terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O bom de memória - Texto: José Soares de Melo

Antes do advento do radinho de pilha e dos modernos equipamentos de som, toda cidade do interior que se prezasse, teria que contar com suas “difusoras”, como eram conhecidos os sistemas de som, compostos de um amplificador, um microfone, e várias “cornetas”, também conhecidas por “boca de aço”, pelo seu volume estridente, dependuradas nos postes de iluminação da cidade, e até mesmo em árvores.

Custódia contava com dois desses sistemas de som. A “Duas Américas”, de propriedade do meu sogro, o falecido Adamastor, e a Voz do PTB, de um político local.

A “Duas Américas” fazia o que poderia ser um Programa do Ouvinte, onde as pessoas iam ao estúdio, pagavam uma taxa, e faziam os seus pedidos musicais.

Contava Adamastor, que quando foi lançada uma música de Luiz Gonzaga, chamada de “Juazeiro”, foi um sucesso extraordinário. Choviam pedidos na “Duas Américas”, e certa vez um jovem chegou a pedir cerca de trinta vezes, para rodar a música. Esta, no início tinha um trecho que repetia, monotonamente:

- “Juazeiro, Juazeiro, me arresponda por favor”!

Perguntado pelo locutor porque tantas vezes aquela música, o rapazola disse que queria aprender, para cantar prá namorada.

Finalmente quando já não se agüentava mais de se ouvir aquela mesma música, o rapaz deixa de pedir a mesma, justificando:

- Agora eu aprendi a “musga” !!!!

E sai cantando desafinadamente:

– “Cajueiro, Cajueiro, me responda por favor!¨

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