Enquanto a professora de geografia explicava,
escrevendo com giz branco em uma grande e imensa lousa verde, que “rio das Velhas” era brasileiro,
localizado no Estado de Minas Gerais, tendo suas nascentes na Cachoeira das
Andorinhas, no município de Ouro Preto, sendo o maior afluente em extensão do
Rio São Francisco, desaguando em Barra do Guaicuí, no município de Várzea de
Palma, a fértil imaginação que já possuía em meus 14 anos de vida via,
nitidamente, uma porção de mulheres acima do peso, idosas, usando roupas sem
manga, com os vestidos levantados acima dos joelhos e presos em algum lugar de
seus corpos imensos, levando roupas em pedras que existiriam no leito do rio.
O mesmo ocorria quando meu professor de história
geral explicava para os colegas sobre uma das sete maravilhas do mundo antigo,
os Jardins Suspensos da Babilônia. Visualizava,
em minha imaginação, os vestígios de uma monumental obra arqueológica, uma das
mais relatadas, mas que menos se conhece até hoje, exceto pelos poucos terraços
arborizados, apoiados em colunas de 25 a 100 metros de altura, construídos por
Nabucodonosor para guardar e consolar sua esposa preferida Amitis, que nascera
no reino vizinho, e vivia com saudades de campos e florestas de sua terra e
delirava só em imaginar um monte de plantas em cima de um castelo suspenso. Ah,
como eu viajava sem sair de minha sala de aula!
Anos depois, em viagem de ônibus, cruzei uma ponte
sobre o Rio das Velhas e fiquei decepcionado, pois não era nada do que meus
sonhos a imaginação fértil de meus 14 anos de vida me mostravam e eu chegava a
visualizar àquelas mulheres suadas, esfregando as roupas em cima das pedras com
seus enormes braços balançando para um lado e para outro, como se estivessem
dando adeus para algum desavisado que as estivessem olhando naquela cantoria
que também eu imaginava que existisse.
Mas era somente um rio estreito no verão, igual a
muitos que conheci viajando de ônibus pelo nordeste do Brasil e sem velhas
lavadeiras que existiam em meus delírios adolescentes. Mas desde então, fiquei
com trauma de mulheres obesas usando roupas sem mangas porque as imagino todas
como se lavadeiras fossem!
Eu as aceito, mas não tolero senhoras idosas,
obesas, usando roupas sem manga porque tenho a impressão que meu sonho de
menino-adolescente está de novo se concretizando na minha frente!
Talvez, seja também, porque tive uma professora de
matemática muito obesa que, quando chamava alguém à mesa para levar bolo de
palmatória na mão, o braço dela era tão gordo, mais tão gordo, que a parte
debaixo dele, o famoso “tiauzinho”,balançava. E ela costumava usar vestidos sem
mangas.
Quanto aos Jardins
Suspensos da Babilônia ainda não os conheci, mas acho que vou me
decepcionar também, como foi minha decepção ao conhecer o Rio das Velhas. Antes não tivesse conhecido!
Eu ainda teria em minha imaginação de adolescente
e o mesmo sonho infantil!
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Blog do autor: http://carloscostajornalismo.blogspot.com/
Publicação autorizada pelo autor através de e-mail de 28/04/2012
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