Derrubaram
a casa do joão-de-barro, coitadinho, que maldade o que fizeram com a família do
joão-de-barro.
O
papai joão-de-barro tentou buscar o ninho dos seus filhotes, não deixaram o
pobre do pássaro entrar na casa semi-destruída.
Mamãe
joão-de-barro chorando escondia os filhotes sob as asas, tentando protege-los
da descabida violência. De longe assistiam a peleja. Atearam fogo em sua casa.
Quem foi?
Não
sei, respondeu o bem-te-vi, eu estava de costas, não pude ver o rosto do invasor.
O pardalzinho, coitado, só viu a roupa, estavam com os rostos cobertos com uma
coisa que parecia uma máscara, igual essas que os motoqueiros usam.
E
agora para onde irá o joão-de-barro e sua família?
Estão
andando pela cidade, não encontram comida nem local para dormir. Estão todos
ocupados. Vamos dormir sob a marquise, sugere a mamãe joão-de-barro, pensando
na proteção dos filhotes. Mas papai joão-de-barro retruca:
-
E se nos pegam dormindo? Se atearem fogo em nós? E se nos expulsarem ou nos
chutarem e espancarem? Não. Sob a marquise não é um lugar seguro.
-
Para onde vamos então? Insiste a mamãe joão-de-barro.
-
Vamos tentar a beira da estrada, talvez nenhum bicho do mato nos ataque durante
a noite. Talvez encontremos um ninho fofinho para os filhotes.
-
E a comida, onde a conseguiremos?
-
Ora, alguém há de nos dar, se pedirmos. Se ninguém se compadecer de nós, então
só nos resta morrer de fome.
Mamãe
joão-de-barro se põe a chorar. Que maldade, porque fizeram isso com a nossa
casa que levamos tanto tempo para construir?
Responde
o pai joão-de-barro:
-
É assim mesmo, neste mundo há muita maldade. Só tem vez aqueles que vivem nas
gaiolas, embora sem liberdade, têm água comida, segurança e ainda têm
veterinário particular. Para nós que edificamos nossas casas em árvores sem
dono, nada nos resta, seremos sempre expulsos de um lugar para o outro.
Enquanto
isso os filhotinhos, correm para os semáforos, nos cruzamentos e começaram a pedir moedinhas para ajudar na alimentação
da família.
Que
desastre, que fim para uma família decente de joão-de-barro que não fez mal a
ninguém, viverem assim, como moradores de rua, sem perspectiva de ver a família crescer na
segurança de um lar, mesmo que seja uma casa de barro.
Contudo
o Sr. gavião, muito poderoso, parece ter tido compaixão da família do
joão-de-barro e prometeu-lhes ajudar a encontrar uma outra árvore onde ele
possa edificar sua casa de barro e lá criar os filhotes e até ver a família
crescer.
Não
esqueçam. Promessas de gavião...
Autor: Nêodo Ambrósio de Castro - Eugenópolis/MG
Páginas do autor:
Publicação autorizada através de e-mail de
27/04/2012
5 comentários:
¨promessa de gavião¨. É bom não esquercer o detalher. Seu texto parece coisa de Brasília amigo Nêodo. Estou sendo maldoso com a nossa capital, reconheço. Então, amigo, seu texto parece coisa da nossa política partidária. Assim ficou melhor. Um abraço Neodo Ambrósio, seu QUE MALDADE é uma maldade maravilhosa.
Jamais acredite em promessa de gavião, se você for um passarinho!
Neôdo, adorei seu relato. Percebi em seu texto um pouco de crítica social também, relacionando a sua estória com a queima do índio Pataxó em Brasília, de forma sutil mas notei isso. Uma beleza. Parabéns, Neôdo. Um abraço.
Obrigado, amigos, pelos comentários.
Há muito praticam essa maldade com o povo brasileiro. Coisas da nossa injusta justiça que penaliza os menos favorecidos em benefício dos milionários gananciosos. E o governo? Nem toma conhecimento...
Abraços a todos.
Linda historia, verdadeira lição de vida
Postar um comentário