quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

“Vou me embora” para Falciano Del Màssico! - Autor: Carlos Costa

Mudarei definitivamente para a cidade italiana de Falciano Del Màssico. Lá é proibido morrer e, talvez, alcance a cura que tanto procuro, mesmo que também seja determinada por decreto assinado pelo prefeito Giulio Cesare Fava. Mas, mesmo assim, ainda precisarei contar com a ajuda de Deus para a cura seja definitiva!
Lá, serei amigo do prefeito, que assinou a portaria número 9, proibindo que seus moradores morram. Estou na fila, então! Serei mais um. O prefeito deve ser amigo de Deus, a quem é dado o poder divino da morte ou da cura! Pelo menos imagino que o seja! Isso facilitaria as coisas porque a fé nunca me faltou, em nenhum nos piores movimentos de minha vida!
Como no poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, no livro”Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, publicado na página pág. 90, em Falciano Del Mássico não serei amigo do rei; mas do prefeito, porque ele deve ser amigo de Deus mais do que outros e só ele, por decreto também, poderá curar-me de duas bactérias hospitalares que contrai em centro cirúrgico, em 2006 quando fui operado no cérebro pela primeira vez.
Em Falciano Del Màssico talvez eu não possa ter a mulher que quero, na cama que escolher, mas, pelo menos, serei amigo do prefeito Giulio Cesare Fava.

“Vou me embora pra” Falciano Del Màssico porque “aqui eu não sou feliz – mas lá a “existência” também poderá ser uma “aventura/de tal modo inconseqüente”, mas como ficarei ao lado e serei amigo do prefeito Giulio Cesare Fava, nada temerei porque já me foi garantida a vida eterna, sem saber se eu a desejo ou não, mas me incluirei entre eles, por via das dúvidas. Também não “farei ginástica/andarei de bicicleta/montarei em burro brabo/subirei no pau-de-sebo/tomarei banho de mar”, porque deve existir mar em Falciano Del Mássico! “E quando estiver cansado/Deito na beira do rio/Mando chamar a mãe-d'água/Pra me contar as histórias/Que no tempo de eu menino/Rosa vinha me contar”. Nem minha esposa Yara, a mãe d’água também não me contou.

Vou-me embora pra Falciano Del Màssico! E irei depressa!

Seria hilário se não fosse trágico!

A cidade de Falciano Del Màssico, em 5 de março de 1964, se separou da cidade de Carinola e perdeu seu velho cemitério para o município vizinho e o conflito entre as duas cidades perdura até hoje. Com o decreto proibindo a morte de seus moradores. O prefeito, ao menos, conseguiu atrair a atenção da mídia internacional.

Embora pareça uma imitação ao contrário da novela “O Bem Amado” de Dias Gomes, exibida pela Rede Globo, com a genial interpretação do ator Paulo Gracindo no papel do prefeito de Sucupira, onde não morria ninguém e ele não tinha como inaugurar o cemitério da cidade, em Falciano Del Màssico, ninguém pode morrer, mas por decreto do prefeito Giulio Cesare Fava.

Autor: Carlos Costa - Manaus/AM

Publicação autorizada através de e-mail de 16/03/2012

Um comentário:

Jorge Tufic - Fortaleza/CE disse...

Cantas, e eu ouço. Falas, e eu canto.
Há uma história de castigo para aqueles que
não podem, nem devem, morrer. Inventou-se,
então, que nada no mundo é mais sublime do
que a morte. E uma outra história ficou em seu lugar.
Deus, então, abriu uma porta entre o sono e
a vigília, pela qual apresenta suas mágicas...
Abraços do jt