas vermelhas e não muito grande.

 — Essa casa...Nunca a vi aqui. Você não morava em São Paulo?  — Curiosa, ela fez mais uma pergunta

 — Sim, mas vim para cá com meus pais para passar as férias, e é nessa casa onde ficamos - Henrique respondeu

Júlia não viu nada de mais naquilo. Então ficou mais confiante em falar com o garoto.

 — Olha, eu nem te conheço direito, mas você precisa de ajuda para encontrar seus pais. Minha casa não é muito longe daqui e então poderíamos falar com minha mãe e meu pai.

Henrique assentiu e se levantou para iniciarem a caminhada à casa de Júlia.

Depois de um tempo em que os dois andaram e conversaram bastante, chegaram em uma casa amarela e janelas azuis.

Júlia abriu a porta e chamou por seus pais; mas ninguém respondeu...


MARIA MINEIRA


Apavorada, a menina caminhava pela residência,  mas não parecia ser a sua tão amada casinha. Só havia teias de aranha espalhadas pelas paredes, como se não fosse habitada há anos. Começou a se desesperar e desta vez foi acalmada por Henrique que disse:

 — Vamos dar uma volta pela vila e perguntar. 

Já era noite e ambos cansados e com fome, andavam  pelas ruas  desertas daquele lugar. Agora não era apenas Henrique que procurava pelos pais. Suas únicas companhias eram a Lua e alguns animais de vida noturna, revirando latas de lixo. 


Caminharam mais  depressa, sem olhar para trás, pois ouviam passos. Começaram a correr e aqueles passos não paravam de persegui-los. Henrique sempre a ajudava ao longo da corrida. Olharam em volta  e não havia nada além de sombras. Depois disso, Júlia se lembrava  vagamente que foram levados por uma mulher de vestes brancas até uma cabana beira da praia. Foram acordados de manhã pela mulher  que lhes trouxe  chá quente e pão fresco com manteiga. 

 — Eu quero meus pais! – disse Júlia chorando!

 — Fique calma, não se preocupe. Ela vai nos ajudar!

Após a procura em vão pelos pais, a noite assustadora que tiveram, aquela estranha mulher da cabana, após alimentá-los, os segurou pelas mãos e os levou a caminhar pela praia desconhecida. Depois de muito tempo, ela apontou algumas pessoas adiante e disse:

 — Sigam em frente, está tudo bem...

Quando as crianças se aproximaram viram seus pais. Sim! Os pais de Henrique, conversavam com um casal de moradores da vila. Estavam preocupados pela demora do menino que havia ido apenas comprar um sorvete. Logo a mulher do pescador disse:

 — Ahh, vejam só! A Júlia já o encontrou. Ela conhece bem esse lugar.

Atordoados ao verem seus pais tão tranquilos, Henrique e Júlia se olharam e não disseram nenhuma palavra. Parecia que não havia passado nem uma hora. Assim, as duas famílias acabaram ficando amigas.

Depois de passar o susto, no outro dia,  os dois combinaram de procurar a mulher do outro lado da praia para agradecer. 

Nada parecia como na noite anterior. Não havia casa nenhuma, apenas o coqueiro que ficava na frente e debaixo dele duas enormes conchas coloridas. Parecia que os acontecimentos da noite anterior  haviam se  desfeito no ar feito cinzas levadas pelo vento. Um arrepio percorreu as duas crianças... Antes de irem embora  Júlia apanhou as conchas e   depositou  uma flor na areia como agradecimento.


Autores: Maria Mineira, Lara Alves, Lara Arantes e Sofia Borges

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