Alegremente,
seguia eu e membros de minha família – geralmente com meu pai, rumo ao
Aeroporto Internacional Ajuricaba, - nome supostamente dado em homenagem a um
índio guerreiro que teria sido aprisionado e acorrentado pelos portugueses na
época da colonização do Amazonas a partir de 1945, e que supostamente se jogara
da canoa que o transportava, e morrido afogado no famoso “Encontro das
Águas”,dos rios Negro e Solimões, hoje cartão postal de Manaus e patrimônio
natural da humanidade -. Mas isso fica para a história definir.
O
importante mesmo é dizer que todas as vezes que eu e membros de minha família
nos dirigíamos ao Aeroporto Internacional para sentir o prazer de ver as poucas
e raras aeronaves pousando, geralmente da empresa Cruzeiro do Sul ou Varig, eu
ficava encantado observando um outdoor na saída da esquina das Ruas Branco e
Silva com Leopoldo Peres, que levava até ao Aeroporto, até finais da década de
70.
Mesmo
quando passeava em ônibus de madeira, fabricados na própria garagem da empresa
Ana Cássia, feito em cima de chassi de caminhões, sempre dava um jeito de olhar
para o “meu outdoor”porque normalmente escolhia a linha do ônibus que dobraria
na Rua Branco e Silva e, com isso, tinha certeza que veria mais uma vez o “meu
outdoor” predileto, como passei a considerá-lo, tal era nossa relação de
cumplicidade. Ele, ali parado; e eu também parado, feito um bobo, a observá-lo
para depois, no Aeroporto, conferir com um avião de verdade. E não é que tudo
que existia nos aviões que pousavam, se encontravam também no “meu outdoor”?
Mesmo
quando passei a ser autônomo vendendo picolés, jornais, cascalho pelas ruas do
Morro da Liberdade, sempre que podia seguia a pé pela Rua Branco e Silva só
para perder algum tempo precioso para só ver mais uma vez aquela maravilha!
Como um avião grande, coube todo aí? – me questionava muitas vezes, espantado e
maravilhado com aquela placa imensa que era vista também por toda e qualquer
pessoa que se dirigisse ao Aeroporto Ajuricaba, ou de “Ponta Pelada”, como
também era chamado, bastava que olhassem para o lado direito da via! O porquê
de “Ponta Pelada” não me pergunte; não saberei lhe responder, também! Só sei
que era assim!
Anos
depois, ao passar na esquina para olhar mais uma vez para o Depois que o
progresso passou a freqüentar pela cidade de Manaus depois de 1969 com a
implantação da Zona Franca, “meu outdoor”, com o meu avião da Cruzeiro do Sul
não se encontrava mais no local deixou de fazer parte integrante da esquina das
ruas. O que teria acontecido com o avião da “Cruzeiro do Sul”? Ele teria
decolado? Não sei lhe responder.
O certo é
que no local passou a existir outra propaganda, no mesmo espaço de “meu avião”!
Depois que
“levaram meu avião”, também perdi o interesse em virar meu rosto para procurar
o “meu outdoor”, mesmo se fosse andando em ônibus ou em carros pretos
Aerowillys, “os carros de Aeroporto” os mais luxuosos da época, todos pretos e
grandes, com quatro portas, na companhia de meu amigo João Couto da Silva, que
o pai de meu amigo de infância possuía e sempre me levava até ao local.
Perdi e
meu encanto infantil e o interesse em olhar para “outdoors” de novo. Depois
disso, os outdoors passaram a ser uma coisa supérflua! Por que levaram o “meu
avião”?
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
Blog do autor: http://carloscostajornalismo.blogspot.com/
Publicação autorizada através de e-mail de 02/03/2012
5 comentários:
Sabia que o amigo ia gostar! Publique, sim! Amanhã mandarei para o amigo postar uma que lhe enviei pelo seu facebook, mas deve publicar essa primeira antes porque esta com certeza fui inspirado ou iluminado por uma crônica sua, na qual deixei meu comentário falando desse assunto. Obrigado a você por me ter feito entrar em meu túnel do tempo privado, mas com uma vaga disponível para o companheiro, se desejar viajar comigo. Esse local era muito conhecido e o outdoor ficou muito famoso em Manaus porque era o único aeroporto que tínhamos na cidade (agora virou aeroporto militar) e era sempre passagem obrigatória e vista por muita gente. É uma pena que o progresso engoliu meu outdoor com o avião e tudo! ahahahahah. Gostei de ter escrito essa cronica, amigo, mas parte do mérito foi todo seu por ter me feito reviver uma lembrança de um passado que pensava estar adormecido, mas me enganei! Um abraço,
Então Carlos Costa, só tenho que te agradecer. Fiquei feliz que o amigo tenha se inspirado no meu texto A RODA E O CHÃO. Adorei seu O MEU OUTDOOR COM O AVIÃO DA CRUZEIRO DO SUL. Excelente! Um abraço do amigo.
Carlos, estou sempre viajando de avião, mas nunca esqueço da propaganda da Cruzeiro do Sul, na tv, em que apareciam as estrelas da constelação, uma por uma. Era preto e branco, mas ficou no meu imaginário e até hoje sinto saudades. Aproveito para agradecer ao comentário que fizestes no meu texto "O menino da bicicleta", obrigado.
Amigo, não precisa agradecer por nada; quando gosto, digo e quando não gosto do que li, nem me dou ao trabalho de comentar. Um abraço,
Xará, Carlos Costa, "navegando" pela blogosfera, deparei-me com teu excelente texto, sobre a Cruzeiro do Sul, empresa em que entrei menini, aos 16 anos, e por lá trabalhei 12 anos, voei muito em Caravelles, em B-727-200 , B-737-200 , trabalhei em Belém, no Aeroporto de Val-de-Cans, voos noturnos , até para Cayenne , Paramaribo, Port-of-Spain, acredite se quiser, a Cruzeiro, era uma familia, tinha amigos em Manaus,onde ía adquirir importados. Em Manaus , perdemos um Caravelle VI-R, varetou a pista direto, perda total, sem mortes,eu havia despachado, de Belem o bicho, com navegação, calculos, abastecimento, e tudo mais, sempre trabalhei em Operações de Vôo, avião era meu sonho desde menino, no Rio de Janeiro, vendo os aviões do Aeroclube de Manguinhos(hj não existe mais) pela Av.Brasil, e realizei o que sonhei, 33 anos de Aviação, e muitas histórias para contar ,várias empresas, muitos aviões modernos, cursos, até gerente de aeroporto em Cia.internacional, mas valeu, a Cruzeiro marcou época, desde os PBY-Catalina,os DC-3 . A Cruzeiro do Sul faz parte de minha vida, e obrigado pelo seu lindo texto. Saudações Aeronáuticas.
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