sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vai sarar ... (Texto cedido pelo blog Casal 20)

          Quando eu era criança, me escondia sempre que alguma coisa ruim estava acontecendo. Uma discussão entre meus pais, uma confusão, enfim, me escondia.

          Não necessariamente num esconderijo. Muitas vezes, me escondi atrás de uma “sutra”, de uma oração que eu não sabia ao certo para quem direcionar (na época), me escondia atrás de uma conversa em voz alta com a minha bisavó... Me escondia e, se não fosse demais, tapava meus ouvidos.

          Certa vez, apartei a briga de duas colegas na escola, entrando no meio delas e levei uma unhada no rosto que me deixou uma marca gigantesca!

         Cheguei em casa, relatei o fato para minha mãe, esperando um afago, uma solução e, ao contrário, levei uma bronca e ouvi: “Espere só quando seu pai chegar”.

          Aquilo me deu um pavor tão grande!

          Meu pai chegou e eu, ingênua, achei que de alguma forma, ele não veria o machucado (que começava bem abaixo do olho e descia até a boca). Comecei a tremer. Pensei em alguma maneira de fugir, mas fiz o que sabia fazer: me escondi.

          Quando ele me viu, nem fez tanto alarde assim. Falou da minha irresponsabilidade ao entrar no meio de uma briga, enfim, tudo o que um pai deveria dizer nesse momento.

           Hoje sou mãe.

           Me aterroriza a idéia de que algum de meus filhos seja machucado na escola por qualquer motivo! Mais do que isso, me aterroriza a idéia de ver meus filhos se escondendo de qualquer coisa, seja ela uma briga ou um sentimento.

           Hoje estava aqui, pensando sobre isso e me veio uma imagem na cabeça: uma menina sentada, escondida, tapando os ouvidos para não ouvir os berros do pai saindo de casa com sua mala e, em seguida, chega sua mãe, a abraça longamente, tira um band aid do bolso, coloca sobre o coração da menina e diz: “Vai sarar”.

           Pequenos gestos que não pensamos em fazer na hora certa. Eles provavelmente não resolvem o problema, mas confortam e dão esperanças.

           Espero que todos tenhamos alguém nas horas de angústia, de perda e de sofrimento para, mesmo que com apenas um gesto, nos dar a certeza de que, não importa o quê, vai sarar.

Texto cedido pelo blog: Casal20 - Araguaia/MT

Texto de propriedade do blog: ¨Palavras¨da ligian

Um comentário:

Comentário de Carlos Costa para o Casal 20. disse...

Mais uma vez obrigado, amigo. Já vi, li e gostei dos comentários deixados. Contudo, teve um em especial que me emocionou. O do que se apresenta como "Casal 20". Para o "Casal 20"não consegui responder porque quando postei e cliquei em procurar "perfil", de novo não abriu nada e não pude postá-lo. Mas mando-o ao amigo para ver se por aí você consegue publicá-lo.
Há espaço sim, talvez tenha ocorrido uma falha de momento. Quando ao apelo que fiz em favor de minha vida, pode ser divulgado por e-mail, facebook, megafone...enfim, por qualquer meio que o faça chegar às mãos de algum médico, mesmo que em outros países, e que não me dê a sentença de morte que recebi em Manaus de minha médica infectologista: "se conseguirem retirar a cápsula que se forma no interior de seu cérebro e que lhe protege à vida, o senhor poderá ficar curado. Mas como está em uma área sensível de seu corpo, é melhor não mexer e continuar tomando os remédios...". Terrível isso, não? Eu mesmo tentei postar essa minha resposta ao casal 20, mas não consegui...Um abraço fraterno!

Muito obrigado Carlos. É você aí tentando curar seus problemas de saúde aí e eu aqui lutando para continuar vivo.

Um abraço,

Carlos Costa
http://carloscostajornalismo.blogspot.com/